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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 13/05/2025 ANO 08 Nº 78
- Foto: Alan Pimentel
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de abril, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre maio, junho e julho (MJJ) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de abril 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 230 alertas, sendo 125 de origem hidrológica e 105 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
Situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), referente ao dia 12 de maio, conforme ilustrado na Figura 1a. Observa-se que, na maior parte da região Norte, os rios estão com níveis na média ou pouco acima da média climatológica, exceto no estado do Tocantins. Além disso, na porção noroeste da região Centro-Oeste, na porção leste da região Nordeste, na porção sudeste da região Sudeste e em grande parte da região Sul, os níveis dos rios também se encontram na média ou pouco acima dela. Por outro lado, muitos rios localizados na porção oeste das regiões Nordeste e Sudeste, assim como na porção leste das regiões Centro-Oeste e Sul, estão com níveis abaixo da média climatológica.
A previsão sazonal para o trimestre MJJ do modelo Sistema Global de Alerta para Inundações (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período nas porções norte da região Norte, probabilidade de vazões próximas da média para o período na porção leste da região Nordeste e porção sul da região Sul do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O Índice Integrado de Seca (IIS3) de abril de 2025 revela a persistência de seca severa principalmente em municípios do estado do Tocantins, na região Norte — Abreulândia, Caseara, Divinópolis do Tocantins e Marianópolis do Tocantins — que enfrentam essa condição há cinco meses consecutivos. Santa Tereza do Tocantins registra quatro meses de seca severa, enquanto outros municípios das regiões Sudeste e Centro-Oeste já apresentam essa mesma tendência há três meses.
As projeções do Índice Integrado de Seca (IIS-3) para o final de maio de 2025 indicam que o número de municípios afetados pela seca deve diminuir em 48%, reforçando a tendência de desintensificação em várias regiões do país.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na Região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal responsável pelo abastecimento de água à Região Metropolitana de São Paulo, continua classificado em condição de seca hidrológica moderada, apresentando estabilidade em relação ao mês anterior. No Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as bacias que alimentam as UHEs Irapé e Itapebi (rio Jequitinhonha) apresentaram seca de intensidade moderada.Na bacia do rio Paraíba do Sul, as sub-bacias afluentes às UHEs Ilha dos Pombos e Jaguari apresentam as condições mais críticas, com seca de intensidade severa.Na bacia do rio Doce, as condições variam entre seca moderada e severa, indicando um agravamento do quadro hidrológico em relação ao mês anterior, quando as sub-bacias apresentavam seca de intensidade fraca a moderada.
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as sub-bacias que integram a bacia hidrográfica do rio Paraná mantiveram, em abril, a estabilidade das condições hidrológicas em relação ao mês anterior, exceto pela sub-bacia de Marimbondo, no rio Grande, que apresentou agravamento da seca, passando de fraca para moderada. Nas bacias de Porto Primavera e Itaipu, a situação é crítica, com seca de intensidade extrema e excepcional, respectivamente.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, e à UHE Passo Real, no rio Jacuí, apresentaram, em abril, um agravamento da seca hidrológica em comparação ao mês anterior. A situação mais crítica foi observada em Passo Real, que evoluiu de seca severa para extrema.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins), após quatro meses consecutivos em condição de normalidade, voltou a registrar seca hidrológica no mês de abril, com intensidade fraca. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medição fluviométrica de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional.
A região Norte do país tem registrado uma recuperação significativa nas condições hidrológicas da bacia, impulsionada pela ocorrência de chuvas volumosas. Essas chuvas resultaram em um aumento substancial nos níveis dos principais rios da região, contribuindo para a atenuação da seca hidrológica nas bacias monitoradas. Na bacia do rio Madeira, por exemplo, afluente à UHE Santo Antônio, foi registrada uma seca de intensidade moderada, o que representa uma melhora em relação ao mês anterior, quando a seca ainda era severa.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco) apresentou um agravamento da seca em relação ao mês anterior, transitando de severa para extrema.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de maio de 2025 (Figura 3), espera-se que, em geral, as condições no país variem entre estabilidade e desintensificação da seca hidrológica. No entanto, algumas exceções incluem sub-bacias da bacia do rio Paraná (como Emborcação, Itumbiara, Jurumirim e Nova Ponte), as cabeceiras das bacias dos rios São Francisco (Três Marias) e Tocantins (Serra da Mesa), além da bacia do rio São Mateus (Boca da Vala). Nessas áreas, segundo o TSI, espera-se uma intensificação da seca hidrológica, com intensidade variando entre fraca e extrema. Ressalta-se que essas regiões incluem bacias hidrográficas afluentes de importantes UHEs do país e de estações fluviométricas de monitoramento, o que indica que o agravamento do quadro de seca pode intensificar os impactos na disponibilidade de água e no abastecimento energético. As regiões com previsão de atenuação da seca incluem a porção média e baixa das bacias dos rios Tocantins (Descarreto) e Araguaia (Conceição do Araguaia e Araguatins), além dos rios Doce (Baguari), Paraíba do Sul (Funil e Jaguari), Madeira (Santo Antônio), Paraguai (Porto Murtinho), Uruguai (Foz do Chapecó e Barra Grande), Jacuí (Passo Real) e o Sistema Cantareira. Nas bacias afluentes às estações fluviométricas de Ladário, no rio Paraguai, a situação de seca extremamente crítica deve permanecer estável, mantendo-se na categoria mais grave de seca, classificada como seca excepcional. A mesma condição de seca excepcional também persistirá na bacia afluente à UHE Itaipu, no rio Paraná, que segue em uma situação igualmente crítica.

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de abril (observado, esquerda) e maio de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e abril/2025: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista para maio: Climate Forecast System (CFS).
Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.

