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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Projeto Brasil-Alemanha capacita mulheres quilombolas e catadoras para a transição ecológica na Amazônia
O projeto tem sido desenvolvido nos territórios do Marajó e na Região Metropolitana de Belém, no Pará - Foto: Ministério das Mulheres
Mulheres são centrais para a transição ecológica e justa na Amazônia. Essa é a tônica do projeto de Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, que tem mulheres quilombolas e catadoras de materiais recicláveis da região como foco. O objetivo é fortalecer as capacidades desse grupo para a participação social, política e econômica nas agendas sobre clima e meio ambiente na região, reduzindo a situação de vulnerabilidade à violência e às múltiplas formas de discriminação.
O projeto tem sido desenvolvido nos territórios do Marajó e na Região Metropolitana de Belém, no Pará. Nomeado "Mulheres como Agentes-Chave para uma Transformação Ecológica e Socialmente Justa na Amazônia", a iniciativa é do Governo do Brasil, por meio do Ministério das Mulheres e da Agência Alemã de Cooperação (GIZ), com recursos do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.
INÍCIO PRODUTIVO — Neste mês de outubro, o projeto realizou oficinas de planejamento com mulheres quilombolas de diferentes comunidades localizadas na Ilha do Marajó, que integram a Malungu (Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará), e de autocuidado com 35 mulheres catadoras de diferentes cooperativas da Região Metropolitana de Belém. O tema de enfrentamento à violência e trabalho de cuidado guiou as atividades.
Nery Araújo, coordenadora de atendimento do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher, participou das atividades e avaliou o momento como produtivo para os objetivos do projeto. “Muito proveitoso, estivemos desenvolvendo metodologias para avançar nas questões e na identificação dos pontos importantes para essas mulheres”, disse Nery, que atua na Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência do Ministério das Mulheres (Senev/MMulheres).
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA — Ana Taila, que é quilombola da comunidade Balieiro, no município de Bagre, na Ilha do Marajó, contou que a expectativa é que o projeto consiga levar até as mulheres políticas que normalmente não chegam a seus territórios. “Muitas vezes as nossas mulheres são esquecidas, as políticas não chegam até nós. Temos uma grande esperança de que ele venha nos trazer muitas oportunidades e nos fortalecer para buscar o nosso espaço e para conseguir esse espaço dentro da sociedade”, contou.
Claudinete de Assunção, da comunidade quilombola de Rosário, no município de Salvaterra, na Ilha do Marajó, vê no projeto a possibilidade de levar mais segurança para mulheres no território. “Envolver, capacitar e ter uma participação política ainda maior, fortalecer as nossas mulheres, as nossas comunidades e, acima de tudo, a nossa Vila do Marajó”, acrescentou Claudinete.
Até 2027, foram mapeadas uma série de oportunidades de atuação em âmbito local, nacional e internacional, como na COP30 (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que acontece em Belém do Pará, em novembro de 2025, para garantir às catadoras e quilombolas espaços para a participação política, oportunidades de conquistar autonomia econômica e ações de prevenção à violência.