Notícias
Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 11/06/2025 ANO 08 Nº 79
- Foto: Alan Pimentel
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de maio, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre junho, julho e agosto (JJA) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de maio de 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 180 alertas, sendo 108 de origem hidrológica e 72 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
Situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), referente ao dia 10 de junho, conforme ilustrado na Figura 1a. Observa-se que, na maior parte da região Norte, os rios estão com níveis muito acima ou próximos da média climatológica, exceto no estado do Tocantins. Além disso, na porção noroeste da região Centro-Oeste, na porção leste da região Nordeste, na porção sudeste da região Sudeste e em grande parte da região Sul, os níveis dos rios também se encontram muito acima da média ou pouco acima dela. Por outro lado, muitos rios localizados na porção sudoeste da região Norte, porção oeste das regiões Nordeste e Sudeste, assim como na porção leste da região Centro-Oeste e porção sudeste da região Sul, estão com níveis abaixo da média climatológica.

- Figura 1. Situação dos níveis dos rios no Brasil em 10 de junho em relação a climatologia das estações hidrológicas de medição (a) e previsão sub-sazonal de vazão de junho e julho de 2025 – JJ (b).
A previsão sazonal para os próximos 45 dias - JJ do modelo Sistema Global de Alerta para Inundações (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período nas porções norte da região Norte, probabilidade de vazões próximas da média para o período na porção leste da região Nordeste e região Sul do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O Índice Integrado de Seca (IIS3) de maio de 2025 aponta que o número de municípios em situação de seca severa ou extrema saltou de 342 em abril para 459 em maio, concentrando-se sobretudo na Região Norte, com destaque para Amazonas, Pará e Tocantins. Em contrapartida, diminuiu o total de municípios classificados com seca moderada a severa em Minas Gerais e na Bahia no mesmo período.

- Figura2. Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de maio de 2025 nas escalas de 3 meses (IIS3, esquerda) (a) e 6 meses (IIS6, direita) (b). Previsão do Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de junho de 2025 na escala de 3 meses (c).
As projeções do Índice Integrado de Seca (IIS-3) para o fim de junho de 2025 indicam redução no total de municípios caracterizados com seca moderada a extrema, sinalizando tendência de atenuação da situação em todo o país.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na Região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal responsável pelo abastecimento de água à Região Metropolitana de São Paulo, continua classificado em condição de seca hidrológica moderada, apresentando estabilidade em relação ao mês anterior. Ainda na região Sudeste, as bacias das UHEs Furnas e Três Marias encerraram maio com seca moderada e fraca, respectivamente, indicando agravamento em Furnas (seca fraca em abril) e estabilidade em Três Marias. No Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, as bacias que alimentam as UHEs Irapé e Itapebi (rio Jequitinhonha) apresentaram seca de intensidade moderada, condição estável em comparação com o mês anterior. Na bacia do rio Paraíba do Sul, as sub-bacias afluentes às UHEs Ilha dos Pombos e Jaguari apresentam as condições mais críticas, com ocorrência de seca extrema e severa, respectivamente.
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do rio Paraná apresentaram, em maio, variações que oscilaram entre estabilidade e intensificação da seca em relação ao mês anterior, exceto a sub-bacia de Porto Primavera, que registrou atenuação da seca, com redução da intensidade de extrema para severa. No rio Iguaçu, as sub-bacias afluentes às UHEs Segredo, Salto Santiago e Salto Caxias permaneceram em condição de normalidade, evidenciando estabilidade em relação ao mês anterior. A sub-bacia de Marimbondo (rio Grande) também manteve estabilidade, sendo classificada em seca moderada.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, e à UHE Passo Real, no rio Jacuí, apresentaram em maio condições que variaram entre estabilidade e atenuação da seca hidrológica em relação ao mês anterior. A situação mais crítica foi registrada na sub-bacia de Passo Real, que apresentou melhora, evoluindo de seca extrema para seca severa. Já as sub-bacias de Foz do Chapecó e Barra Grande encontram-se classificadas em seca moderada, o que representa, respectivamente, estabilidade e atenuação da seca em comparação ao mês anterior.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins) voltou a registrar seca hidrológica em abril, após quatro meses consecutivos em condição de normalidade. Em maio, houve agravamento da situação, com a seca evoluindo de fraca para moderada. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medição fluviométrica de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional. Ressalta-se que a condição de seca excepcional nessa região se mantém de forma sistemática desde fevereiro de 2024.
A região Norte do país tem registrado uma recuperação significativa nas condições hidrológicas da bacia, impulsionada pela ocorrência de chuvas volumosas. Essas chuvas resultaram em um aumento substancial nos níveis dos principais rios da região, contribuindo para a atenuação da seca hidrológica nas bacias monitoradas. Na bacia do rio Madeira, por exemplo, a sub-bacia afluente à UHE Santo Antônio retornou à condição de normalidade em maio, após mais de três anos consecutivos sob influência de seca sistemática, representando uma melhora em relação ao mês anterior, quando se encontrava em condição de seca moderada.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco) apresentou desintensificação da seca em relação ao mês anterior, transitando de extrema para severa. Em contrapartida, a bacia afluente à UHE Boa Esperança (rio Parnaíba) apresentou agravamento da seca, evoluindo de fraca para moderada.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de junho de 2025 (Figura 3), espera-se que as condições hidrológicas no país oscilem entre estabilidade e intensificação da seca hidrológica. O agravamento da seca está previsto principalmente para as sub-bacias da Bacia do rio Paraná, incluindo os rios Paranapanema (Jurumirim, Capivara e Rosana), Paranaíba (Nova Ponte), Grande (Marimbondo) e Iguaçu (Segredo, Salto Santiago e Salto Caxias). Além disso, na região Sudeste, prevê-se intensificação da seca na bacia do rio Paraíba do Sul (Paraibuna, Jaguari, Santa Branca, Santa Cecília e Funil), no Sistema Cantareira, na porção de cabeceira do rio São Francisco (Três Marias) e no rio Doce (Baguari). Na região Sul, destaca-se a intensificação prevista para o rio Uruguai (Barra Grande e Foz do Chapecó).

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de abril (observado, esquerda) e maio de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e abril/2025: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista para maio: Climate Forecast System (CFS).
Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
Realize o download do Boletim de Impactos.
Realize o download da apresentação da Reunião de Impactos.
Assista à gravação da Reunião de Impactos.
Clique aqui para cadastrar seu e-mail e receber o convite para a Reunião de Impactos. Sua participação é muito importante!
Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.