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Coleções da Divisão de Manuscritos | Jaguaribe
O titular desta coleção foi médico, político, defendeu a causa abolicionista e publicou trabalhos sobre a geografia e a história do Brasil.
Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho (Aracati, CE, 1848 – Santos, SP, 1926) era filho do visconde de Jaguaribe, que fez carreira no Direito e na política, e de sua esposa Clodes Alexandrina de Alencar, parente de José Martiniano de Alencar e de seu filho, o escritor José de Alencar. Domingos Jaguaribe Filho se formou em 1874 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Casou-se com Marcolina Ferraz de Campos, filha do Barão de Porto Feliz, um dos primeiros a trazer colonos suíços para trabalhar no Brasil (na região de Limeira, SP). O próprio Jaguaribe continuou a trazer imigrantes para suas terras em São Paulo, e em 1878 publicou “Reflexões sobre a colonização”. Outras obras relevantes foram seu discurso sobre o elemento servil (1882), “Organização do trabalho: questões sociais” (1884) e “O Município e a República” (1897).
Jaguaribe foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, contribuiu para a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e do Gabinete de Leitura de Rio Claro. Exerceu, simultaneamente, os cargos de deputado geral (antiga denominação do federal) por seu estado natal, o Ceará, e deputado provincial por São Paulo. Em 1891 fixou residência em Campos de Jordão e ali introduziu várias melhorias. Em reconhecimento, os moradores solicitaram que a vila de São Mateus do Imbiri, um dos primeiros núcleos da povoação, passasse a se chamar Vila Jaguaribe em sua homenagem.
Ao longo de sua carreira política, Domingos Jaguaribe sempre defendeu a abolição da escravatura. Em seu acervo, que ele próprio doou à Biblioteca Nacional em 1914, há discursos, artigos e cartas de vários remetentes tratando de ações abolicionistas. A coleção contém ainda documentos sobre doação de terrenos, textos sobre política e correspondência com Raul Pompeia, Joaquim Nabuco, Sílvio Romero e Capistrano de Abreu, entre outros. Com pouco mais de 900 registros, está disponível para consulta local na Divisão de Manuscritos.
Dentre os poucos documentos digitalizados destacam-se as cartas enviadas a Jaguaribe por André Rebouças. Numa delas, o engenheiro comunica a criação de um fundo destinado à propaganda abolicionista e solicita uma contribuição. Informa ainda que Joaquim Nabuco lhe enviou de Londres a biografia do abolicionista norte-americano Frederick Douglass (1818 – 1895), que seria traduzida e vendida numa edição popular, como parte do esforço de espalhar as ideias pró-abolição em todo o Brasil.
https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1681401/mss1681401.pdf
Ana Lúcia Merege
(Divisão de Manuscritos)