Notícias
Coleções da Seção de Manuscritos | José Bonifácio
Esta coleção tem como titular José Bonifácio de Andrada e Silva, mais conhecido por seu papel na política do Primeiro e do Segundo Reinado no Brasil, mas que também deu grandes contribuições a vários campos da ciência.
José Bonifácio nasceu em 1763 em Santos – SP. Em 1783 foi enviado a Portugal, matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra e estudou também Filosofia, História, Química e Matemática. Em 1789 tornou-se membro da Academia de Ciências portuguesa e escreveu seu primeiro trabalho científico, sobre a indústria baleeira. No ano seguinte, comissionado pela Coroa Portuguesa, iniciou uma viagem pela Europa com o intuito de aprofundar seus conhecimentos em Mineralogia, tendo estudado também Filosofia e História Natural. Escreveu uma memória sobre os diamantes do Brasil, descobriu novos minerais e se tornou membro de academias científicas em diversos países.
Em 1800, José Bonifácio regressou a Portugal, casou-se com Narcisa O´Leary, uma jovem de ascendência irlandesa, e foi nomeado Intendente Geral das Minas e Metais do Reino; isso incluía as minas de todas as colônias portuguesas. Participou do movimento de libertação de Portugal quando da invasão pelas tropas napoleônicas e, em 1819, voltou ao Brasil. Instalado em Santos com a família, passou a trabalhar na inspeção da Casa de Fundição de Sorocaba e a estudar as questões políticas, sociais e econômicas do país, posicionando-se a favor da extinção da escravidão, da divisão dos latifúndios por propriedades menores e da preservação das florestas, entre outras medidas.
A influência política de José Bonifácio começou em 1821, quando presidiu a eleição constituinte na província de São Paulo. Ao assumir a regência, D. Pedro o nomeou para o Ministério, e suas ações a partir dali foram importantes para sustentar o movimento de independência. Ao mesmo tempo, angariou adversários políticos e entrou em desavença com o próprio D. Pedro; isso acabou por levá-lo à prisão e logo depois ao exílio na Europa, juntamente com seus irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco. Estabeleceram-se em Talance, perto de Bordéus, e dali acompanharam os acontecimentos subsequentes à Independência, muitos dos quais mencionam nas cartas enviadas ao jovem político brasileiro Antônio de Menezes Drummond.
Em 1829, José Bonifácio foi autorizado a regressar ao Brasil, onde chegou trazendo o corpo da esposa, Narcisa, que falecera durante a viagem. Aqui se reconciliou com D. Pedro I, que, ao abdicar do trono e voltar a Portugal, o nomeou tutor de seu filho e sucessor designado: Pedro, de cinco anos de idade. Novas desavenças políticas, no entanto, não tardaram a surgir, e Andrada enfrentou acusações que iam desde a conspiração contra o trono até a falta de decoro. Isso o levou a deixar o cargo e se recolher a sua casa na ilha de Paquetá, onde viveu seus últimos anos. Faleceu em 1838, em Niterói, numa situação de relativa pobreza material.
A Coleção José Bonifácio na Biblioteca Nacional foi doada por herdeiros do titular em 1838. Compunha-se de livros, encaminhados às áreas de Obras Gerais e Obras Raras, e documentos manuscritos, que incluem correspondência, memórias sobre mineralogia e outras ciências, escritos políticos e notas diversas. Em 1883, somou-se à coleção a correspondência enviada pelos irmãos Andrada a Antônio de Menezes Drummond, que estava sob a guarda de A. J. de Mello Moraes e foi adquirida por compra a seu filho, o conhecido memorialista Mello Moraes. Por sua importância como testemunho da história brasileira, o conjunto de 69 cartas e bilhetes foi incluído no Registro Memória do Mundo da UNESCO em 2014.
À exceção das Cartas Andradinas, poucos são os documentos digitalizados da Coleção José Bonifácio. Entre eles, destacamos uma carta de sua esposa, Narcisa, na qual lamenta a falta de notícias de sua filha e o fato de estar momentaneamente distante do seu “querido Andrada”.
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1595508/mss1595508.pdf
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)