Exportação de fumo e seus derivados
Exportação de fumo em folha
Os dados das exportações nacionais de fumo extraídos do sistema ComexStat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, indicam um crescimento para o período entre 2000 e 2009 das exportações de fumo em folha pré e pós-processamento (i).
O Brasil exportou na primeira metade da década passada (entre 2000 e 2004), em média, 353 mil toneladas ao ano de tabaco pré-processado. A partir de 2007, o país elevou esse volume para mais de 500 mil toneladas, superior ao que vinha sendo observado. Em 2010, houve uma queda na quantidade de tabaco exportada, mas a tendência das exportações do fumo pré e pós-processamento cresceu até 2012.
Após o ano de 2013 percebe-se uma queda discreta no volume de exportações que se confirmou em 2014 (-24%), ficando inferior ao volume exportado anteriormente. A desvalorização da moeda brasileira permitiu uma pequena elevação no volume exportado de 2015, contudo a receita foi inferior. Novamente entre os anos de 2016 e 2018 o volume exportado apresentou pequenas reduções (Gráfico 1).
Segundo o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Sr. Iro Schünke, em 2018 a China, que tem adquirido entre 40 e 45 mil toneladas por ano, retardou parte de suas compras nesse ano e acabaram sendo embarcadas só no início de 2019, assim influindo no volume total ao final do ano (Gazeta do Sul, 2020).
Nos seguintes as exportações continuam em declínio, refletindo tanto a redução do consumo de tabaco no mundo, quanto a inserção dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) no mercado mundial, pois utilizam muito menos folhas de fumo para extração da nicotina, ou até mesmo a substituem pela nicotina sintética (ACTbr, 2022).
Gráfico 1 - Fumo em folha brasileiro exportado entre 2013-2024/Kg

Fonte: Elaborado pela SE-Conicq com base nos dados do ComexStat
(i) O fumo pré-processamento são os volumes de produtos do tabaco não manufaturados, ou seja, antes da etapa de processamento ser realizada, e equivale às categorias de 2401.10.10 a 2401.20.90 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). O fumo pós-processamento refere-se aqueles volumes de produtos do tabaco considerados após a etapa de processamento, equivalente às categorias 24.01.30.00 e toda a seção 24.03 da NMC.
Principais destinos do fumo brasileiro
De acordo com os dados de 2024, extraídos do sistema ComexStat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os 10 principais países importadores eram: Bélgica (24%), China (16%), Estados Unidos (9%), Egito (7%), Indonésia (5%), Emirados Árabes Unidos (4%), Vietnã (4%), Paraguai (3%), Turquia (3%), Coreia do Sul (2%) e Argentina (2%) representados no Gráfico 2. Entre os anos de 2021 e 2024, o total de exportações de fumo em folhas oscilou e reduziu 3%, segundo dados do mesmo sistema. A distribuição do fumo Brasileiro destaca-se para dois maiores destinos: Bélgica e China.
No gráfico 3 verifica-se a queda nas exportações para China em 2018, conforme informação do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) pelo fato de parte de suas compras de 2018, terem sido embarcadas só no início de 2019, assim influindo no volume total ao final do ano2, sendo confirmado pelo volume apresentado em 2019. Contudo, nos anos de 2020 e 2021 a queda persiste.
Gráfico 2 - Destinos do fumo brasileiro/KG - 2024

- Destino fumo brasileiro
Fonte: Elaborado pela SE-Conicq com base nos dados do ComexStat
Exportações de fumo em folha x exportações totais
Segundo dados do ComexStat de 2024, as exportações de tabaco e seus derivados representaram 0,8% das exportações totais nacionais em USD.
A Tabela 1 apresenta a evolução da representatividade do valor exportado do fumo brasileiro em relação ao total de exportações registradas no ComexStat entre os anos de 2016 e 2024.
Tabela 1: Evolução da exportação de fumo na balança comercial brasileira

Fonte: Elaborado pela SE-Conicq com base nos dados do ComexStat
Exportação de cigarros
No período entre 2007 e 2016 a exportação de cigarros, registrada no Scorpios, reduziu em 53%.
Já após 2017, as exportações apresentaram forte elevação, provavelmente devido a alteração na Lei Federal nº 13.670/2018 que alterou o art. 12 do Decreto Lei nº 1.593/77, e retirou a exigência de que as embalagens para exportação sejam maços ou carteiras de vinte unidades. A retirada desta restrição abriu novos mercados para as empresas nacionais em especial aos países vizinhos (Gráfico 4).
A pandemia de Covid-19 também contribuiu para aumento do volume exportado, pois as multinacionais estabelecidas no Brasil tiveram fábricas paralisadas em outros países e se utilizaram das instalações brasileiras para atender a estes mercados.
Gráfico 3 - Exportações de cigarros entre 2012- 2024

Fonte: Elaborado pela SE-Conicq com base nos dados da RFB
Gráfico 4 - Exportações de cigarros - maiores volumes/milheiro

Fonte: Elaborado pela SE-Conicq com base nos dados do ComexStat
Leitura sugerida:
Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco - Status da Política - Alternativas à fumicultura.
Referências:
SECINT. 2021. Ministério da Economia. Exportação e Importação Geral. ComexStat. http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home
Gazeta do Sul. 2020. Cenário é de confiança na economia em 2020. http://www.gaz.com.br/conteudos/regional/2020/01/02/159881-cenario_e_de_confianca_na_economia_em_2020.html.php
ACTbr. 2022. Fatos sobre a nicotina. https://actbr.org.br/uploads/arquivos/ACT-Nicotina-FactSheet---220322.pdf