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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 10/04/2025 ANO 08 Nº 77
- Foto: Alan Pimentel
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de março, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre abril, maio e junho (AMJ) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de março 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 205 alertas, sendo 135 de origem hidrológica e 70 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
A situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA, para o dia 08 de abril 2025 é apresentada na Figura 1a. Observa-se que os rios em grande parte da região Norte, com exceção do estado do Tocantins, porção norte da região Centro-Oeste, porção leste da região Nordeste, porção sudeste da região Sudeste e parte da região sul do Brasil encontram-se com níveis acima ou muito acima da média climatológica, muitos rios nas porções oeste da região Nordeste, grande parte da região Sudeste, porção sul da Região Centro-Oeste e porção sudeste Sul do Brasil encontram-se abaixo da média climatológica e nas demais áreas do país os níveis dos rios encontram-se dentro da média climatológica da climatologia.
A previsão sazonal para o trimestre AMJ do modelo Global Flood Awareness System (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período nas porções noroeste e nordeste da região Norte, probabilidade de vazões próximas da média para o período na porção centra da região Sul do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O Índice Integrado de Seca (IIS3) de março de 2025 registrou um aumento expressivo no número de municípios brasileiros em situação de seca, em comparação com o mês anterior. Ao todo, 1.907 municípios foram classificados com seca moderada ou superior, o que representa um crescimento de aproximadamente 207% em relação aos 620 municípios identificados em fevereiro. Esse avanço reforça a tendência de intensificação das condições de seca, já destacada no boletim de fevereiro de 2025.
As projeções do Índice Integrado de Seca (IIS-3) para o final de abril de 2025 indicam um cenário divergente entre regiões brasileiras. Embora se espere uma redução de 40-60% no número de municípios em situação de seca moderada a extrema no Centro-Sul do país e em partes da Região Norte, observa-se a intensificação da seca, particularmente em Minas Gerais, Bahia, Piauí e Goiás.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na Região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, permanece classificado em condição de seca hidrológica moderada, demonstrando estabilidade em relação ao mês anterior. Ainda na região Sudeste, as bacias afluentes às UHEs Furnas e Três Marias encerraram o mês de março em condição de seca fraca, retornando, portanto, ao estado de seca.
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as sub-bacias da bacia hidrográfica do rio Paraná apresentaram, em março, condições variando entre estabilidade e intensificação da seca hidrológica, em comparação com o mês anterior. No rio Iguaçu, por exemplo, as sub-bacias afluentes às UHEs Segredo, Salto Santiago e Salto Caxias estão em condição de normalidade, indicando estabilidade em relação ao mês anterior.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, apresentaram desintensificação da seca, passando de moderada para fraca. Por outro lado, na bacia afluente à UHE Passo Real, no rio Jacuí, atualmente classificada com seca severa, foi registrada estabilidade.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins) manteve a estabilidade da condição hidrológica em março, em comparação com o mês anterior, caracterizando-se por normalidade. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medição fluviométrica de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional.
A região Norte do país tem registrado, nos últimos meses, uma recuperação nas condições hidrológicas, evidenciada pela atenuação da seca hidrológica e pela consequente redução dos impactos nos níveis dos rios. Na bacia do rio Madeira, afluente à UHE Santo Antônio, foi registrada seca de intensidade severa, o que representa uma melhora em relação ao mês anterior, quando a seca era extrema. Adicionalmente, a sub-bacia afluente à UHE Belo Monte, no rio Xingu, apresentou atenuação das condições de seca em março, saindo da classificação de seca fraca registrada no mês anterior e retornando à condição de normalidade.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco) apresentou uma intensificação na severidade da seca em relação ao mês anterior, transitando de fraca para moderada.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de março de 2025 (Figura 3), espera-se que, no país, as condições variem entre estabilidade e desintensificação da seca. No entanto, algumas sub-bacias deverão apresentar intensificação da seca hidrológica, especialmente aquelas localizadas nas bacias dos rios Doce (Baguari e Porto Estrela), São Francisco (Três Marias e Sobradinho), Jequitinhonha (Irapé e Itapebi), Paraná (Emborcação) e Tocantins (Descarreto). Nas bacias afluentes às estações fluviométricas de Ladário e Porto Murtinho, no rio Paraguai, a atual condição de seca extremamente crítica deve permanecer estável, mantendo-se em estado de seca excepcional. Por outro lado, na bacia afluente à UHE Itaipu, no rio Paraná, que também está em condição muito crítica, espera-se uma atenuação da seca, passando de excepcional para extrema. Adicionalmente, prevê-se uma redução da seca em algumas sub-bacias das bacias dos rios Madeira (Santo Antônio) e Paraná (Jurumirim), no Sistema Cantareira, assim como na região Sul do país (Passo Real e Barra Grande), com as condições variando entre normalidade e seca de intensidade moderada. Ressalta-se que, no Sistema Cantareira e na bacia afluente à UHE Jurumirim, espera-se que as condições retornem a um estágio parcial de normalidade até o final de março.

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de março (observado, esquerda) e abril de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e março/2025: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista em abril: Climate Forecast System (CFS).
Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.

