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Coleções da Seção de Manuscritos | Percival Farquhar
A Coleção Percival Farquhar reúne documentos produzidos e acumulados pelo titular, um engenheiro e industrial estadunidense, e pelos executivos de suas empresas, que tiveram uma importante atuação no Brasil durante as primeiras décadas do século XX.
Percival Farquhar (Pensilvânia, 1864 – Nova York, 1953) era filho do industrial, já então milionário, Arthur Briggs Farquhar. Em 1884, formou-se em Engenharia pela Universidade de Yale e trabalhou por algum tempo em seu país antes de expandir os negócios para a América Central. Nos primeiros anos do século XX iniciou suas atividades industriais no Brasil, participando da sociedade que fundou a Companhia de Iluminação Pública Light and Power e a companhia de transportes Tramways.
Em 1906, Farquhar, que já atuava no ramo ferroviário em Cuba e na Guatemala, fundou a Brazil Railway Company, projeto que pretendia integrar a América Latina por meio de caminhos de ferro. Adquiriu o controle de diversas ferrovias brasileiras e atuou na construção de outras, entre as quais a estrada de ferro Madeira-Mamoré, inaugurada em 1912. Além disso, construiu os portos de Belém e do Rio Grande do Sul, os primeiros frigoríficos de São Paulo e do Rio de Janeiro e atuou em inúmeros outros setores da indústria, tais como navegação, siderurgia, mineração, extração de madeira e borracha, pecuária, telefonia e hotelaria.
O acervo acumulado por décadas foi enviado a diferentes instituições pelos detentores e herdeiros. Uma parte se encontra na Universidade de Yale, nos Estados Unidos; outra parte ficou no Brasil, dividida entre o Arquivo Público Mineiro, o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional. Esta possui cerca de 2.000 documentos, que entraram na instituição por meio de duas doações: em 1953, pelo filho do titular, Donald Farquhar (1920-1995), e em 1965 por seu biógrafo Charles Anderson Gauld (1911-1977). Além de vasta documentação administrativa – correspondência, projetos, relatórios e outros itens referentes às várias empresas do titular -, o acervo é valioso pelo testemunho contido no material iconográfico, destacando-se a coleção de fotografias que retratam a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, trabalhadores e indígenas que viviam na região.
Apesar de sua relevância, o Arquivo Percival Farquhar permaneceu indisponível até a década de 1980, quando um inventário preliminar possibilitou a consulta a uma parte do acervo. O trabalho foi retomado em 2013 por demanda de um projeto de pesquisa, interrompido e posteriormente retomado, tendo sido todo o acervo organizado em séries e descrito em bases de dados. Uma parte dele está digitalizada na BN Digital, inclusive o acervo fotográfico referente à construção da Madeira-Mamoré.
Em 2024, a Fundação Biblioteca Nacional publicou o catálogo “Arquivo Percival Farquhar: caminhos de ferro no Brasil republicano”, organizado por Luciane Simões Medeiros, Maria Fernanda Nogueira e Priscila Helena Pereira Duarte, servidoras da Divisão de Manuscritos. Trata-se de um importante instrumento de pesquisa, que está disponível online e pode ser acessado pelo link:
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasgerais/bndigital2879/bndigital2879.pdf
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)