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Coleções da Seção de Manuscritos | Freire Alemão
A Coleção Freire Alemão é uma das mais procuradas por pesquisadores de Botânica e outras ciências naturais, bem como por estudiosos da história das ciências no Brasil.
O acervo é um registro do trabalho do médico e naturalista Francisco Freire Alemão e Cisneiros (Rio de Janeiro, 1797 – 1874). Filho de lavradores, estudou no Seminário Episcopal São José, após o que desistiu da carreira eclesiástica e ingressou na Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro. Diplomou-se em 1827 como cirurgião e viajou para a França, onde, quatro anos depois, doutorou-se pela Universidade de Paris.
De regresso ao Brasil, Freire Alemão assumiu a cadeira de Botânica e Zoologia na Faculdade Médica do Rio de Janeiro. Além das aulas teóricas, proporcionava aos estudantes a oportunidade de fazer pequenas excursões científicas e, assim, ter um contato mais direto com a flora e a fauna em estado natural.
Em 1840, após ter tratado com sucesso uma enfermidade de Pedro II, Freire Alemão se tornou médico da Imperial Corte, e desde então esteve próximo à família imperial. Integrou a comitiva que acompanhou a vinda de Teresa Cristina Maria, noiva do imperador, para o Brasil, e mais tarde daria aulas de Botânica às princesas Isabel e Leopoldina. A pedido do Ministério da Guerra, elaborou, em 1849, um projeto para o manejo sustentado das florestas, e no ano seguinte fundou a Sociedade Vellosiana de Ciências Naturais, que tinha por objetivo reunir naturalistas no Rio de Janeiro e manter comissões permanentes de estudo nos campos da Botânica, da Zoologia, da Mineralogia e das Línguas Indígenas. Foi, ainda, membro de várias sociedades científicas, professor na Faculdade de Medicina e outras instituições e diretor do Museu Imperial e Nacional, cargo que ocupou de 1866 a 1870. Sua contribuição para a ciência foi preciosa; ele nomeou quarenta e cinco espécimes de plantas brasileiras, agregando informações aos estudos de naturalistas como Carl Von Martius e avançando no conhecimento da flora nativa.
Dentre as muitas expedições de que tomou parte, destaca-se a Comissão Científica de Exploração, idealizada pelo IHGB e realizada entre 1859 e 1851, com Manoel Ferreira Lagos como líder e Antônio Gonçalves Dias como responsável pela Seção Etnográfica e Narrativa. Conhecida como “Comissão das Borboletas”, a expedição percorreu cinco estados do Nordeste brasileiro, dos quais Freire Alemão trouxe milhares de amostras de plantas destinadas ao Museu Imperial e Nacional. Além disso, produziu mais de 600 desenhos e aquarelas com estudos botânicos.
Segundo o Guia de Coleções, o acervo chegou à Biblioteca Nacional em diversas etapas, entre 1895 e 1947. Alguns itens foram adquiridos por compra da viúva de Freire Alemão, outros doados por sua sobrinha; outros ainda têm procedência desconhecida. Em 1968, a Divisão de Iconografia transferiu o material sob sua guarda para a Divisão de Manuscritos, onde se encontra hoje a Coleção Freire Alemão. São 798 registros no total, entre desenhos, estudos, notas sobre expedições, correspondência, com destaque para os 17 volumes de “Estudos Botânicos”.
A coleção está microfilmada e, em boa parte, foi digitalizada a partir do microfilme, podendo ser consultada na BN Digital. Este volume dos “Estudos Botânicos” é o único a ter sido digitalizado a partir do original.
Link: https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1403641/mss1403641.pdf
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)