Revista Arqueiro 39

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Car@ leitor@
Com imenso prazer, apresentamos mais
uma edição da Revista Arqueiro.
Como de praxe, a Revista traz uma
entrevista e cinco artigos!

A entrevista intitulada Artefatos his-
tórico-culturais de surdos, com Nancy Rour-
ke, artista plástica surda estadunidense inte-
grante do movimento de arte surda De’VIA,

é apresentada em português e inglês por

Danielle Reis Araújo, Danielle Cristina Men-
des Pereira Ramos e João Paulo da Silva

Nascimento. N a matéria, são exploradas as
trajetórias pessoal, acadêmica e profissional

de Nancy Rourke, repletas de ricas informa-
ções sobre uma artista surda e mulher que

se preocupou com sua comunidade, além
de denotar claramente sua preocupação
por direitos sociais das comunidades surdas

e por distinguir arte surda de arte de
De’Via. Em sua fala, a artista convida

jovens surdos a defenderem suas ex-
periências e políticas para surdos e a

produzirem artefatos artísticos quan-
do sentirem necessidade para isso.

No artigo Letramento e alfabeti-
zação de alunos com surdocegueira:

desafios e possibilidades, o autor José

Carlos faz uma reflexão sobre expe-
riências em atividades de letramen-
to/alfabetização desenvolvidas com

criança surdocega do primeiro ano do

Ensino Fundamental, em que se des-
taca a habilidade de leitura de textos

literários para explorar os sentidos:
paladar, olfato e tato. Abordou-se,

também, a parte motora para possibi-
litar o desenvolvimento de atividades

escritas, num trabalho interdisciplinar.

Por meio de um levantamento his-
tórico sobre a educação de pessoas

surdocegas no Brasil e no exterior e

de uma síntese sobre a criança sur-
docega, o autor mostra a importância

da alfabetização e do letramento para

crianças surdocegas e relata uma ex-
periencia mediada por vários atores

que contribuíram para o sucesso da
experiencia: a família, intérpretes e

guias-intérpretes e instituições pro-
motoras de acessibilidade.

O artigo intitulado Aquisição e ensi-
no PBL2 de surdos: um estudo de caso

sobre sobre a hipótese do choque cons-
trucional na Interlíngua a escrita de sinais

nos cursos de letras Libras é resultado de

uma pesquisa exploratória, com o obje-
tivo de apresentar um panorama sobre a

oferta da disciplina de Escrita de Sinais em
cursos de Licenciatura em Letras Libras

oferecidos por instituições públicas e pri-
vadas das cinco regiões brasileiras. Iden-
tificaram o quantitativo de 54 cursos de

Letras-Libras no Brasil e aspectos como
o período de oferta de disciplinas e suas

ementas. Os autores fazem um impor-
tante levantamento histórico da escrita

de sinais a partir de vários estudiosos da
área e apresentam como resultado que a

oferta das disciplinas e carga horária de-
dicadas ao ensino da escrita é pequena,

se comparada proporcionalmente à car-
ga horária total dos cursos de graduação,

com pequeno enfoque para a modalida-
de escrita da língua.

Os autores surdos Lúcio Lugão e

Wagner Cabral apresentam o artigo in-
titulado Prosódia e sigmanulogia na

perspectiva dos estudos terminológicos

da Língua de Sinais Brasileira, no qual fa-
zem uma reflexão sobre os estudos de

Stokoe (1960) e Costa (2012) e mostram
a percepção de participantes surdos de
uma pesquisa com relação à criação de
novos sinais e sua preocupação com
regras e estruturação linguística nesse

processo de criação. Por meio de ques-
tionário semi-aberto, com apresentação

de resultados em gráficos, observaram a
importância de estudos sobre criação de
dicionários e glossários, os quais devem
proliferar, entretanto, chamam atenção
do leitor para o cuidado com a criação
indiscriminada de termos e sinais, sem
estudos sobre os aspectos linguísticos
da Libras. O artigo é um convite a pensar

nas atuais políticas linguísticas em defe-
sa da língua de sinais e do protagonismo

de professores pesquisadores surdos so-
bre a temática da Linguística.

No artigo Práticas didáticas com alu-
nos na Sala de Recursos Multifuncional,

a autora Daniela da Silva apresenta práti-
cas realizadas em um contexto de Aten-
dimento Educacional Especializado com

alunos surdos de um contexto escolar in-
clusivo. Por meio de uma pesquisa-ação,

o trabalho mostra a produção de um
Guia de Apoio e Orientação ao professor
na Sala de Recursos Multifuncional, em

que propõe quatro categorias de atua-
ção: Práticas didáticas no AEE em Libras,

para o seu desenvolvimento; Práticas di-
dáticas no AEE em Libras, para aprendi-
zagem do Português escrito; Práticas di-
dáticas no AEE em Libras, para aquisição

dos conteúdos escolares; Os recursos e

as estratégias usadas no AEE. A autora

traz à tona a questão de políticas públi-
cas promovidas por secretarias de edu-
cação numa perspectiva bilíngue – Libras

e Português escrito; na construção e ela-
boração de recursos didáticos utilizados

com alunos surdos em classe regular.

Os autores Jéssica Terra e Tiago Ri-
beiro apresentam no artigo Português

escrito como L2 através da rede social

Twitter possibilidades de ensino de habi-
lidades de leitura e escrita com base em

redes sociais, sobretudo o Twitter, des-
tacando que importância da comunica-
ção no processo de interatividade, uma

vez que sujeitos surdos, assim como su-
jeitos não surdos, conversam, convivem

com outros pares, criam redes familiares,
sociais, profissionais, acadêmicas com
aqueles que usam a mesma língua. A
partir de perguntas instigantes como: O
que é o Twitter?; Por que utilizar o Twitter
como proposta educacional?; As redes

sociais digitais são um dos meios de co-
municação mais utilizados hoje em dia,

e por que não empregá-las no contexto
do ensino? os autores apresentam ideias

e estratégias lúdicas para abordar con-
teúdos relacionados à leitura e escrita a

aprendizes surdos.

O último artigo desta coleção, pre-
miado no Congresso Internacional do

INES – COINES/2018, intitulado O surdo
na Previdência Social: uma análise da
aposentadoria por idade e por tempo de
contribuição da pessoa com deficiência
na gerência executiva de Mossoró-RN,

traz uma temática muito importante pela
autora Alcimara Maria de Oliveira Maciel,

sobre a seguridade social e aposentado-
ria do sujeito surdo, garantida por lei. A

contribuição deste artigo é muito rele-
vante pois mostra aos surdos os critérios

e formas de requerimento de aposenta-
dorias junto ao INSS. Apresenta um estu-
do de caso realizado no âmbito do INSS

em Mossoró-RN, relativos aos requeri-
mentos de surdos por aposentadoria por

idade e por tempo de contribuição pre-
vista na Lei Complementar no 142/2013.

Sem dúvida, um artigo de alto impacto

em termos de informação e de demons-
tração de garantias e direitos aos sujeitos

surdos, previstos em lei.
Com muito carinho este volume foi
organizado para oferecer ao nosso leitor
formação e informação.
Boas leituras!!!!
Os editores!

Arqueiro / Instituto Nacional de Educação de Surdos. – Vol. 1 (jan/jun 2000) –
Rio de Janero : INES – v. : il. ; 28cm
Vol. 39 (jul-dez, 2019), Semestral – ISSN-1518-2495.
1. Surdos – Educação. I. Instituto Nacional de Educação de Surdos
(Brasil).

CDD – 371.912