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Coleções da Seção de Manuscritos | Flora Fluminense
A Coleção Flora Fluminense é referente à obra do mesmo nome, coordenada pelo naturalista Frei José Mariano da Conceição Veloso.
José Veloso Xavier nasceu na Vila de São José (atual Tiradentes, MG) em 1742. Era primo de Joaquim José da Silva Xavier, que passou à História com o apelido “Tiradentes”. Em 1755 tornou-se noviço no convento São Boaventura, em Macacu, e em 1762 fez os votos no Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, assumindo o nome de José Mariano da Conceição Veloso. Por conta própria, começou a estudar botânica, e pôs seus conhecimentos em prática ao trabalhar na aldeia indígena de São Miguel. Ali coletava espécimes que eram enviados ao Museu Real da Ajuda, por determinação da Corte portuguesa.
Em 1782, o vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa convidou Frei Veloso para coordenar uma viagem científica pela Serra do Mar, na capitania do Rio de Janeiro. A expedição durou sete anos, e dela resultou, além de uma coleção de espécimes botânicos, a monumental obra intitulada “Flora Fluminensis”, que contou com vários colaboradores. Entre eles, dois religiosos: Frei Francisco Solano, o principal ilustrador, e Frei Anastácio de Santa Inês, responsável pelas descrições científicas.
O trabalho foi concluído em 1790, após o que Frei Veloso rumou para Portugal a fim de publicá-lo. Suas tentativas, porém, não lograram êxito, pois uma obra tão ampla – contava com mais de 1500 esboços – demandaria mão de obra e equipamentos indisponíveis na época. Ainda assim, Frei Veloso se dedicou a projetos editoriais durante sua estada na metrópole, onde publicou um periódico sobre agricultura e a série em dez volumes “O Fazendeiro do Brasil” (1798 – 1806). Além disso, dirigiu a Casa Literária do Arco do Cego, que publicou mais de 80 obras, quase todas voltadas para a agricultura e as ciências aplicadas, e funcionou como oficina de aprendizado de tipografia e técnicas de gravura. As atividades duraram apenas dois anos e se encerraram em 1801, quando a Casa Literária foi fechada e teve seu material incorporado à Imprensa Régia.
Entre 1807 e 1809, em decorrência das invasões napoleônicas, Frei Veloso regressou ao Brasil. Acometido de problemas de saúde, recolheu-se ao Convento de Santo Antônio, onde viria a falecer em 1811. Seus livros e manuscritos foram doados à Biblioteca Real, primeiro nome dado à atual Biblioteca Nacional brasileira. Em 1824, o bibliotecário Frei Antônio d´Arrábida encontrou os originais da “Flora Fluminensis” e sugeriu que fossem publicados, o que, no entanto, ainda demandaria bastante trabalho de revisão, edição e ilustração. Uma parte das descrições em Latim saiu em 1825 pela Tipografia Nacional; as ilustrações, encomendadas na Europa, começaram a chegar em 1827, e o último volume ficou pronto em 1831.
A Coleção Flora Fluminense na Seção de Manuscritos, proveniente da Real Biblioteca, é composta pelos volumes da obra: três de texto e onze de imagens. Outras coleções, tais como a Martins e a Castelo Melhor, possuem documentos de e relativos a Frei Veloso. Todos os volumes da “Flora Fluminense” foram digitalizados e podem ser acessados por meio da Biblioteca Digital. Abaixo, o primeiro deles, com frontispício em que constam o nome de Frei Veloso e do “patrono” da obra, Luís de Vasconcelos e Sousa.
Acesse: https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1095062/mss1095062.pdf
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)