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Coleções da Divisão de Manuscritos | Ludwig Riedel
O titular desta coleção foi um botânico alemão, que participou de expedições no Brasil e ocupou importantes cargos em instituições científicas no Rio de Janeiro.
Ludwig Riedel nasceu em 1790, em Berlim, que então pertencia ao estado alemão da Prússia. Serviu ao exército prussiano entre 1813 e 1815, após o que começou a trabalhar como horticultor e coletor de plantas, no sul da França. Em 1821 veio ao Brasil pela primeira vez, trabalhou por algum tempo na Bahia e em seguida se juntou à expedição científica chefiada pelo Barão Georg Von Langsdorff, financiada pelo governo russo.
Tudo correu bem na primeira etapa da viagem, mas na segunda, que se estendeu de 1826 a 1829, houve muitos contratempos. Langsdorff adoeceu, com graves sequelas que incluíram a perda de memória, e não pôde liderar a expedição até o fim. Coube a Ludwig Riedel viajar à Rússia, entregar o relatório e a segunda parte das plantas coletadas ao Jardim Botânico de São Petersburgo. Foram cerca de 8.000 espécies, 80.000 exemplares vegetais, 1.000 plantas vivas, além de frutos, sementes e madeira.
Em 1831, Riedel regressou ao Brasil e ao trabalho de coleta de plantas. Entre 1833 e 1835, trabalhou com o dinamarquês Peter Wilhelm Lund, que na época se dedicava à botânica e que, mais tarde, se distinguiria por suas descobertas arqueológicas e paleontológicas na região de Lagoa Santa – MG. Quanto a Riedel, desligou-se de seu contrato com o governo russo e aceitou uma posição permanente no Museu Nacional, onde viria a dirigir o Departamento de Botânica e o Horto a ele vinculado. Mais tarde, foi nomeado Diretor do Jardim Botânico do Passeio Público, e em 1848 tornou-se o primeiro Diretor de Jardins, cargo que ocupou até sua morte, no Rio de Janeiro, em 1861.
Ludwig Riedel, que no fim da vida era mais conhecido como Luiz – versão em português de seu primeiro nome -, se casou com uma brasileira, Guilhermina Hahn, e os filhos de ambos nasceram no Brasil. Colaborou com um dos primeiros tratados agrícolas impressos no Brasil, o “Manual do Agricultor Brasileiro”, de Carlos Augusto Taunay (1839), cujo irmão, o artista Aimé-Adrien Taunay, tinha sido seu companheiro na expedição Langsdorff. Ao longo da vida, descreveu centenas de plantas, e o gênero botânico “riedelia” e algumas de suas espécies foram nomeados em sua homenagem.
A Coleção Ludwig Riedel tem 56 registros e foi doada à Biblioteca Nacional em duas etapas. A primeira, em 1878, quando o filho do titular doou quatro códices autógrafos e manuscritos avulsos sobre botânica, com destaque para “Diário de viagem e relação de plantas” e “Relação de árvores e plantas do Brasil”. A segunda doação foi feita em 1887 por Ramiz Galvão e inclui correspondência, diplomas, documentos pessoais de Riedel, relatórios e cópias de decretos.
Veja, na BN Digital, o único documento da Coleção que está digitalizado: o “Diário de viagem e relação de plantas”, escrito em francês e datado de 1820-1823.
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1608819/mss1608819.pdf
Ana Lúcia Merege
(Seção de Manuscritos)