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Controle do câncer
Mortalidade por câncer deve aumentar 98,5% até 2050
O número de casos de câncer e a mortalidade pela doença na América Latina e no Caribe devem aumentar, respectivamente, 83% e 98,5% até 2050, segundo projeção da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde. A informação foi trazida pela diretora da agência, a brasileira Elizabete Weiderpass, durante o primeiro dia do seminário internacional Controle do Câncer no Século XXI: Desafios Globais
e Soluções Locais, promovido pelo Centro de Estudos Estratégicos (CEE) da Fiocruz, em parceria com o INCA, em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Câncer.
Globalmente, o aumento do número de casos de câncer será de 77%, passando de 20 milhões (2022) para 35,3 milhões (2050). De acordo com Weiderpass, países de baixa e médias rendas serão os mais afetados. “Esses países são os que estão mais despreparados para enfrentar o tsunami de casos que vai, com certeza, acontecer nessas regiões”, disse.
Em relação à mortalidade, os números são ainda mais impressionantes. Falando mundialmente, o aumento previsto é de 85% até 2050, comparado a 2022, passando de 10 milhões de mortes anuais por câncer para 18,5 milhões. E, novamente, países de baixa e média rendas serão os mais atingidos. “O acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado e acessível de forma equânime será um dos grandes desafios nas próximas décadas”, salientou.
Se as tendências atuais persistirem, o número de casos e mortes por câncer de mama devem aumentar 40% até 2050, com países de baixo Índice de Desenvolvimento Humano sofrendo mais. Um dos aspectos trazidos pela diretora da Iarc foi a necessidade de tratamento ambulatorial do câncer de mama, pois, segundo ela, os sistemas de saúde não têm como tratar todos os casos em ambiente hospitalar.
No entanto, a pesquisadora destacou o potencial e o impacto da prevenção, que podem fazer toda a diferença nessas previsões. Ela abordou, por exemplo, a proporção de casos de câncer atribuíveis a determinados fatores de risco, como o consumo de bebidas alcoólicas: foram 740 mil novos casos no mundo em 2020 diretamente associados à ingestão de álcool. “Seria muito importante a conscientização da comunidade científica, da comunidade médica e da população em geral sobre a participação do álcool, mesmo em quantidades modestas, como causa de câncer”, alertou.
O seminário foi realizado no Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28 de novembro. A íntegra das apresentações pode ser conferida nos links: dia 27 e dia 28.