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Ministério da Saúde publica o primeiro PCDT dos Acidentes Escorpiônicos
O Ministério da Saúde publicou, na última terça-feira (05), o primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) dos Acidentes Escorpiônicos, documento que orienta condutas clínicas para o tratamento de pacientes no SUS. A elaboração do protocolo foi uma demanda da Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial (CGVZ/DEDT) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente (SVSA), com o objetivo de uniformizar a abordagem clínica e terapêutica de um problema de saúde que afeta milhares de brasileiros todos os anos.
De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), entre 2001 e 2022, foram registrados mais de 1,7 milhão de casos de escorpionismo no Brasil. A maioria dos acidentes ocorre dentro das residências e atinge, sobretudo, crianças de até 10 anos de idade, que têm maior risco de letalidade.
A proposta do novo protocolo foi avaliada e teve recomendação favorável pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e agora passa a orientar o cuidado em todo o sistema de saúde, com recomendações baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis.
Atendimento clínico e classificação da gravidade
O escorpionismo é caracterizado pela picada do escorpião, com ou sem inoculação de veneno (a chamada “picada seca”) e pode causar desde dor local até manifestações sistêmicas graves, como edema pulmonar, arritmias e choque. A classificação clínica considera três níveis de gravidade: leve, moderado e grave. Essa categorização orienta a conduta terapêutica dos profissionais de saúde, inclusive o uso do soro antiescorpiônico.
A abordagem recomendada no documento inclui o tratamento sintomático e, quando necessário, a administração do soro, que deve ser feita o mais precocemente possível. Mesmo em locais onde não há estrutura de terapia intensiva, o início da soroterapia não deve ser postergado. Essas orientações, que vão desde o primeiro atendimento até os critérios para uso do soro, são essenciais para salvar vidas e reduzir sequelas.
O protocolo também reforça a importância do diagnóstico diferencial com outras condições, como o araneísmo (acidentes com aranhas), e orienta sobre o tempo adequado de observação clínica conforme a gravidade do caso.
Prevenção e informação
Além das orientações clínicas, o protocolo reforça a importância da prevenção. Manter a casa limpa, vedar frestas, inspecionar roupas e calçados e utilizar equipamentos de proteção em atividades de risco são medidas fundamentais para evitar acidentes.
O documento também alerta para manifestações neurológicas específicas em acidentes na região amazônica, causados pela espécie Tityus obscurus, que exigem atenção especial.
Ministério da Saúde