Apêndice
1. Equipe de pesquisa responsável:
Coordenação
Érika Dias – Professora Doutora pela Universidade Nova de Lisboa, Editora Científica pela Fundação Cesgranrio
Consultores
Hugo Coêlho Vieira – Doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco: Responsável pela região Nordeste e SP-Mendes Gouveia;
Jeferson dos Santos Mendes - Doutor em História e Cultura do Brasil pela Universidade de Lisboa: Responsável pela região Centro-Oeste, Conselho Ultramarino Diversos e os catálogos satélites da Bahia;
Rafael Afonso Gonçalves – Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP: Responsável pela região Sul, Sudeste, Brasil-limites e Rio da Prata;
2. Critérios para a elaboração dos instrumentos
O instrumento foi criado a partir da leitura dos catálogos e dos documentos do Projeto Resgate, referentes aos manuscritos do Brasil, oriundos do fundo Conselho Ultramarino do Arquivo Histórico Ultramarino, disponível na FBN digital.
Primeiramente foi escolhida a temática do instrumento por parte da coordenação do Projeto Resgate. Depois foi estabelecida a divisão do trabalho a partir de critérios geográficos. A partir dessa divisão foram elaborados os critérios para o levantamento dos descritores, dos subdescritores e das palavras-chave que seriam utilizados para a pesquisa e seleção dos verbetes dos catálogos dos documentos do Brasil. A pesquisa dos verbetes acontece nas seguintes séries:
Quadro 1: séries da América Portuguesa

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Fonte: Elaboração própria a partir do fundo Conselho Ultramarino – AHU (2022)
Como referido, a documentação a ser lida pertence ao acervo de imagens e catálogos de manuscritos reunidos pelo Projeto Resgate Barão de Rio Branco e salvaguardados pela Biblioteca Nacional RJ. A documentação diz respeito às séries do fundo Conselho Ultramarino, do Arquivo Histórico Ultramarino em Lisboa, o arquivo com o maior acervo de documentos sobre o Brasil fora do Brasil.
Após a definição das temáticas, foi feita uma reunião com os consultores do edital 4 do Projeto Resgate/Unesco - Hugo Coelho, Rafael Gonçalves e Jeferson Mendes -, a fim de explicar os critérios, que explicitaremos mais abaixo, e posteriormente, uma “Oficina on-line de formação – Projeto Resgate”, organizada através da Biblioteca Nacional, na qual a Profª Juciene R. Apolinário e esta consultora, profª Érika Dias, apresentaram aos consultores do Projeto Resgate um histórico do projeto e as diretrizes dos trabalhos a serem realizados.
2.1 Critérios para organização e divisão das unidades de trabalho entre os consultores
A definição dos critérios se deu a partir da organização e divisão das séries documentais, entendidas como unidades de trabalho. Para essa divisão, a metodologia utilizada obedeceu a duas diretrizes principais: a regional e a da equidade na distribuição dos verbetes. A escolha por uma diretriz regional foi utilizada para conservar, na medida do possível, uma coerência e afinidade entre as séries documentais atribuídas a cada um dos consultores. Desse modo, as séries foram divididas em três unidades de trabalho, cada uma das unidades englobava as regiões do Brasil, nas quais, atualmente, se agrupam suas unidades federativas, que, no período colonial, eram denominadas capitanias. A divisão foi feita da seguinte forma: Região Nordeste para o consultor 1 – Hugo Coelho –; Regiões Norte e Centro-oeste para o consultor 2 – Rafael Gonçalves –; e Regiões Sul e Sudeste para o consultor 3 – Jeferson Mendes.
Embora tal divisão tenha sido útil por dotar as unidades de trabalho de uma primeira camada de organização, ela foi insuficiente para atender tanto a necessidades pragmáticas do trabalho quanto às próprias especificidades históricas da formação das unidades federativas que compõem hoje o Brasil. É o caso da divisão entre os Estados do Pará e do Maranhão. Concebida inicialmente como uma mesma região administrativa, designada como Estado do Maranhão, desde 1621, e posteriormente, a partir de 1654, como Estado do Maranhão e Grão-Pará, ela permaneceu assim até 1772, as capitanias foram separadas. Por esse motivo, grande parte da documentação concernente a essa região possui afinidades históricas, o que levou a atribuir as duas capitanias a um mesmo consultor, embora, hoje, cada uma esteja em uma região geográfica diferente. Assim, embora o Estado do Maranhão seja entendido como uma unidade federativa do Nordeste, a unidade de trabalho correspondente à capitania do Maranhão também foi designada para o consultor que ficou com a região Norte.
Outra diretriz que direcionou a organização das unidades de trabalho e sua distribuição entre os consultores da equipe do edital 4, foi o respeito a uma certa equidade entre o número de documentos a que elas se referem. Isso porque, durante o período colonial, algumas regiões e cidades destacaram-se como polos administrativos, jurídicos e econômicos, concentrando em si uma centralidade, sendo polo de decisões político-administrativas que muitas vezes diziam respeito à outras parcelas do território. Não era incomum no período colonial, a Coroa portuguesa determinar que algumas capitanias, por terem portos relevantes e serem centros políticos, possuíssem relativo domínio sobre outras, consideradas anexas. É o caso da Bahia, que foi a capital e sede da administração colonial até 1763. E também o caso de Pernambuco, que embora não sendo capital do Estado Brasil, sua relevância econômica e política fez com que algumas decisões de natureza fiscal, religiosa, administrativa e política, de capitanias vizinhas, ficasse ao seu encargo.
Pelo papel desempenhado na hierarquia administrativa brasileira e, portanto, pela grande quantidade de documentos ali emitidos, os documentos referentes à capitania da Bahia foram divididos em três diferentes séries, a saber, CU_005 Avulsos, CU_005-01 Bahia-CA, CU_005-02 Bahia-LF. Bem como, o caso do Rio de Janeiro, que também possui duas séries. Esse último por ter sido capital do Estado do Brasil desde 1763, o que aumentou sua influência política e sua relevância econômica.
Como resultado dessa divisão, foram atribuídas nove séries para o consultor 1 e 12 séries, respectivamente, para os consultores 2 e 3. Nos quadros abaixo é possível conferir as séries documentais da unidade de trabalho confiada a cada pesquisador do edital 4 e a quantidade de caixas e de documentos contidos em cada uma delas.
Quadro 2: Unidade de trabalho 1

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Fonte: elaborado a partir do trabalho do consultor 1 Hugo Coelho (2022)
Quadro 3: Unidades de trabalho 2

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Fonte: elaborado a partir do trabalho do consultor 2 Rafael Gonçalves (2022)
Quadro 4: Unidade de trabalho 3

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Fonte: elaborado a partir do trabalho do consultor 3 Jeferson Mendes (2022)
3. Metodologia
Após a identificação e atribuição das unidades de trabalho para cada um dos consultores que formam a equipe dos recortes temáticos, o passo seguinte da metodologia foi iniciar a leitura dos verbetes presentes nos catálogos de cada série documental. Caso o verbete não fosse claro o suficiente, seria necessário ler o documento no acervo da FBN digital - http://resgate.bn.br -, a fim de confirmar se o manuscrito caberia no instrumento de pesquisa.
Tendo em vista a elaboração dos critérios para seleção dos verbetes que vão compor cada um dos instrumentos de pesquisa, o objetivo de uma primeira leitura, depois de feita a separação por unidades geográficas, foi selecionar descritores, subdescritores e palavras-chave alusivos a cada um dos recortes temáticos a saber: hodologia (caminhos terrestres, fluviais e marítimos) e irmandades leigas e ordens religiosas. Essa seleção foi importante para que fossem melhor circunscritos os temas que tinham relação com os recortes temáticos definidos, contribuindo para a confecção de instrumentos de pesquisa mais precisos e uteis para pesquisadores, professores e estudantes.
Dada a dimensão do acervo reunido pelo Projeto Resgate Barão de Rio Branco, tanto pela extensão territorial que abrange, quanto pela extensão temporal, os verbetes que compõem os catálogos contemplam contextos, situações e personagens diversos que se expressam por procedimentos e vocabulários específicos. Portanto, foi necessária criar um conjunto de descritores, palavras-chave que aludiam direta ou indiretamente aos grandes temas do recorte escolhido.
No caso do instrumento de pesquisa sobre hodologia (caminhos terrestres, fluviais e marítimos), os termos selecionados referem-se não apenas ao espaço físico, mas a tudo aquilo que se refere a um espaço vivido. Isso implica, na construção de rotas, estradas, portos, vilas e cidades, na delimitação de fronteiras, na ocupação e exploração de áreas “descobertas”, mas também na relação entre as pessoas e o ambiente que as cercavam. Os descritores, subdescritores e palavras-chave selecionados para a elaboração do instrumento de pesquisa para esse recorte, selecionou manuscritos que tratavam dos caminhos, viagens, rotas, paisagens, trajetos navegáveis ou feitos em carroças, percorridos a pé, terras capitaneadas, terras para povoamento, para vilas, fronteiras, limites, povoamentos, rios navegáveis para comércio, transporte de gente, caminhos para transporte de animais, de mercadorias. Para o segundo instrumento, foram buscados documentos que tratasse da Companhia de Jesus, padres jesuítas, indígenas da América, ordens religiosas, missões jesuíticas, evacuação dos índios, aldeamentos, colégio dos jesuítas, botica, expulsão dos jesuítas, conflitos, índios guaranis, demarcação dos limites, demarcação das fronteiras, formação teológica e descrição da fauna e da flora. Documentos que de uma forma geral circunscrevem a atuação das agremiações religiosas em diferentes esferas: como a missionação, a instrução de colonos e nativos, seu papel na fundação de aldeias e vilas, sua relação com os poderes seculares, na promoção da saúde entre muitos outros. Esses grupos religiosos que possuíam vínculo oficial com a Igreja ou não, como no caso das irmandades leigas, tiveram importância central para o desenvolvimento de organizações da sociedade brasileira de diferentes formas. As especificidades das capitanias também foram levadas em conta. Por exemplo, o caso das irmandades leigas nas Minas Gerais, que durante o século XVIII, auxiliam na configuração tomada por diferentes grupos sociais que rumaram para o interior do Brasil, em virtude da descoberta de metais preciosos.
4. Busca dos descritores, subdescritores e palavras-chave para os instrumentos de pesquisa
Para se compreender melhor a escolha feita, alguns exemplos de descritores e palavras-chave que norteiam o levantamento documental nas séries do Projeto Resgate. Esses buscadores foram escolhidos a partir da leitura dos catálogos e dos documentos que estão disponíveis no site da FBN.
Descritores, subdescritores e palavras-chave do recorte temático: Hodologia

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5. Amostras de verbetes representativos dos manuscritos que tratam dos recortes temáticos selecionados.
A partir dos descritores selecionados, e considerando a metodologia já adotada em outros catálogos do Projeto Resgate, foi elaborado o instrumento de pesquisa sobre Hodologia. Nesse instrumento, testamos a aplicabilidade dos descritores como referência de análise.
A seguir, os leitores podem conferir o resultado do levantamento documental feito pela equipe dos três consultores, conforme o descrito nos quadros 2, 3 e 4, no qual cada unidade geográfica fico sob a responsabilidade de um dos consultores. Seguindo sequência numérica contínua, à esquerda, e divididos entre as séries documentais, os verbetes indicam a data, depois a ementa do documento e por último as cotas, a antiga (se existir) e a atual. A cota em negrito indica a instituição detentora do documento, o fundo e a série, a caixa e o número do documento.
1. Data [ant. 1726, Março, 26, Alagoas]
TIPOLOGIA DOCUMENTAL REQUERIMENTO do (AUTOR) padre Antônio Correia Pais, sacerdote do hábito de São Pedro e morador no termo da vila de Alagoas, ao ouvidor (DESTINATÁRIO) e auditor-geral de Pernambuco e juiz das Justificações Dr. Manuel do Monte Fogaça,
EMENTA/resumo do documento: solicitando traslado de uma petição e certidão nela inclusa onde se mostra a caridade que com sua mãe D. Catarina Araújo usaram com os índios que estão em terras do seu património denominado o sítio de Santo Amaro.
Anexo: Certidão passada pelo capitão Domingos da Costa e oficiais de uma companhia de Infantaria da ordenança do Regimento dos Henriques estantes em Alagoas a certificar estarem com suas famílias a habitar no sítio denominado Santo Amaro património do padre Antônio Correia Pais.
Obs.: docs. de processo, fls. 137 a 141.
COTA ANTIGA: AHU-PERNAMBUCO.
COTA ATUAL: AHU_ACL_CU_004, Cx. 1, D. 34.
Quando a data de produção não é determinada no próprio documento, são incluídas, entre colchetes, balizas temporais através das expressões ant. (anterior), post. (posterior) e ca. (cerca) seguida do ano de referência. Na sequência, em letra maiúscula é descrito o tipo de documento aludido pelo verbete e, então, em letras minúsculas, é apresentado um resumo de seu conteúdo, com identificação, sempre que possível, de seus autores e destinatários. Em seguida, é mencionada, se existente, a presença de anexos, e na linha subsequente, a cota antiga, quando existe. Finalmente, em negrito, é indicada a cota atual do documento, para que o pesquisador saiba onde pode encontrar o manuscrito.
Realçamos que os verbetes das séries documentais descritas no quadro 1 foram colocados juntos em um único documento, seguindo o critério das unidades de trabalho: a primeira parte diz respeito à unidade de trabalho 1, cujas séries estão descritas no quadro 2 (Nordeste e SP-Mendes Gouveia), responsabilidade do consultor Hugo Coelho; a segunda parte diz respeito à unidade de trabalho 2 (região Centro-Oeste, Conselho Ultramarino Diversos e os catálogos satélites da Bahia), responsabilidade do consultor Rafael Gonçalves e por último a unidade de trabalho 3, responsabilidade do consultor Jeferson Mendes (Sul, Sudeste, Brasil-limites e Rio da Prata).