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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 10/07/2025 ANO 08 Nº 80
- Foto: Alan Pimentel
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de junho, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre julho, agosto e setembro (JAS) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de junho de 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 139 alertas, sendo 77 de origem hidrológica e 62 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
Situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), referente ao dia 09 de julho, conforme ilustrado na Figura 1a. Observa-se que, na maior parte da região Norte, os rios estão com níveis acima ou próximos da média climatológica, exceto no estado do Tocantins e porção sudoeste do Acre. Além disso, na porção oeste da região Centro-Oeste, na porção leste da região Nordeste, na porção sudeste da região Sudeste e em grande parte da região Sul, os níveis dos rios também se encontram acima da média ou próximo dela. Por outro lado, muitos rios localizados na porção oeste da região Nordeste, grande parte da região Sudeste, assim como na porção leste da região Centro-Oeste e porção sudeste da região Sul, estão com níveis abaixo da média climatológica.

- Figura 1. Situação dos níveis dos rios no Brasil em 09 de julho em relação a climatologia das estações hidrológicas de medição (a) e previsão sub-sazonal de vazão de julho e agosto de 2025 – JA (b).
A previsão sazonal para os próximos 45 dias - JA do modelo Sistema Global de Alerta para Inundações (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período na porção noroeste da região Norte, probabilidade de vazões próximas da média para o período na porção norte da região Norte, porção leste da região Nordeste e porção nordeste da região Sudeste do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
As previsões do IIS3 (Índice Integrado de Seca) para junho apontavam uma possível redução no número de municípios em situação de seca – projeção que se confirmou com os dados observados no último mês. De acordo com os dados referentes ao mês de junho, registrou-se uma queda de 1.638 para 1.018 municípios classificados com seca moderada a extrema. Enquanto estados como Goiás, Tocantins e São Paulo apresentaram redução do número de municípios classificados com seca, o Pará, por outro lado, apresentou intensificação da seca, com municípios como Curionópolis, Eldorado do Carajás, São Domingos do Araguaia e Sapucaia avançando de seca severa para extrema.

- Figura2. Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de junho de 2025 nas escalas de 3 meses (IIS3, esquerda) (a) e 6 meses (IIS6, direita) (b). Previsão do Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de julho de 2025 na escala de 3 meses (c).
As projeções do Índice Integrado de Seca (IIS-3) para o fim de julho de 2025 indicam redução no total de municípios caracterizados com seca moderada a extrema, sinalizando tendência de atenuação da situação de seca em todo o país.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal responsável pelo abastecimento de água à Região Metropolitana de São Paulo, continua classificado em condição de seca hidrológica moderada, apresentando estabilidade em relação ao mês anterior. Ainda na região Sudeste, as bacias das UHEs Furnas e Três Marias encerraram junho com seca moderada, indicando agravamento em Três Marias (seca fraca em maio) e estabilidade em Furnas. No Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as bacias que alimentam as UHEs Irapé e Itapebi (rio Jequitinhonha) apresentaram seca de intensidade fraca, condição mais favorável em comparação com o mês anterior (seca moderada). Na bacia do rio Paraíba do Sul, as sub-bacias afluentes às UHEs Ilha dos Pombos e Jaguari apresentam as condições mais críticas, com ocorrência de seca extrema.
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do rio Paraná apresentaram, em junho, variações que oscilaram entre estabilidade e agravamento da seca em comparação ao mês anterior. A exceção ocorreu em Itaipu, que registrou uma atenuação da seca após 12 meses, regredindo da categoria excepcional para extrema. No rio Iguaçu, as sub-bacias afluentes às UHEs Segredo, Salto Santiago e Salto Caxias, que se encontravam em condição de normalidade no mês anterior, voltaram a apresentar seca, atualmente classificada na categoria de intensidade fraca. A sub-bacia de Marimbondo (rio Grande) também apresentou agravamento da seca, que evolui de moderada para severa.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, e à UHE Passo Real, no rio Jacuí, retornaram a uma condição parcial de normalidade em junho, indicando uma atenuação da seca hidrológica em relação ao mês anterior, quando a intensidade da seca variava de moderada a severa.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins) que voltou a registrar seca hidrológica em abril, após um curto período de normalidade, registrou seca moderada, o que configura estabilidade em relação ao mês anterior. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medição fluviométrica de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional.
A região Norte do país registrou uma recuperação significativa nas condições hidrológicas da bacia, impulsionada pela ocorrência de chuvas volumosas ocorridas nos últimos meses. Essas chuvas resultaram em um aumento substancial nos níveis dos principais rios da região, contribuindo para a atenuação da seca hidrológica nas bacias monitoradas. Na bacia do rio Madeira, por exemplo, a sub-bacia afluente à UHE Santo Antônio retornou à condição de normalidade em maio, após mais de três anos consecutivos sob influência de seca sistemática, condição que se manteve em junho.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco) apresentou estabilidade do quadro de seca em relação ao mês anterior, caracterizado em intensidade severa. Em contrapartida, a bacia afluente à UHE Boa Esperança, no rio Parnaíba, apresenta condição menos desfavorável, com seca classificada como fraca, configurando estabilidade em relação ao mês anterior.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de julho de 2025 (Figura 3), as condições hidrológicas no território nacional tendem a apresentar variações regionais, com possibilidade de manutenção, intensificação ou atenuação dos níveis de seca hidrológica. O agravamento da seca está previsto principalmente para as sub-bacias dos rios São Francisco (Três Marias e Sobradinho), porção alta do Tocantins (Serra da Mesa), Doce (Baguari, Porto Estrela e Mascarenhas), Jequitinhonha (Irapé e Itapebi) e São Mateus (Boca da Vala). Adicionalmente, na região Sudeste, espera-se intensificação da seca nas sub-bacias dos rios Grande (Emborcação) e Paranaíba (Itumbiara), que integram a bacia do rio Paraná.

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de junho (observado, esquerda) e julho de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e junho/2025: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista para maio: Climate Forecast System (CFS).
Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.