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Coleções da Divisão de Manuscritos | Nelson Werneck Sodré
Nelson Werneck Sodré (Rio de Janeiro, 27/4/1911 – Itu-SP, 13/1/1999) foi militar, historiador, ensaísta e crítico literário. Ao longo de toda a vida, defendeu a causa da soberania nacional.
Em 1924, após concluir os primeiros estudos, Sodré ingressou no Colégio Militar, no Rio de Janeiro. A instituição mantinha uma revista, “A Aspiração”, na qual o jovem de apenas 13 anos publicou sua primeira crônica, intitulada “Um Dia”. Extremamente metódico, guardou, a partir de ali, todas as suas publicações em periódicos, organizadas em cadernos de recortes.
Nelson Werneck Sodré já tinha sido premiado no concurso literário da revista “O Cruzeiro”, com o conto “Satânia” (1929), quando passou a estudar na Escola Militar, em Realengo. Saiu em 1934, como aspirante a oficial do Exército Brasileiro. No mesmo ano, começou a colaborar no “Correio Paulistano”, e em pouco tempo viria a assumir a coluna de crítica literária. Centenas de obras brasileiras foram resenhadas por ele. Além disso, escrevia incansavelmente sobre vários outros temas: política, imprensa, governo, administração pública. Ao longo de mais de setenta anos, publicaria 2.682 artigos em inúmeros jornais e revistas, bem como cinquenta e dois livros, dentre os quais se destacam “História da Literatura Brasileira” (1938), “Formação da Sociedade Brasileira” (1944) e “História da Imprensa no Brasil (1966), uma das mais importantes obras de referência nessa área. Também publicou vários livros e artigos sobre o marxismo, o materialismo dialético e temas correlatos, alguns dos quais a pedido do PCB, partido do qual se aproximara desde o início dos anos 1940.
Em paralelo a seus estudos e escritos, Nelson Werneck Sodré prosseguiu na carreira militar, chegando ao posto de general de brigada. Lecionou durante algum tempo na escola do Estado Maior, mas foi desligado por divergências políticas, em especial por participar da luta pelo monopólio estatal do petróleo brasileiro e pela neutralidade nas relações com os Estados Unidos. Foi também professor do ISEB - Instituto Superior de Estudos Brasileiros, o qual, até sua extinção no decurso do golpe militar de 1964, oferecia cursos de pós-graduação voltados para o estudo da história, da sociedade e de questões ligadas à economia e ao desenvolvimento do Brasil.
A Coleção Nelson Werneck Sodré chegou à Biblioteca Nacional em dois diferentes momentos. Em 1995, o próprio titular doou a maior parte do acervo, composta por livros, fotografias, correspondência e recortes de periódicos, e em 2011 novos itens foram doados por sua filha, Olga Sodré. Os livros foram encaminhados às Divisões de Obras Gerais e Obras Raras, e uma medalha à de Iconografia, enquanto o restante do acervo ficou sob a guarda da Divisão de Manuscritos.
Parcialmente microfilmada e digitalizada, a coleção é uma das mais organizadas e que tem mais instrumentos de pesquisa. Além de listagens preliminares, conta com um inventário analítico publicado no volume 126 dos Anais da Biblioteca Nacional (2009) e com a obra coordenada pela Prof. Luitgarde Cavalcanti Barros, “Arquivo Nelson Werneck Sodré: catálogo da obra jornalística” (Senado Federal, 2012), que traz resumos de todos os artigos publicados e colecionados pelo intelectual.
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)