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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 13/08/2025 ANO 08 Nº 81
- Foto: Alan Pimentel
presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de julho, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre agosto, setembro e outubro (ASO) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de julho de 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 18 alertas, sendo 5 de origem hidrológica e 13 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
Situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), referente ao dia 12 de agosto, conforme ilustrado na Figura 1a. Observa-se que, na maior parte da região Norte, os rios estão com níveis acima ou próximos da média climatológica, exceto para a porção sul do estado do Acre e estado do Tocantins. Além disso, na porção oeste da região Centro-Oeste, na porção leste da região Nordeste, na porção sudeste da região Sudeste e em grande parte da região Sul, os níveis dos rios também se encontram acima da média ou próximo dela. Por outro lado, muitos rios localizados na porção oeste da região Nordeste, grande parte da região Sudeste, assim como na porção leste da região Centro-Oeste e porção sudeste da região Sul, estão com níveis abaixo da média climatológica.
A previsão sazonal para os próximos 45 dias - AS do modelo Sistema Global de Alerta para Inundações (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período na porção noroeste da região Norte, entre os rios Japurá e Solimões e porção sul do Amapá, probabilidade de vazões próximas da média para o período na porção norte da região Norte, porção leste da região Nordeste e porção nordeste da região Sudeste e porção sul da região Sul do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O número de municípios em situação de seca severa aumentou de 101 em Junho para 149 em Julho, persistindo a condição no corredor das regiões Sudeste, parte do Centro-Oeste e Norte desde o mês de Maio, como aponta o Índice Integrado de Seca (IIS3). A condição de seca moderada a extrema saltou de 1018 municípios para 1480, principalmente nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Rondonia e Tocantins.
O padrão de seca no corredor Sudeste-Norte ainda aparece nas projeções do Índice Integrado de Seca (IIS-3) para o mês de Agosto de 2025, indicando a persistência da condição presente desde de maio também para o próximo mês. Entretanto, há a previsão de uma redução na intensidade da seca para os Estados do Maranhão, Ceará e Acre.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal responsável pelo abastecimento de água à Região Metropolitana de São Paulo, continua classificado em condição de seca hidrológica moderada, apresentando estabilidade em relação ao mês anterior. Ainda na região Sudeste, as bacias das UHEs Furnas e Três Marias encerraram o mês de julho com seca severa e extrema, respectivamente, indicando um agravamento nas condições em ambas as áreas, que registravam seca moderada em junho. No Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as bacias que alimentam as UHEs Irapé e Itapebi (rio Jequitinhonha) apresentaram seca variando entre severa e excepcional, respectivamente, condição pior em comparação com o mês anterior (seca fraca).
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as condições hidrológicas nas sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do rio Paraná, localizadas entre as regiões Sudeste e Sul do país, foram bastante diversificadas em julho, com variações que incluíram agravamento, desintensificação e estabilidade da seca em comparação ao mês anterior. No rio Iguaçu, as sub-bacias que abastecem as UHEs Salto Santiago e Salto Caxias, anteriormente em condição de seca fraca, retornaram à normalidade. Por outro lado, a sub-bacia de Segredo permanece classificada na categoria de seca fraca. A sub-bacia de Marimbondo (rio Grande) também se manteve estável em seca de intensidade severa. Adicionalmente, no rio Paranapanema foi registrado estabilidade nas sub-bacias afluentes às UHEs Jurumirim, Capivara e Rosana, as quais permanecem com seca variando entre moderada e severa.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, e à UHE Passo Real, no rio Jacuí, estão em condição parcial de normalidade em julho, indicando manutenção das condições hidrológicas em relação ao mês anterior.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins), que voltou a apresentar seca hidrológica em abril após um breve período de normalidade, registrou seca extrema em julho, configurando um agravamento em relação ao mês anterior, quando a condição era de seca moderada. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações fluviométricas de Porto Murtinho e Ladário, situadas às margens do rio Paraguai, apresentam condições de seca que variam entre extrema e excepcional.
A região Norte do país registrou uma recuperação significativa nas condições hidrológicas da bacia, impulsionada pela ocorrência de chuvas volumosas ocorridas nos últimos meses. Essas chuvas resultaram em um aumento substancial nos níveis dos principais rios da região, contribuindo para a atenuação da seca hidrológica nas bacias monitoradas. Na bacia do rio Madeira, por exemplo, a sub-bacia afluente à UHE Santo Antônio retornou à condição de normalidade em maio, após mais de três anos consecutivos sob influência de seca sistemática, condição que se manteve em julho. Adicionalmente, na sub-bacia afluente à UHE Belo Monte, no rio Xingu, também foi registrada condição de normalidade, mantendo-se estável em comparação ao mês anterior.
Na região Nordeste, as bacias afluentes às UHEs Sobradinho (rio São Francisco) e Boa Esperança (rio Parnaíba) mantiveram estabilidade no quadro de seca em relação ao mês anterior, apresentando intensidades severa e moderada, respectivamente.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de agosto de 2025 (Figura 3), apesar desse mês marcar, historicamente, o pico do período seco na maior parte do Brasil, com vazões em recessão, está prevista uma possível desintensificação da seca hidrológica em algumas regiões, ainda que de forma bastante heterogênea. Essa mudança está associada à previsão de chuvas acima ou próximas da média climatológica em certas áreas. Espera-se que essas chuvas, mesmo de curta duração e baixos volumes, promovam uma resposta hidrológica positiva, especialmente em bacias menores, que apresentam tempo de resposta mais rápido e maior sensibilidade à precipitação. Embora não represente o fim da estiagem, o cenário aponta para uma atenuação da seca, principalmente onde as chuvas previstas podem interromper ou suavizar a queda das vazões durante o período seco. As regiões para as quais está prevista a atenuação da seca incluem as sub-bacias que compreendem as cabeceira dos rios Tocantins (Serra da Mesa) e São Francisco (Três Marias), além de trechos dos rios: Doce (Porto Estrela, Baguari e Mascarenhas); São Mateus (Boca da Vala); Paraná (principalmente cabeceira como Paranaíba e Grande, além do Paranapanema e Itaipu); Paraíba do Sul (Santa Cecília e Ilha dos Pombos); Jequitinhonha (Irapé e Itapebi); Paraguai (Ladário); e Araguaia (Conceição do Araguaia). O agravamento das condições hidrológicas está previsto apenas para as sub-bacias de Salto Santiago e Salto Caxias, que compõem o rio Iguaçu. Para as demais regiões monitoradas, as previsões apontam para a manutenção das atuais condições hidrológicas.

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de julho (observado, esquerda) e agosto de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e junho/2025: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista para maio: Climate Forecast System (CFS).
- Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.

