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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 13/03/2025 ANO 08 Nº 76
- Foto: Alan Pimentel
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de fevereiro, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre março, abril e maio (MAM) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de fevereiro de 2025, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 324 alertas, sendo 195 de origem hidrológica e 129 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
A situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA, para o dia 10 de março 2025 é apresentada na Figura 1a. Observa-se que os rios em grande parte da região Norte, com exceção do estado do Tocantins, porção norte da região Centro-Oeste, extremo norte da região Nordeste e porção norte da região sul do Brasil encontram-se com níveis acima ou muito acima da média climatológica, muitos rios nas porções oeste da região Nordeste, grande parte da região Sudeste e porção sul das regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil encontram-se abaixo da média climatológica e nas demais áreas do país os níveis dos rios encontram-se dentro da média climatológica da climatologia.

- Figura 1. Situação dos níveis dos rios no Brasil em 10 de março em relação a climatologia das estações hidrológicas de medição (a) e previsão sazonal de vazão de março a maio de 2025 – MAM, (b).
A previsão sazonal para o trimestre FMA do modelo Global Flood Awareness System (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período na porção norte das regiões Norte e Nordeste, probabilidade de vazões próximas da média para o período nas porções sudoeste e nordeste da região Norte e na porção extremo norte da regão Nordeste, nas porções centrais das regiões Norte e Sul e na porção leste da região Nordeste do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O Índice Integrado de Seca (IIS3) de fevereiro de 2025 indica o agravamento da situação de seca em todo o território nacional, com um aumento no número de municípios classificados com seca moderada a severa. Em comparação com janeiro, o total de municípios nessa condição saltou de 220 para 523. Na escala de 6 meses (IIS6) o número de municípios sob a condição de seca moderada a severa chega a 655, um acréscimo de 51 municípios em relação ao mês de janeiro.

- Figura2. Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de fevereiro de 2025 nas escalas de 3 meses (IIS3, esquerda) (a) e 6 meses (IIS6, direita) (b). Previsão do Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de marçode 2025 na escala de 3 meses (c).
No Acre e na região de divisa entre os estados do Tocantins, Pará e Mato Grosso, a seca severa persiste, mantendo esses locais em situação crítica. Além disso, a região Nordeste registrou um aumento considerável no número de municípios com seca moderada, especialmente no interior da Bahia e no Maranhão, onde o número subiu de 26 para 52 municípios entre janeiro e fevereiro.
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na Região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, está classificado em seca hidrológica moderada, evidenciando uma estabilidade em relação ao mês anterior.
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as sub-bacias da bacia hidrográfica do rio Paraná apresentaram, em fevereiro, condições variando entre estabilidade e atenuação da seca hidrológica, em comparação ao mês anterior (à exceção de Marimbondo).
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, mantiveram-se estáveis em condição de seca hidrológica moderada. Estabilidade também foi registrada no rio Jacuí, na bacia afluente à UHE Passo Real, que atualmente está classificada em seca severa.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins) manteve a estabilidade da condição hidrológica em fevereiro, em comparação com o mês anterior, caracterizando-se por normalidade. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medições fluviométricas de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional.
A região Norte do país também enfrenta uma situação preocupante em relação à seca, o que tem causado impactos nos níveis dos rios. Na bacia do rio Madeira, afluente à UHE Santo Antônio, foi registrada seca de intensidade extrema, o que representa uma melhora em relação ao mês anterior, quando a seca era excepcional. Adicionalmente, a sub-bacia afluente à UHE Belo Monte, no rio Xingu, também registrou uma atenuação da seca em fevereiro, com a intensidade reduzindo de moderada para fraca. Nos rios Tocantins-Araguaia, afluentes à UHE Tucuruí, incluindo as sub-bacias das estações fluviométricas de Descarreto, Conceição do Araguaia e Araguatins, as condições hidrológicas variam entre seca de intensidade fraca e extrema.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco) apresentou uma intensificação na severidade da seca em relação ao mês anterior, transitando de fraca para moderada.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de março de 2025 (Figura 3), espera-se que, no país, as condições variem entre estabilidade e desintensificação da seca. No entanto, algumas sub-bacias deverão apresentar intensificação da seca hidrológica, especialmente aquelas localizadas nas bacias dos rios Doce (Baguari e Porto Estrela), São Francisco (Três Marias e Sobradinho), Jequitinhonha (Irapé e Itapebi), Paraná (Emborcação) e Tocantins (Descarreto). Nas bacias afluentes às estações fluviométricas de Ladário e Porto Murtinho, no rio Paraguai, a atual condição de seca extremamente crítica deve permanecer estável, mantendo-se em estado de seca excepcional. Por outro lado, na bacia afluente à UHE Itaipu, no rio Paraná, que também está em condição muito crítica, espera-se uma atenuação da seca, passando de excepcional para extrema. Adicionalmente, prevê-se uma redução da seca em algumas sub-bacias das bacias dos rios Madeira (Santo Antônio) e Paraná (Jurumirim), no Sistema Cantareira, assim como na região Sul do país (Passo Real e Barra Grande), com as condições variando entre normalidade e seca de intensidade moderada. Ressalta-se que, no Sistema Cantareira e na bacia afluente à UHE Jurumirim, espera-se que as condições retornem a um estágio parcial de normalidade até o final de março.

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de fevereiro (observado, esquerda) e março de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e fevereiro/2025: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista em fevereiro: CFS.
Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora Substituta: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.