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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 10/09/2025 ANO 08 Nº 82
- Foto: Alan Pimentel
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de agosto, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre setembro, outubro e novembro (SON) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de agosto de 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 104 alertas, sendo 43 de origem hidrológica e 61 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
Situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), referente ao dia 08 de setembro, conforme ilustrado na Figura 1a. Observa-se que, na porção central da região Norte, os rios estão com níveis acima ou próximos da média climatológica. Além disso, na porção oeste da região Centro-Oeste, na porção leste da região Nordeste, na porção sudeste da região Sudeste e em grande parte da região Sul, os níveis dos rios também se encontram acima da média ou próximo dela. Por outro lado, muitos rios localizados nas porções oeste e sudeste da região Norte, na porção oeste da região Nordeste, grande parte da região Sudeste, principalmente na porção oeste, assim como na porção leste da região Centro-Oeste, estão com níveis abaixo da média climatológica.
A previsão sazonal para os próximos 45 dias - AS do modelo Sistema Global de Alerta para Inundações (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período na porção noroeste da região Norte, entre os rios Juruá, Solimões e Negro e porção sudoeste do Amapá, probabilidade de vazões próximas da média para o período na porção leste das regiões Nordeste e Sudeste e grande parte da região Sul do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O número de municípios em situação de seca severa diminuiu de 148 em Julho para 109 em Agosto, apenas um município de Nova Guarita-MT permaneceu em condição de seca extrema, sem registro de seca excepcional, como aponta o Índice Integrado de Seca (IIS3). enquanto a seca moderada passou de 1331 para 1327 municípios e a seca fraca reduziu de 2350 para 2010.
A região central do país continua concentrando as áreas mais críticas, com a seca persistindo no corredor que abrange partes do Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso), Nordeste (Bahia e Piauí) e Norte (Tocantins e Pará).
As projeções do Índice Integrado de Seca (IIS-3) para o final de setembro de 2025 indicam uma redução no número de municípios com seca moderada a extrema, sinalizando uma tendência de atenuação da situação de seca em todo o país.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal responsável pelo abastecimento de água à Região Metropolitana de São Paulo, está classificado em condição de seca hidrológica severa, apresentando agravamento em relação ao mês anterior (moderada). Ainda na região Sudeste, as bacias das UHEs Furnas e Três Marias encerraram o mês de agosto com seca moderada e severa, respectivamente, indicando um agravamento nas condições em Furnas e atenuação em Três Marias. No Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as bacias que alimentam as UHEs Irapé e Itapebi (rio Jequitinhonha) apresentaram seca variando entre moderada e extrema, respectivamente, condição pior em comparação com o mês anterior (seca severa e excepcional).
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as condições hidrológicas nas sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do rio Paraná, localizadas entre as regiões Sudeste e Sul do país, foram bastante diversificadas em agosto, com variações que incluíram agravamento, desintensificação e estabilidade da seca em comparação ao mês anterior. No rio Iguaçu, a sub-bacia afluente à UHE Salto Santiago, antes em condição de normalidade, voltou a apresentar seca com intensidade fraca. Em contrapartida, as sub-bacias de Salto Caxias e Segredo seguem classificadas em condição de normalidade e seca fraca, respectivamente.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, e à UHE Passo Real, no rio Jacuí, estão em condição parcial de normalidade em agosto, indicando manutenção das condições hidrológicas em relação ao mês anterior.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins), que voltou a apresentar seca hidrológica em abril após um breve período de normalidade, registrou seca extrema em agosto, configurando estabilidade em relação ao mês anterior. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações fluviométricas de Porto Murtinho e Ladário, localizadas no rio Paraguai, encontram-se em condição de seca extrema.
A região Norte do país registrou uma recuperação significativa nas condições hidrológicas da bacia, impulsionada pela ocorrência de chuvas volumosas ocorridas nos últimos meses. Essas chuvas resultaram em um aumento substancial nos níveis dos principais rios da região, contribuindo para a atenuação da seca hidrológica nas bacias monitoradas. Na bacia do rio Madeira, por exemplo, a sub-bacia afluente à UHE Santo Antônio retornou à condição de normalidade em maio, após mais de três anos consecutivos sob influência de seca sistemática, condição que se manteve em agosto. Adicionalmente, na sub-bacia afluente à UHE Belo Monte, no rio Xingu, também foi registrada condição de normalidade, mantendo-se estável em comparação ao mês anterior.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco) manteve estabilidade no quadro de seca em relação ao mês anterior, apresentando intensidade severa. Já em Boa Esperança (rio Parnaíba), que apresentava seca moderada, foi registrado agravamento para severa.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de setembro de 2025 (Figura 3), as condições hidrológicas nas bacias monitoradas no país devem variar entre estabilidade e ligeira melhora, impulsionadas por chuvas com volumes entre a média e acima da média histórica. Embora os efeitos dessas precipitações ainda não se reflitam plenamente nas vazões dos rios, já indicam o início da reativação do sistema hidrológico após longo período de escassez, com recomposição da umidade do solo que favorecerá futuros aumentos efetivos nas vazões. Em bacias menores ou mais responsivas, esse efeito pode já estar em curso, favorecido por volumes de chuva em torno da média registrados nos últimos meses. As regiões que apresentam potencial de melhora incluem as bacias dos rios São Francisco (Três Marias e Sobradinho), Doce (Baguari, Porto Estrela e Mascarenhas), Tocantins-Araguaia (Conceição do Araguaia e Descarreto), Parnaíba (Boa Esperança), Jequitinhonha (Irapé e Itapebi) e Paraná (Nova Ponte, Emborcação, Itumbiara e Salto Santiago). Por outro lado, bacias com condições mais críticas de seca — como as do rio Paraná (Itaipu e sub-bacia do Paranapanema), rio Paraguai (Ladário e Porto Murtinho), Paraíba do Sul, cabeceira do Tocantins (Serra da Mesa) e Sistema Cantareira — tendem a permanecer estáveis. Nestas regiões, embora não se espere melhora significativa, as chuvas previstas devem ser suficientes para evitar o agravamento da seca, mantendo a estabilidade do sistema hidrológico, além de favorecer a reversão do déficit acumulado e, gradualmente, contribuir para o aumento da vazão dos rios e a recuperação dos reservatórios.
- Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
Realize o download do Boletim de Impactos.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.


