Programa Educativo e Cultural
O Programa Educativo e Cultural visa subsidiar o direcionamento de ações educativas, fundamentadas no respeito à diversidade cultural e à participação, que contribuem na ampliação do acesso da sociedade às manifestações do patrimônio. Possibilita troca, descoberta e conhecimento, tendo como referência a memória e tudo o que envolve a sua construção e reconstrução.
Diagnóstico
Descrição
Desde a criação do Museu, atividades com perfil educativo-culturais fizeram parte dos seus princípios fundadores para combate ao preconceito, buscando elos de interlocução com o público. Neste contexto, ao longo destes 71 anos, destacam-se algumas atividades realizadas, a exemplo das mostras fotográficas montadas em escolas públicas e particulares e atividades de contação de histórias, canto e pinturas, em suportes como papel e cerâmica, realizadas pelos indígenas para públicos, em sua maioria escolar.
Hoje, o Museu busca ampliar suas ações, projetos e programas em diálogo com a Política Nacional de Educação Museal (PNEM) e os povos indígenas, tendo como base a elaboração e o desenvolvimento de atividades acessíveis e inclusivas direcionadas a diversos perfis de público.
Como parte de suas ações educativas e culturais, oferece uma variedade de atividades, incluindo: cursos, seminários, palestras, mesas-redondas, painéis, oficinas, exibições de filmes, mostras etnográficas, empréstimo de kits pedagógicos e produção de materiais didáticos específicos para escolas. Além disso, estabelece parcerias com outras instituições para promover eventos culturais e educativos, com o intuito de ampliar seu alcance e impactar diferentes públicos. São realizados, também, cursos de formação, específicos para indígenas, em produção de conteúdos audiovisuais autorais. A rotina dessas atividades, entretanto, foi reduzida com o fechamento definitivo do Museu ao público no ano de 2016.
No que tange à sua especificidade, o público do Museu pode ser definido como multifacetado, visto que atende simultaneamente a diferentes segmentos sociais com interesses e necessidades distintas. Destacam-se os povos indígenas, que atuam não apenas como público, mas também como principais usuários dos serviços e políticas culturais da instituição, especialmente em iniciativas de preservação e revitalização cultural. Neste contexto, trabalhos especialmente dirigidos a indígenas têm sido realizados pelas unidades desconcentradas: Centro Cultural de Ikuiapá - CCI, localizado em Cuiabá - MT e Centro Audiovisual - CAud, localizado em Goiânia - GO. Além disso, o museu atende a pesquisadores, instituições de educação básica e a sociedade em geral, tanto nacional quanto internacional, consolidando-se como um espaço de diálogo, educação e valorização da diversidade cultural.
Historicamente, o público não-indígena do museu foi composto, majoritariamente, por estudantes, turistas e pesquisadores. Após a reabertura, o público se manteve basicamente o mesmo, com forte presença de turistas estrangeiros.
O diagnóstico demonstrou que a instituição não possui uma prática de estudo sistematizada para o controle de público, o que inviabiliza a obtenção de informações sobre a especificidade, localização, idade e outras possibilidades de identificação dos perfis de públicos do Museu. Cabe esclarecer que o Museu já teve como prática, de acordo com o depoimento de servidores e colaboradores que trabalharam no Serviço de Atividades Culturais - SEAC, contabilizar a frequência do público externo através das atividades realizadas extramuros (exposições itinerantes, etnográficas, literárias, fotográficas, musicais e audiovisuais), no livro de registro que se mantinha na entrada da exposição, nos ingressos coletados na bilheteria e nas documentações do SEAC como fax e e-mail utilizados para agendamentos. Porém, devido a descontinuidades na gestão do Serviço, até o momento, estes documentos não foram localizados nos levantamentos realizados para a formulação deste conteúdo, tornando inviável a apresentação de quantitativo de público.
Eixos de atuação
A. Visitas educativas
Institucionalmente as visitas educativas têm como objetivo suscitar, em estudantes de todas as idades e grupos, reflexões relacionadas à diversidade étnica, linguística e cultural dos povos indígenas do Brasil, divulgando uma imagem contemporânea e contribuindo para a superação de noções pré-concebidas construídas ao longo da história.
As visitas educativas, guiadas por indígenas bilíngues, no espaço físico do Museu, foram iniciadas na década de 1950 (Martinez, 2012) e realizadas até 2016 - retornando, em janeiro de 2024, especificamente com a abertura do jardim ao público. No entanto, atualmente, o Museu não oferece serviço de visitas guiadas, em função da necessidade de reforma de seus espaços expositivos.
B. Visitas às escolas
O programa “Museu do Índio vai à Escola” começou em 2016, com a sistematização de uma prática que já ocorria de forma pontual: a ida de artistas e contadores de histórias indígenas, além de empréstimo de material educativo, com o objetivo de ampliar o acesso, democratizar o conhecimento sobre os povos indígenas do Brasil, especialmente às escolas públicas que têm dificuldades para trazer os estudantes ao Museu e combater o preconceito. Foi também uma forma de atender à demanda de docentes e escolas mesmo com os portões do Museu fechados. Essas atividades tiveram queda expressiva durante a pandemia.
Desde seu início, o Projeto atendeu mais de uma centena de escolas com um público de cerca de vinte mil estudantes, de escolas públicas e particulares, com o predomínio das primeiras, em sua maioria do Ensino Fundamental.
Este programa suscita forte interesse em escolas e professores e a demanda excede, atualmente, a capacidade operacional do setor, que já se estrutura para atendê-la através da contratação de mediadores culturais indígenas a partir de 2025.
C. Material educativo-cultural
Há registros de elaboração e empréstimo de kits de fotografias e de materiais etnográficos com finalidade educativa desde o final dos anos 1980. Nas décadas seguintes os kits foram atualizados, tanto em conteúdo quanto na forma de apresentação. Atualmente ainda são utilizados os kits produzidos nos anos 2000, no período da idealização do projeto Museu do Índio Viajando. Os kits são compostos por materiais etnográficos, livros, jogos, fotos e CDs de músicas, utilizados como materiais de apoio para empréstimo a professores e outras instituições interessadas em desenvolver trabalhos referentes às temáticas indígenas.
O empréstimo de materiais didáticos continuou acontecendo no período de 2016 a 2024, porém em um número menor do que o registrado antes do fechamento dos portões. Atualmente, este eixo passa por uma reformulação, visando estabelecer uma metodologia de consulta a representantes de povos indígenas para atingir uma maior representatividade.
Entre as ações extra muros destaca-se a montagem de exposições temporárias em espaços para além das instalações do Museu do Índio. São mostras itinerantes montadas especificamente para eventos externos, centros culturais e universidades. Esta é uma importante estratégia de divulgação das culturas indígenas e de democratização do acesso a diferentes públicos. Entre 2012 e 2023 o MI levou cerca de 15 exposições a diferentes cidades do Rio de Janeiro.
D. Eventos Culturais e Científicos
O Museu tem um histórico de realização de eventos culturais e científicos iniciado na década de 1950, quando se instaurou, em 1955, o primeiro curso de pós-graduação em Antropologia do país, intitulado “Curso de Aperfeiçoamento em Antropologia Cultural”, sob direção de Darcy Ribeiro, que serviu de base para a criação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia do Museu Nacional/UFRJ. A partir disso o Museu desenvolveu uma tradição na realização de cursos. Dos anos 1970 aos anos 1980 o Museu realizava cursos de férias sobre “Noções de Antropologia”. E entre 1995 e 1999 o Museu iniciou uma série de cursos intitulada “Dimensões das Culturas Indígenas”, em parceria com a Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Entre 2008 e 2013 o curso “Dimensões” foi retomado, e passa a contar com mesas dedicadas aos debates sobre políticas culturais com a participação de lideranças, pesquisadores e artistas indígenas.
Além dos cursos, o Museu tem uma participação importante na realização de palestras, mesas redondas, oficinas e apresentações artístico-culturais. Entretanto, a rotina desses eventos foi reduzida com o fechamento do Museu ao público em 2016. O período da pandemia Covid-19 requereu adaptação dessas atividades para o ambiente virtual. Para tal fim, foram realizadas atividades com colaborações indígenas.
No Centro Cultural Audiovisual de Goiânia - CAud, antes da abertura deste espaço físico a todos os públicos, em 2024, foram realizadas oficinas de introdução às técnicas de audiovisual em modalidade online, no período de 13 de setembro a 16 de novembro de 2021, tendo como instrutores cineastas indígenas e professor universitário, todos com amplo conhecimento na área. Também seguindo esta linha de atuação, no ano de 2023, o CAud realizou mais uma oficina online de Cinema Indígena, ministrada por Takumã Kuikuro.
Atualmente, os eventos encontram-se em fase de retomada com a utilização de espaços cedidos por instituições parceiras, auxiliando no período em que o Museu ainda necessita de adequações em seus espaços. Destaca-se, em 2024, a Feira Uruçumirim, que ocorreu nos jardins do Museu.
E. Parcerias
Ao longo do anos, o Museu estabeleceu colaborações, acordos e convênios, de curta, média e longa duração, realizados entre instituições, organizações e atores sociais diversos, de acordo com as prioridades estabelecidas. Além das atividades presenciais nos espaços internos do Museu, sempre investiu em parcerias institucionais, especialmente para a realização de atividades extra muros. O Projeto Museu do Índio Viajando é um exemplo. O projeto reuniu iniciativas de empréstimo de kits etnográficos e fotográficos para montagem de exposições em espaços culturais, escolas e universidades; malas de jogos e histórias; exposições itinerantes e eventos culturais. Mesmo com as instalações da sede do Museu fechadas ao público, o Museu permaneceu investindo nestas ações como forma de manter as atividades junto aos seus públicos, especialmente o de professores e estudantes. A partir disso foram celebradas parcerias com instituições como Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), Casa de Leitura Dirce Cortês Riedel (UERJ), Museu da República (IBRAM), Museu Villa-Lobos (IBRAM), Casa de Cultura Vila Maria (UENF), Museu de Astronomia (MAST/MCTI), Instituto Moreira Salles (IMS), Instituto Federal Fluminense (IFF) e Secretaria Municipal de Cultura de Maricá.
Em 2024, o Museu iniciou processo para credenciamento de artistas indígenas dos 6 biomas para mediação cultural. Também vem buscando colaborações estabelecidas para fins educativo-culturais com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Biblioteca Nacional (BN), Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiro (IPEAFRO), Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e Secretaria Municipal de Cultura, além de dar continuidade às parcerias com a Casa de Leitura Dirce Côrtes Riede (UERJ), Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Tem buscado, também, estabelecer relações com o entorno, escolas e comunidade Santa Marta, ainda sem programação específica que atenda a este público.
Coordenação/Setor Responsável
Historicamente o Museu conta, na sua estrutura, com um setor responsável pelas ações educativas e culturais. Atualmente, estas atribuições deveriam ser desempenhadas pelo Serviço de Atividades Culturais - SEAC, contribuindo para a promoção e divulgação do patrimônio cultural dos povos indígenas, realizando a criação e o empréstimo de materiais pedagógicos que irão difundir os conhecimentos indígenas a diversos setores da sociedade, envolvendo-se principalmente em ambientes de cunho educativo e cultural. Os trabalhos executados favoreceriam o atendimento qualificado às demandas dos diferentes públicos atendidos pelo Museu.
O SEAC realiza atividades em conjunto com outros serviços e coordenações da instituição, de acordo com as características das atividades programadas como, por exemplo, as mostras itinerantes e a produção de materiais didáticos específicos para escolas, desenvolvidas em colaboração com as coordenações de Patrimônio Cultural e de Divulgação Científica.
As atribuições regimentais que regem o planejamento, execução e avaliação das atividades educativas e culturais do SEAC estão expressas nos artigos 218, 219 e 220 da Portaria nº 666/PRES, de 17 de julho de 2017:
Supervisionar as visitas escolares e executar as atividades de recepção ao público visitante;
Conceber e organizar material informativo para divulgação e empréstimo;
Desenvolver atividades de educação não formal;
Desenvolver os projetos educativos e a comunicação com o público visitante nas exposições do Museu;
Desenvolver atividades e eventos culturais para o público em geral;
Realizar estudos de público participante dos eventos do Museu;
Produzir os eventos culturais no Museu;
Planejar e acompanhar a itinerância de exposições do Museu em outras instituições.
Esta Portaria também estabelece, dentre outras competências regimentais das unidades desconcentradas, a capacitação de representantes dos povos indígenas em técnicas de registro audiovisual (Centro Audiovisual - CAud, em Goiânia) e em documentação etnográfica e audiovisual (Centro Cultural Ikuiapá - CCI, em Cuiabá).
Matriz FOFA
Planejamento do Programa
Questões Centrais
Como ampliar o número de povos indígenas representados nas atividades culturais e educativas?
Como compor os materiais organizados para empréstimo com uma representatividade maior dos povos que habitam os biomas brasileiros?
Como contribuir nas atividades educativo-culturais realizadas nos territórios por educadores indígenas?
Como viabilizar a participação de representações de povos indígenas na elaboração e produção de materiais educativo-culturais?
Objetivo geral
(para os próximos 5 anos)
Promover a participação de indígenas atuando dentro do Museu, visando a valorização e a difusão das expressões artísticas e culturais destes povos, fortalecendo suas identidades culturais e contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
Objetivos específicos
(para os próximos 5 anos)
Elaborar a Política Institucional de Educação Museal, junto aos povos indígenas, em consonância com a Política Nacional de Educação Museal (PNEM);
Aperfeiçoar as atividades educativo-culturais desenvolvidas pelo Museu, por meio da aproximação dos educadores indígenas.
Plano de Ação
Prazo de execução de meta - Curto prazo: 1 ano; Médio prazo: 3 anos; Longo prazo: 5 anos