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ARTIGO
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Card com mosaico de fotos de mulheres negras do IBC sob fundo bege. Letras pretas e brancas: Instituto Benjamin Constant, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana, 25 de julho
O dia 25 de julho é, mais do que uma data comemorativa, um marco de resistência, memória e afirmação. Celebramos hoje o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, instituído em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana. No Brasil, a data homenageia também Tereza de Benguela, mulher negra e líder quilombola que, no século XVIII, comandou por décadas o Quilombo do Quariterê, enfrentando o sistema escravocrata com estratégia, sabedoria e coragem. A escolha dessa data carrega, portanto, o compromisso com a luta histórica das mulheres negras contra as múltiplas formas de opressão e silenciamento.
No Brasil, essas mulheres continuam enfrentando os impactos de um racismo estrutural profundamente enraizado. São elas que ocupam, em grande maioria, os trabalhos mais precarizados, recebem os menores salários, têm menor acesso à saúde e à educação de qualidade, além de estarem entre as principais vítimas da violência doméstica, da negligência institucional e da invisibilidade social. Quando a essa realidade somamos a condição de deficiência, percebemos o quanto se intensificam as barreiras de acesso, de pertencimento e de dignidade. É nesse cenário de múltiplas exclusões que a resistência das mulheres negras se torna ainda mais potente — e absolutamente essencial.
No Instituto Benjamin Constant, essas mulheres caminham, resistem e transformam. Presentes em diversos setores da instituição — da limpeza à alta gestão, da docência à pesquisa, da técnica à reabilitação —, elas sustentam, com seu trabalho cotidiano e sua trajetória de vida, os pilares da inclusão, da educação e da acessibilidade. São mulheres que constroem, em silêncio ou em voz alta, uma história marcada por superação e coragem. Não são poucas as servidoras e alunas negras que, mesmo diante de um contexto adverso, seguem rompendo ciclos de exclusão, formando outras pessoas, contribuindo para o saber, provocando mudanças estruturais. A luta antirracista e anticapacitista dentro da instituição passa, necessariamente, pelo reconhecimento e valorização dessas presenças.
Celebrar o 25 de julho no IBC é reconhecer que essas mulheres não apenas fazem parte da história institucional — elas a transformam. Elas ressignificam o conceito de protagonismo ao atuarem onde muitas vezes não foram convidadas a estar. Elas desafiam estruturas históricas de desigualdade que tentaram relegá-las à margem, e hoje ocupam com legitimidade os espaços que sempre foram seus por direito. São alicerces de um Instituto que busca ser, cada vez mais, plural e inclusivo.
É preciso destacar que essa luta não se limita à conquista de espaços físicos ou cargos. Trata-se de uma luta por existência plena, por dignidade, por respeito às identidades e trajetórias negras e femininas. Uma luta que exige o enfrentamento do racismo institucional, o combate ao machismo, à misoginia, ao capacitismo e às múltiplas violências cotidianas que se travestem de “normalidade” nas relações interpessoais e nos espaços de trabalho.
Neste 25 de julho, reafirmamos o compromisso do Instituto Benjamin Constant com a construção de um ambiente institucional antirracista, acessível e equitativo. Que a data nos convide à escuta atenta, à reflexão crítica e à ação transformadora. Que possamos valorizar, com políticas concretas e com reconhecimento efetivo, a força das mulheres negras que fazem parte da nossa história e do nosso presente. Que o IBC continue sendo lugar de formação, de luta e de resistência — mas, sobretudo, de justiça. Porque enquanto houver mulheres negras resistindo, haverá esperança. E enquanto houver instituições comprometidas com a equidade, haverá futuro.
Comissão de Promoção da Igualdade Racial, Gênero e Diversidade do IBC