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Coleções da Seção de Manuscritos | Casa Real Portuguesa
Esta é uma coleção factícia, formada na Biblioteca Nacional com documentos de várias proveniências. Foram agrupados por dizer respeito à Mordomia-Mor, responsável pelo governo e superintendência da Casa Real portuguesa.
O cargo de mordomo-mor – uma espécie de administrador com amplos poderes, quase um primeiro-ministro – já existia desde antes do estabelecimento do Reino de Portugal em 1139. O modelo vem dos francos, entre os quais os governantes de fato eram os mordomos, ou prefeitos, dos palácios. Temos um exemplo em Carlos Martel, estadista cujo filho, Pepino, chamado O Breve, foi proclamado rei dos francos em 751, iniciando a Dinastia Carolíngia. No caso de Portugal, a Mordomia-Mor foi estabelecida na época do Condado Portucalense; manteve-se após o surgimento do Reino de Portugal e se estendeu por todo o período em que durou a monarquia.
Nos primeiros séculos, todos os assuntos relacionados ao governo passavam pela Mordomia-Mor, à qual eram subordinados os demais funcionários. Com o tempo, os assuntos particulares da família real foram se distinguindo das questões de Estado, e as funções do mordomo-mor passaram a ser restritas à gestão interna da Casa Real – o que, ainda assim, incluía várias atribuições, desde a nomeação de escrivães e contadores e a gestão das concessões de foros de fidalguia até a contratação de criados e a alimentação dos cavalos do palácio. O modelo foi mantido após a independência do Brasil, criando-se a Mordomia-Mor da Casa Imperial. Dentre os detentores do cargo de mordomo-mor, destacou-se o mineiro Paulo Barbosa da Silva, que serviu a ambos os imperadores brasileiros e teve um papel decisivo na fundação de Petrópolis.
A coleção Casa Real Portuguesa da Seção de Manuscritos foi formada com documentos provenientes das coleções Melo Moraes, Oliveira Barbosa, Carvalho, Castro e Silva e Teresa Cristina Maria. Com 82 registros e datas compreendidas entre 1645 e 1890, reúne documentos administrativos, requerimentos e correspondência diplomática, da qual é exemplo esta cópia de cartas enviadas pelo rei Luís XVIII da França a D. João VI. Pela caligrafia, o manuscrito foi atribuído a Frei Camilo de Monserrate, que esteve à frente da Biblioteca Nacional entre 1853 e 1870.
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1195343/mss1195343.pdf
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)