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Coleções da Divisão de Manuscritos | Melo Morais
O titular da coleção foi escritor, historiador e político, além de ter sido um dos primeiros médicos a divulgar a homeopatia no Brasil.
Alexandre José de Melo Morais (Maceió, 1816 - Rio de Janeiro, 1882) perdeu os pais na infância e ficou ao cuidado de dois tios, um dos quais era um frade carmelita e o outro um frade franciscano. Desde cedo demonstrou vocação para os estudos, tanto na área das letras quanto na das ciências. Aos dezessete anos, já lecionava em colégios da Bahia, onde se matriculou na Faculdade de Medicina. Formou-se em 1840, mesmo ano em que a homeopatia foi introduzida no Brasil por um discípulo de seu criador, Samuel Hahnemann.
Melo Morais clinicou durante vários anos em Salvador, primeiro como alopata e, mais tarde, seguindo os preceitos de Hahnemann, que continuou a observar ao se transferir para o Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo que exercia sua profissão, ocupava-se em estudar e escrever, especialmente sobre a história do Brasil. Dentre suas muitas obras nessa área destacam-se “Ensaio corográfico do império do Brasil” (1853), “Os portugueses perante o mundo” (1856), “Corografia histórica, cronográfica, genealógica, nobiliária e política do império do Brasil” (1858-1860), “O Brasil histórico, História do Brasil-Reino e do Brasil-Império” (1871-1873) e “O tombo das terras dos jesuítas’ (1880).
Além da história pátria e de biografias, como as de Diogo Antônio Feijó (1861) e Freire Alemão (1974), Melo Morais publicou livros sobre literatura, gramática, filosofia, religião e, é claro, medicina e homeopatia, com destaque para “Dicionário de medicina e terapêutica homeopática” (1872). Foi redator, juntamente com João Vicente Martins, do jornal “O Médico do Povo”, que circulou entre 1850 e 1853, e escreveu para outros periódicos. No campo político, representou Alagoas entre 1869 a 1872 e colaborou na fundação da primeira biblioteca pública da província, inaugurada em 1859.
Melo Morais – que teve descendentes ilustres, como o filho do mesmo nome, também médico e historiador, e o poeta e compositor Vinícius de Moraes – tinha por hábito colecionar documentos preciosos, a maior parte dos quais referentes à história do Brasil. Sua coleção entrou na Biblioteca Nacional por uma doação do titular em 1872, acrescida de várias compras em 1878 e 1883. Entre os itens mais significativos estão as “Cartas Andradinas”, que foram transferidas para a Coleção José Bonifácio, documentos sobre a Confederação do Equador e obras do cronista Luís dos Santos Vilhena. Além da Divisão de Manuscritos, as de Obras Raras e Cartografia abrigam itens da coleção, dos quais apenas uns poucos estão digitalizados.
Veja na BN Digital a “Descrição e plano do arrebalde do Rio de Janeiro”, que acompanha a “Descrição do plano urbanístico para o centro da cidade do Rio de Janeiro” pelo engenheiro José Correia Rangel de Bulhões (1796).
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)