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Coleções da Seção de Manuscritos | Gonçalves Dias
A coleção tem como titular o conhecido poeta romântico – que foi também dramaturgo, advogado, jornalista e etnólogo - Antônio Gonçalves Dias.
Filho de um comerciante português, descendente de africanos e indígenas pelo lado materno, Gonçalves Dias (Caxias - MA, 1823 – Guimarães, MA, 1864) estudou numa escola particular e cuidou da contabilidade na loja de seu pai antes de partir para Portugal, onde terminou os estudos secundários. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e participou de importantes grupos literários e historiográficos portugueses. Influenciado pela obra do alemão Friedrich Schiller, escreveu duas peças dramáticas (uma dos quais seria reprovada como “imoral” pelo Conservatório Dramático Brasileiro) e alguns poemas, incluindo “Canção do Exílio”, considerado uma das primeiras manifestações do Romantismo brasileiro.
Gonçalves Dias regressou ao Brasil em 1945, começou a lecionar no Colégio Pedro II e a atuar como jornalista. Em 1849, foi um dos fundadores da revista “Guanabara”. Continuou a escrever poemas, alguns dos quais se tornaram famosos, tais como “I-Juca Pirama”, publicado na obra “Últimos Cantos” (1851), e “Os Timbiras”, publicado em 1857 pela editora alemã Brockhaus, ambos com temática ligada aos indígenas. Seu interesse pelos povos originários ia além de recriá-los romanticamente na literatura, pois o poeta e dramaturgo era também etnólogo, com ênfase nos estudos linguísticos; foi inclusive autor de um “Dicionário da Língua Tupi”, publicado pela mesma Brockhaus.
Em 1852, Antônio Gonçalves Dias se casou com Olímpia da Costa, com quem teve uma filha que faleceu antes de completar dois anos. Em 1856, foi nomeado chefe da Seção Etnográfica e Narrativa da Comissão Científica de Exploração, e entre 1859 e 1861 integrou a expedição liderada por Francisco Freire Alemão, que percorreu cinco estados do nordeste do Brasil tomando notas e coletando espécimes botânicos. Um ano depois, com a saúde abalada, desligou-se da Comissão e buscou tratamento em diferentes países da Europa. Em 1864, ao regressar ainda doente ao Brasil, foi a única vítima fatal de um naufrágio, ocorrido próximo à costa do Maranhão.
A Coleção Gonçalves Dias foi reunida por um pesquisador, Manuel Nogueira da Silva, que era também servidor da Biblioteca Nacional. Seus herdeiros venderam à instituição o acervo composto por correspondência, anotações, livros e outros itens referentes ao poeta e etnólogo, além de documentos relativos à Comissão Científica, que acabaram por ser agregados à Coleção Freire Alemão. Os originais podem ser consultados na Divisão de Manuscritos.
Dentre os poucos documentos digitalizados encontram-se as cartas trocadas com o historiador francês Ferdinand Denis (1798-1890), que esteve no Brasil quando jovem e acabou por se tornar um especialista em estudos brasileiros. Nesta carta, Gonçalves Dias informa a Denis sobre seu estado de saúde e trata de uma obra de Alexandre Herculano.
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1233574/mss1233574.pdf
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)