Versão para profissionais de saúde
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Prevenção e Fatores de Risco
O excesso de gordura corporal (sobrepeso e a obesidade) têm sido associados ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, dentre eles o de endométrio. O excesso de gordura corporal promove aumento nos níveis de estrogênio biodisponíveis que, quando não contrabalançados pela progesterona, aumentam a atividade mitótica do tecido endometrial e, portanto, promovem a carcinogênese. Além disso, níveis elevados de insulina associados ao excesso de gordura corporal aumentam o crescimento do tumor endometrial, seja diretamente pela ligação à insulina ou aos receptores do IGF-I, ou indiretamente, pela inibição da síntese da globulina de ligação a hormônios sexuais, aumentando assim a biodisponibilidade do estrogênio. Outra alteração importante promovida pelo excesso de gordura é o estado crônico de inflamação ao qual o organismo é submetido. Tal condição também tem sido especificamente ligada ao desenvolvimento do câncer endometrial.
Consumo frequente de alimentos com alta carga glicêmica aumenta as chances de desenvolver câncer de endométrio. Os principais mecanismos que podem explicar essa associação estão relacionados aos níveis elevados de glicose e insulina pós-prandial promovidos pelo consumo desses alimentos, e que promovem o desenvolvimento de resistência à insulina, diabetes e obesidade. Todas essas alterações são fatores que estão associados ao desenvolvimento de câncer endometrial.
Por outro lado, a atividade física reduz as chances de desenvolver câncer de endométrio. Ser fisicamente ativo ajuda a manter o peso corporal adequado, com consequente redução dos níveis de estrogênio circulante, melhora da resistência à insulina e redução da inflamação. Todas essas alterações são associadas ao desenvolvimento do câncer de endométrio.
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Detecção precoce
As estratégias para a detecção precoce do câncer são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de pré-cancer e câncer e, a partir daí encaminhamento dos pacientes com resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento) (WHO, 2007).
Rastreamento
O rastreamento do câncer é uma estratégia dirigida a um grupo populacional específico no qual o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade e da incidência, nos casos de existência de lesões precursoras. . Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. Os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos, que geram ansiedade e excesso de exames; os resultados falso-negativos, que resultam em falsa tranquilidade para o paciente; o sobrediagnóstico e o sobretratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente (diagnosticados e tratados sem que representem uma ameaça à vida) (BRASIL, 2010, INCA, 2021).
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer do corpo do útero traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado (NCI, 2021).
Diagnóstico Precoce
A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer (WHO, 2017). Nessa estratégia, destaca-se a importância de ter a população e os profissionais aptos para o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de câncer, bem como o acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.
O diagnóstico precoce do câncer do corpo do útero deve ser buscado com a investigação dos seguintes sinais e sintomas mais comuns (NICE, 2015; NCI, 2021):
- Sangramento vaginal em mulheres que já entraram na menopausa
- Dor pélvica
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento. Cadernos de Atenção Primária, n. 29. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.pdf
NATIONAL HEALTH SERVICE (NCI). Uterine Cancer—Health Professional Version. Last updated: 29 june 2021 Disponível em: https://www.cancer.gov/types/uterine/hp. Acesso em: 17 Jul 2023.
NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE. NICE Guideline Suspected cancer: recognition and referral. Published: 23 June 2015. Last updated: 15 December 2021 Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ng12. Acesso em: 17 Jul 2023.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Early detection. Geneva: WHO, 2007. (Cancer control: knowledge into action: WHO guide for effective programmes, module 3). Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43743/9241547338_eng.pd.... Acesso em: 17 Jul. 2023.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guide to cancer early diagnosis. World Health Organization, 2017. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/254500. Acesso em: 17 Jul. 2023.
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Sinais e sintomas
O sinal mais comum de câncer de endométrio é o sangramento vaginal anormal (fora do período menstrual)
- Sangramento entre os ciclos menstruais
- Sangramento vaginal mais intenso que o habitual
- Sangramento vaginal pós menopausa
Outros sintomas também podem aparecer: secreção vaginal anormal, dor no hipogástrio, aumento do volume abdominal ou perda de peso. Esses sintomas costumam estar presentes quando a doença já está um pouco mais avançada.
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Diagnóstico
Os seguintes exames e procedimentos auxiliam no diagnóstico:
- História clínica da paciente e exame físico
- Ultrassonografia transvaginal
- Histeroscopia (visualização do interior do útero por meio de uma câmera introduzida pela vagina)
- Biópsia do endométrio (o médico retira uma pequena amostra da camada interna do útero e envia para análise microscópica). Essa biópsia pode ser realizada por curetagem uterina ou através da videohisteroscopia.
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Classificação e estadiamento
O mais comum (80%) inclui a histologia endometrióide e geralmente se origina de uma hiperplasia endometrial com atipia. Apresenta características menos agressivas e comumente expressam receptores de estrógeno e progesterona. Outros tipos incluem variantes histológicas de alto grau e mais agressivas, como seroso e células claras.
O estadiamento do câncer de endométrio é cirúrgico e, portanto, baseado nos achados anatomopatológicos da cirurgia. O sistema usado atualmente para estadiamento desse tipo de câncer é o da FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia).
Estágio I: o câncer está no corpo do útero e pode estar presente nas células glandulares do colo do útero, mas não no tecido conectivo (de sustentação) do colo do útero.
Estágio IA: o câncer está no endométrio e pode estar em menos da metade da camada muscular do útero, o miométrio (T1a).
Estágio IB: o câncer avançou do endométrio para o miométrio e está em mais da metade da camada muscular, mas continua restrito ao corpo do útero.
Estágio II: o câncer está crescendo em direção ao tecido conectivo de sustentação do colo do útero, chamado de estroma cervical. O câncer não se disseminou para fora do útero.
Estágio IIIA: o câncer atingiu a superfície externa do útero, chamada de serosa, e/ou as trompas de Falópio ou os ovários.
Estágio IIIB: o câncer atingiu a vagina ou os tecidos ao redor do útero, o paramétrio.
Estágio IIIC1: o câncer se desenvolve no corpo do útero, pode ter atingido alguns tecidos próximos, mas não atingiu o interior do reto ou da bexiga. O câncer atingiu
os gânglios linfáticos da pelve .Estágio IIIC2: o câncer se desenvolve no corpo do útero, pode ter atingido alguns tecidos próximos, mas não atingiu o interior do reto ou da bexiga. O câncer atingiu os gânglios linfáticos ao redor da aorta.
Estágio IVA: o câncer atingiu o revestimento interno (mucosa) do reto ou da bexiga. Ele pode ou não ter atingido os gânglios linfáticos próximos, mas não atingiu órgãos distantes.
Estágio IVB: o câncer atingiu os gânglios linfáticos da virilha, o trato digestivo alto, o omento (camadas do peritônio que ligam os órgãos abdominais) ou órgãos distantes do útero, como fígado, pulmões ou ossos.
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Tratamento
Diferentes tipos de tratamento estão disponíveis para pacientes com câncer de endométrio:
- Cirurgia (remove o câncer por uma operação) - A maioria das mulheres é diagnosticada em estágio inicial e submetida ao tratamento cirúrgico. asa cirurgia consiste na retirada de todo o útero, incluindo o colo de útero (Histerectomia Total), trompas e ovários (Salpingooforectomia Bilateral). Com frequência, é recomendada também a avaliação dos gânglios (“inguas” ou “linfonodos”) próximos ao útero, por serem um dos principais focos de metástase. Para saber se estão comprometidos pelo câncer podemos optar por duas técnicas cirúrgicas: pesquisa de linfonodo sentinela ou linfadenectomia sistemática.
- O tratamento cirúrgico pode ser feito por cirurgia aberta (onde realizamos a abertura do abdome com cortes longitudinais ou transversais), cirurgia minimamente invasiva - por videolaparoscopia ou robótica (onde realizamos pequenos cortes no abdômen da paciente e introduzimos pinças para procedermos o tratamento cirúrgico) e cirurgia por via vaginal (onde todo o tratamento é realizado por via vaginal).
Após a cirurgia o material é enviado para análise (biópsia), exame realizado por um médico patologista e através de algumas características do tumor, identificarmos as mulheres que têm chance maior do tumor voltar e, para que isso não aconteça, podemos indicar outros tratamentos após a cirurgia, como:
- Braquiterapia - Radioterapia interna (radiação é aplicada diretamente dentro da vagina).
- Radioterapia – Radioterapia externa (radiação é aplicada fora do corpo)
- Quimioterapia – tratamento que utiliza drogas para impedir o crescimento e matar as células cancerosas.
- Hormonioterapia - Algumas pacientes com tumores de endométrio apresentam doença de indolente, com crescimento lento e uma das possibilidades terapêuticas é hormonioterapia, que visa bloquear a ação dos hormônios presentes no nosso corpo nas células tumorais, funcionando como medicações anti-estrogênio e/ou anti pprogesterona.
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Acompanhamento pós tratamento
O acompanhamento após o término do tratamento é fundamental e a frequência de consultas depende principalmente do estágio, tipo e grau do câncer. As consultas médicas para anamnese e exame físico são recomendadas a cada 3 a 6 meses durante os primeiros 2 a 3 anos e, a seguir, a cada 6 ou 12 meses.
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Estudos clínicos abertos
Confira os estudos clínicos abertos para inclusão de pacientes no INCA.
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