Versão para profissionais de saúde
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Prevenção e fatores de risco
As lesões consideradas pré-malignas ao desenvolvimento do carcinoma escamoso do pênis são categorizadas como relacionadas com o papilomavírus humano (HPV) ou com processos inflamatórios crônicos.
Exposição a poeira de madeira é considerado fator de risco para este tipo de câncer.
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Detecção precoce
As estratégias para a detecção precoce do câncer são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de pré-cancer e câncer e, a partir daí encaminhamento dos pacientes com resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento) (WHO, 2007)
Rastreamento
O rastreamento do câncer é uma estratégia dirigida a um grupo populacional específico no qual o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade e da incidência, nos casos de existência de lesões precursoras. . Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. Os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos, que geram ansiedade e excesso de exames; os resultados falso-negativos, que resultam em falsa tranquilidade para o paciente; o sobrediagnóstico e o sobretratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente (diagnosticados e tratados sem que representem uma ameaça à vida) (BRASIL, 2010; INCA, 2021).
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer do corpo do útero traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado (NCCN, 2023 NCI, 2023).
Diagnóstico Precoce
A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer (WHO, 2017). Nessa estratégia, destaca-se a importância de ter a população e os profissionais aptos para o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de câncer, bem como o acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.
O diagnóstico precoce do câncer de pênis deve ser buscado por meio da investigação dos seguintes sinais e sintomas mais comuns (NICE, 2015; NCI, 2023):
- Tumor ou úlcera no pênis na ausência de doença sexualmente transmissível ou persistente após seu tratamento.
- Espessamento ou mudança na cor da pele do pênis ou prepúcio.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento. Cadernos de Atenção Primária, n. 29 Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.pdf
NATIONAL CANCER INSTITUTE (NCI). Penile Cancer Treatment – Health Professional Version. Updated: June 2, 2023. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/penile/hp. Acesso em: 07 Jul 2023.
NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE. NICE Guideline Suspected cancer: recognition and referral. Published: 23 June 2015. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ng12/resources/suspected-cancer-recognition-and-referral-pdf-1837268071621. Acesso em: 07 Jul 2023.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Early detection. Geneva: WHO, 2007. (Cancer control: knowledge into action: WHO guide for effective programmes, module 3). Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43743/9241547338_eng.pd.... Acesso em: 15 jun. 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guide to cancer early diagnosis. World Health Organization, 2017. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/254500.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Detecção precoce do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2021. Disponível em: https://antigo.inca.gov.br/publicacoes/livros/deteccao-precoce-do-cancer. Acesso em: 07 jul. 2023.
NATIONAL COMPREHENSIVE CANCER NETWORK (NCCN). Practice Guidelines in Oncology: Penile Cancer. Version 1.2023. Accessed at https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/penile.pdf. Acesso em: 07 jul. 2023.
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Sinais e sintomas
A manifestação clínica mais comum do câncer de pênis é uma ferida ou úlcera persistente, ou também uma tumoração localizada na glande, prepúcio ou corpo do pênis. A presença de um desses sinais, associados a uma secreção branca (esmegma), pode ser um indicativo de
câncer no pênis.Algumas dessas lesões podem estar escondidas debaixo do prepúcio, quando o paciente não consegue expor a glande devido a fimose. E outra situação que deve levar à suspeição de câncer é a presença de ferida inicialmente diagnosticada como infecção sexualmente transmissível porém sem melhora após o tratamento.
Além da tumoração no pênis, a presença de linfonodomegalias inguinais, pode ser sinal de progressão da doença (metástase).
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Diagnóstico
O diagnóstico é feito, basicamente, pela biópsia incisional de qualquer lesão peniana suspeita para se diferenciar as lesões malignas (bem como seus subtipos) das lesões pré-cancerosas e das benignas.
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Tratamento
O tratamento consiste basicamente na exérese da lesão primária peniana (penectomia parcial ou total) associada à linfadenectomia inguinal bilateral com intenção curativa. A cura é possível até mesmo nos casos de metástase inguinal. Não existem protocolos claramente benéficos de radioterapia e quimioterapia, mas podem ser utilizados em casos de recidiva ou para paliação em casos considerados não cirúrgicos.
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Classificação e estadiamento
Classificação Clínica:
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T – Tumor Primário
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TX – tumor primário não pode ser avaliado
T0 – sem evidência de tumor primário
Tis - Carcinoma in situ (Neoplasia Intraepitelial Peniana – PeIN)
Ta - Carcinoma verrucoso não invasivo*
T1 - Tumor invade tecido conjuntivo subepitelial
T1a - Tumor invade tecido conjuntivo subepitelial sem invasão linfovascular ou invasão
perineural e não é pouco diferenciado
T1b - Tumor invade tecido conjuntivo subepitelial com invasão linfovascular ou invasão
perineural ou é pouco diferenciado
T2 - Tumor invade o corpo esponjoso com ou sem invasão da uretra
T3 - Tumor invade corpo cavernoso com ou sem invasão da uretra
T4 - Tumor invade outras estruturas adjacentes
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N - Linfonodos Regionais
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cNx - Os gânglios linfáticos regionais não podem ser avaliados
cN0 - Sem linfonodos inguinais palpáveis ou visivelmente aumentados
cN1 - Linfonodo inguinal unilateral móvel palpável
cN2 - Linfonodos inguinais múltiplos ou bilaterais móveis palpáveis
cN3 - Massa nodal inguinal fixa ou linfadenopatia pélvica, unilateral ou bilateral
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M - Metástase à Distância
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cM0 - Sem metástase distante
cM1 - Metástase à distância
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Classificação Patológica
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As categorias pT correspondem às categorias T clínicas.
As categorias pN são baseadas em biópsia ou excisão cirúrgica
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pN - Linfonodos Regionais
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pNx - Os gânglios linfáticos regionais não podem ser avaliados
pN0 - Sem metástase linfonodal regional
pN1 - Metástase em um ou dois linfonodos inguinais
pN2 - Metástase em mais de dois linfonodos inguinais unilaterais ou linfonodos inguinais
bilateraispN3 - Metástase em linfonodo(s) pélvico(s), extensão unilateral ou bilateral ou extranodal de
metástase em linfonodo regional
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pM - Metástase à Distância
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pM1 - Metástase à distância confirmada microscopicamente
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G - Graduação Histopatológica
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GX - O grau de diferenciação não pode ser avaliado
G1 - Bem diferenciada
G2 - Moderadamente diferenciado
G3 - Pouco diferenciado
G4 – indiferenciado
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*inclui carcinoma verrucoso
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Fonte: UICC/AJCC 8ª edição TNM classificação clínica e patológica do câncer de pênisGrupos de estágio/prognóstico UICC TNM:
Estágio
T
N
M
0
I
IIA
IIB
IIIA
IIIB
IV
Tis
Ta
T1a
T1b
T2
T3
T1-3
T1-3
T4
Qualquer T
Qualquer T
N0
N0
N0
N0
N0
N0
N1
N2
Qualquer N
N3
Qualquer N
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M1
Fonte: UICC/AJCC 8ª edição TNM classificação clínica e patológica do câncer de pênis
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Acompanhamento após tratamento
O acompanhamento irá depender a modalidade de tratamento primário. Entretanto, de uma maneira geral pacientes com lesões submetidas a tratamento local com linfonodos negativos deverão ser submetidos a exame físico do Pênis e das regiões inguinais, pensando em uma possível recidiva local / regional. Este exame físico deverá acontecer a cada 3 meses nos primeiros 2 anos. Após este período semestralmente até completar 5 anos. Nestes casos, exames de imagem adicionais não tem benefício comprovado. A biópsia deve ser realizada para avaliar estado livre de doença naqueles submetidos a tratamento com laser ou quimioterapia tópica.
Aqueles pacientes com lesões penianas e linfonodos inguinais metastáticos que foram submetidos a linfadenectomia com intenção curativa deverão ser acompanhados com tomografia computadorizada ou Ressonância Nuclear Magnética de tórax, abdome e pelve a cada 3 meses por dois anos. Após este período, estes exames de imagem devem ser realizados a cada 6 meses por mais 3 anos, completando assim um total de 5 anos de acompanhamento após o tratamento inicial.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento. Cadernos de Atenção Primária, n. 29 Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.pdf
NATIONAL HEALTH SERVICE. Penile Cancer Treatment –Health Professional Version. Disponível em:https://www.cancer.gov/types/penile/hp/penile-treatment-pdq. Acesso em: 02 junho 2023.
NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE. NICE Guideline Suspected cancer: recognition and referral. Published: 23 June 2015. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ng12/resources/suspected-cancer-recognition-and-referral-pdf-1837268071621. Acesso em: 17 Ago 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Early detection. Geneva: WHO, 2007. (Cancer control: knowledge into action: WHO guide for effective programmes, module 3). Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43743/9241547338_eng.pd.... Acesso em: 15 jun. 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guide to cancer early diagnosis. World Health Organization, 2017. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/254500
EAU-ASCO Collaborative Guidelines on Penile Cancer 2023. Disponível em: https://uroweb.org/guidelines/penile-cancer/chapter/introduction
ATLAS ON-LINE DE MORATLIDADE. Última ano disponível para consulta foi 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo01/consultar.xhtml;jsessionid=514B7EF26E292B5D3C6564EFE605DA66#panelResultado
SAÚDE AMPLIA VACINAÇÃO CONTRA MENINGITE E HPV; ENTENDA O QUE MUDA. Publicado no site do geverno federal em 13 setembro 2022. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2022/09/saude-amplia-vacinacao-contra-meningite-e-hpv-entenda-o-que-muda
PENILE CANCER. A BRAZILIAN CONSENSUS STATEMENT FOR LOW- AND MIDDLE-INCOME COUNTRIES. Publicado em 26 Outubro 2020. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00432-020-03417-1
MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM. Disponível em: https://svs.aids.gov.br/daent/cgiae/sim/
MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/
Brierley, J., et al., TNM Classification of Malignant Tumours, 8th Edn. 2016.
https://www.uicc.org/resources/tnm-classification-malignant-tumours-8th-editionAmin, MB, e outros. Manual de Estadiamento do Câncer da Oitava Edição do AJCC: Continuando a construir uma ponte de uma abordagem baseada na população para uma abordagem mais “personalizada” para o estadiamento do câncer. CA Cancer J Clin, 2017. 67: 93.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28094848/
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Prevenção e fatores de risco