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CONSTERNAÇÃO
Comissão de Diversidade do IBC lança carta aberta
Card. Fundo azul. Em letras brancas "Instituto Benjamin Constant, Comissão de Diversidade do IBC lança carta aberta".
Nós, mulheres trabalhadoras do Instituto Benjamin Constant, vimos por meio desta carta aberta demonstrar nossa imensa consternação e indignação diante do assassinato das servidoras Allane Pedrotti e Layse Costa, na unidade do Cefet/ Rio de Janeiro.Tais disparos foram então efetuados por João Antônio Mirallha, também servidor da instituição que, segundo informações, não admitia receber ordens de mulheres em posições de cargos superiores.
O episódio abre margem para um debate de extrema relevância: a naturalização de práticas misóginas e machistas nas instituições públicas. Mesmo o ambiente educacional público sendo considerado geralmente de viés progressista, é recorrente identificarmos posturas como: pactos de masculinidade, silenciamento na voz das mulheres em espaços de decisão, apagamento de seus êxitos pedagógicos e acadêmicos e, até mesmo, anuência com relação a uma certa agressividade de colegas de gênero masculino com mulheres.
Tal situação não é somente inerente a instituições como Cefet/ Rio de Janeiro ou Instituto Benjamin Constant, mas decorrente de uma estrutura patriarcal que alicerça a sociedade capitalista e machista.
Somamos quase 80% do serviço público educacional, mas ainda assim somos descredibilizadas seja em ações cotidianas das nossas funções laborais ou até mesmo em fóruns de participação democrática. Algumas mulheres para serem ouvidas nestes espaços muitas vezes acabam performando masculinidade ao falar de maneira incisiva, “batendo na mesa” e até mesmo gritando, exigindo que seu direito à fala não seja cerceado.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil possui a quinta maior taxa de feminicídio no mundo. Já o Mapa Nacional da Violência de Gênero aponta que no ano de 2025 foram 718 feminicídios e 33.999 estupros registrados de janeiro a julho, este último número atingindo uma média de 187 estupros por dia.
Neste sentido, é importante sinalizar o papel pedagógico do Instituto Benjamin Constant enquanto espaço de diversidade e inclusão no combate a práticas de misoginias e machismo nas estruturas que constituem as instituições públicas federais atualmente.
Por isso, consideramos de suma relevância abordar pedagogicamente em sala de aula temáticas relativas à fixação de esteriótipos através dos papéis de gênero, desigualdades de condições entre homens e mulheres na sociedade, bem como o respeito e apreço à comunidade LGBTQIA+. Este movimento de conscientização também deve atingir a comunidade escolar e a instituição como um todo, mediante a promoção de campanhas, palestras e micro espaços de formação que propaguem o debate da igualdade de gênero.
A inspiração vem do lema “Nenhuma a menos”, assertiva que mobilizou os movimentos de mulheres da América Latina a organizarem marchas na luta contra a violência de gênero e o feminicídio e a exigir que nenhuma mulher fosse mais vítima deste tipo de violência no seu cotidiano.
Por fim, sinalizamos também a urgência da oferta de políticas de apoio psicosocial e de atendimentos voltados para a saúde mental dos demais servidores públicos, uma vez que o adoecimento psíquico vem se tornado “lugar comum” nos ambientes de trabalho da esfera pública.
POR ALLANE PEDROTTI!
POR LAYSE COSTA!
PELA VIDA DAS MULHERES!
Comissão de Diversidade do IBC