Programa de Infraestrutura Tecnológica
O Programa de Infraestrutura Tecnológica visa subsidiar a aplicação de ferramentas e soluções tecnológicas que permitam organizar, otimizar e potencializar as atividades meio e finalísticas do Museu.
Diagnóstico
Descrição
O Museu iniciou um processo gradual de digitalização e informatização de seus acervos, modernizando sua infraestrutura tecnológica. Com a transferência para um novo espaço físico em Botafogo, ocorrida no fim da década de 1970, foi necessária a reestruturação e organização dos acervos, que começou na década de 1980 e se consolidou a partir dos anos 1990, incluindo o que se refere à informatização dos processos de gestão. Em 1996, com a introdução do software OrtoDocs, foi criada a primeira base de dados digital. Embora fosse direcionado para a gestão do acervo museológico, com campos descritivos específicos para os itens, esta Base de Dados permitiu também catalogar e organizar os itens bibliográficos.
Em 2007, o Museu adotou o PHL (Personal Home Library), um software open source criado para gestão de acervo bibliográficos e customizado pelo Museu para atender a gestão do acervo museológico. Esse software agregou campos específicos para identificar artesãos, terminologias étnicas e funções dos objetos, possibilitando melhorias nas fichas catalográficas e no relacionamento com as imagens dos objetos com uma descrição mais detalhada e culturalmente sensível dos itens. Também atendia à necessidade de gestão offline. A Instituição promoveu um investimento tecnológico comprometido com a acessibilidade e a valorização do patrimônio cultural indígena.
Em 2018, o Museu iniciou a migração dos dados relativos ao acervo museológico do PHL para a plataforma Tainacan. Essa mudança permitiu maior interatividade e gestão controlada do vocabulário técnico, por meio da incorporação do Dicionário do Artesanato Indígena, possibilitando aos usuários pesquisar objetos por termos específicos relacionados a técnicas, materiais e funções. Além disso, viabilizou a correlação de conteúdo multimídia, como vídeos e áudios, com o acervo disponibilizado, e tornou o conteúdo acessível em buscadores convencionais, aumentando a visibilidade do acervo etnográfico digitalizado.
Apesar da adoção do Tainacan, o PHL continua em uso para a gestão do acervo museológico catalogado até 2018, bem como o acervo bibliográfico e arquivístico. O acervo arquivístico do SPI (Serviço de Proteção aos Índios), por sua vez, está em processo de digitalização e inserção na base DocZ, uma plataforma voltada para descrição de arquivos digitalizados, da empresa SOS Docs, contratada pela FUNAI. Desde 2024, para o acervo arquivístico, encontra-se em fase de teste o uso da Plataforma Access to Memory (AtoM), uma aplicação open source baseada na web para descrições arquivísticas.
Em relação aos processos administrativos, desde 2016, o Museu adotou o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), um sistema para gerenciamento destes processos e documentos avulsos. Este sistema é gerenciado pela FUNAI e armazenado em Brasília.
A Coordenação de Administração - COAD, através dos seus Serviços e Assessorias, utiliza alguns sistemas governamentais para controle de orçamento e finanças, escrituração tributária, concessão de diárias e passagens, controle de material de consumo e patrimônio, todos gerenciados pelo Serviço de Processamento de Dados (SERPRO), sendo os principais:
SIAFI (Sistema integrado de Administração Financeira) – trata-se de um sistema contábil que realiza o processamento, controle, execução financeira, patrimonial e contábil do governo federal brasileiro.
SIASG (Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais); - instrumento de apoio, transparência e controle na execução das atividades do SISG, por meio da informatização e operacionalização do conjunto de suas atividades, bem como no gerenciamento de todos os seus processos. Inclui 11 subsistemas que lidam com compras, gestão de registro de preços, catálogos de materiais, entre outras funções.
SIADS (Sistema Integrado de Gestão Patrimonial) – permite à Administração Pública Federal um controle completo e efetivo de seus estoques de materiais e bens patrimoniais.
SCDP (Sistema de Concessão de Diárias e Passagens – serviço online de identificação e autenticação de pessoas para realização de concessão de diárias e passagens, bem como prestação de contas relacionadas a esses sistemas
e-CAC (Centro de Atendimento Virtual da Receita Federal) – Centro de atendimento virtual da Receita Federal, por meio do qual a administração direta, autárquica e fundacional podem realizar o cadastro de impostos e taxas.
Portal de Compras – portal que viabiliza a realização de licitações, com rotinas de controle e de transparência que permitem o controle ativo dos cidadãos em geral e dos licitantes em específico.
Apesar desses esforços, atualmente, no que tange às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), observa-se que a infraestrutura tecnológica enfrenta desafios significativos, devido à ausência de uma política institucional que estabeleça diretrizes, processos e procedimentos para a gestão, organização e preservação de seus acervos digitais; atualização e manutenção de equipamentos tecnológicos, softwares e renovação de mídias.
Eixos de atuação
A. Governança de dados
O Museu carece de uma política institucional específica, dentro da FUNAI, para a governança de seus dados digitais. A ausência de protocolos definidos para o processamento, armazenamento e preservação de informações sensíveis e de valor histórico expõe a instituição a riscos de perda de dados e comprometimento da segurança da informação. Atualmente, o Museu avalia diferentes alternativas para a gestão de seus dados, como a utilização de nuvem, oferecida pelo SERPRO, uma empresa governamental, e a adoção de uma solução híbrida, combinando armazenamento local e em nuvem. A escolha da melhor alternativa dependerá de uma análise criteriosa dos custos, benefícios e riscos associados a cada opção, considerando as necessidades específicas da Instituição.
A segurança de dados do Museu tem que ser uma prioridade, especialmente considerando o valor cultural e histórico do acervo, pois precisa-se garantir que os dados estejam protegidos contra acessos não autorizados, perdas e danos. Deve-se, do mesmo modo, implementar uma solução que ofereça alta segurança, incluindo criptografia, controle de acesso e proteção contra perda de dados.
O Museu possui um contrato vigente com a empresa EQUINIX do Brasil Soluções de Tecnologia em Informática LTDA, iniciado em 16 de novembro de 2023, com duração máxima de cinco anos e um valor mensal aproximado de R$45.000,00. Esse instrumento estabelece uma contratação estratégica para a locação e a gestão da infraestrutura tecnológica do Museu.
A Equinix fornece ao Museu um espaço físico de datacenter, para a instalação de equipamentos como servidores e switches comprados pelo Museu, além de acesso à internet de alta velocidade, via fibra óptica. Essa infraestrutura alocada nas instalações da Equinix serve como a base para as operações tecnológicas do Museu, garantindo a disponibilidade e a segurança dos dados. Ademais, o contrato com a Equinix contempla também serviços de computação de nuvem e de manutenção programada da infraestrutura dos sistemas de informação.
Em termos de capacidade de armazenamento, uma infraestrutura inicial de 100 TB foi estabelecida entre 2015 e 2016, alocando cerca de 10 TB para a rede interna e 90 TB para o acervo digital. Contudo, o rápido crescimento da produção de documentos digitalizados e nato-digitais esgotou essa capacidade, levando à aquisição de soluções temporárias, como HDs (hard drives) externos.
Em 2024, foi pontuada a necessidade de ampliação de capacidade, assim como outras necessidades destacadas em um dos documentos do planejamento da contratação - Estudo Técnico Preliminar, no Processo nº 08786.000398/2024-81, como alta performance em termos de velocidade de acesso, latência mínima, alta taxa de transferência de dados, especialmente para operações críticas como backup, recuperação de dados e suporte para criptografia de dados, controle de acesso e integração, garantindo a segurança dos dados armazenados. Está em fase de conclusão a aquisição de duas unidades adicionais de 800 TB cada, para instalação no Museu e no espaço alugado na Equinix, utilizando uma verba total para aquisição e instalação de R$ 720.000,00.
Há também necessidade de investimento na atualização elétrica para proporcionar estabilidade ao Centro de Processamento de Dados (CPD), cuja localização em Botafogo é considerada vulnerável devido ao risco de queda de luz, cuja ocorrência se deve a uma rede antiga na Rua das Palmeiras. A construção de uma estrutura própria para o CPD está no planejamento institucional, mas encontra-se atualmente bloqueada por restrições impostas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), condicionadas à elaboração do Plano Arquitetônico-Urbanístico. A climatização do CPD é atualmente insuficiente, sendo gerida por aparelhos de ar-condicionado instáveis, enquanto outra empresa contratada se encarrega de sua manutenção.
Foi estudada a intenção de compra de espaço em nuvem. No entanto, os valores para a contratação foram considerados fora do escopo financeiro do Museu, além de ter sido identificado o desafio da migração dos dados para a nuvem. Outro fator a ser levado em consideração foi a existência de impedimento legal para armazenamento de dados públicos, com destaque para a especificidade dos dados contidos nos acervos da Instituição, de natureza sensível.
B. Digitalização de acervos
O Museu tem realizado esforços significativos de digitalização e preservação de dados, mas enfrenta desafios em termos de gestão de acessibilidade, atualização tecnológica e políticas estruturadas. Estima-se que 45% deste acervo foi digitalizado. Atualmente, o Museu adota uma estratégia de diferentes formatos de arquivos para acesso público.
Em relação à preservação digital, o Museu carece de um plano específico, integrando o Centro Audiovisual - CAud e o Centro Cultural Ikuiapá - CCI, alinhado às diretrizes formais da FUNAI. Além disso, não existe uma estrutura formal de manutenção para mitigar a obsolescência tecnológica, e muitos itens digitalizados anteriormente estão em mídias já obsoletas.
C. Estruturação física e equipamentos
Segundo a Informação Técnica nº 1/2023/COTEC/MI-FUNAI, há indicações de que toda a infraestrutura do Datacenter, adquirida em 2015, encontra-se obsoleta, superando em muito sua vida útil estimada de cinco anos. Diante desse cenário, torna-se importante a modernização da infraestrutura de tecnologia da informação, que encontra-se em andamento. Entretanto, a nova infraestrutura deve ser eficiente também em termos de consumo energético e contribuir para os objetivos de sustentabilidade do Museu.
Coordenação/Setor Responsável
Não há um setor de TIC na estrutura do Museu. Há contrato vigente de prestação de serviços com empresas especializadas. Atualmente, a Coordenação de Administração - COAD gerencia os contratos de serviço com estas empresas, porém há participação de servidores de outras coordenações na gestão e na fiscalização dos contratos existentes.
Matriz FOFA
Planejamento do Programa
Questões Centrais
Quais os desafios de alinhar as demandas do Museu ao Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação - PDTIC de competência da FUNAI?
Quais são as estratégias para superação da obsolescência do parque tecnológico para boa administração da guarda global de dados?
Quais são as estratégias para superação dos desafios de migração de software?
Como prover o aumento e o melhoramento da governança de dados e a capacidade de armazenamento?
Como prover o aumento da acessibilidade com adequação de bases à dispositivos móveis?
Como desenvolver soluções integradas para atendimento das demandas de TI dos povos indígenas?
Objetivo geral
(para os próximos 5 anos)
Implementar uma infraestrutura tecnológica mais segura e eficiente para gerir e preservar o acervo institucional, abrangendo documentação cultural e administrativa, com foco especial na salvaguarda da memória e da diversidade cultural dos povos indígenas do Brasil.
Objetivos específicos
(para os próximos 5 anos)
Alinhar as necessidades do Museu com a Política de Governança de Dados da FUNAI, levando em consideração as normativas do setor cultural brasileiro;
Atualizar a infraestrutura tecnológica, física e de pessoal qualificado em TI;
Promover o aperfeiçoamento continuado sobre TIC para gestão de organismos públicos, para gestão de patrimônio cultural e em tecnologias assistivas.
Plano de Ação
Prazo de execução de meta - Curto prazo: 1 ano; Médio prazo: 3 anos; Longo prazo: 5 anos