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Após ser aprovada em concurso público para Funai, diretora do Museu fala sobre os legados de sua gestão
- Foto: Divulgação Museu/Funai
Após um ano e meio à frente da direção do Museu/Funai, Fernanda Kaingáng foi aprovada no Concurso Nacional Unificado (CNU) para o cargo de especialista em indigenismo da Funai e será lotada na Coordenação Regional de Cuiabá. O concurso reservou 30% das vagas para representantes de povos indígenas visando promover a inclusão e a diversidade no serviço público.
Em sua atuação como diretora, uma de suas primeiras medidas foi reabrir os jardins do Museu, que estavam fechados desde 2016, atendendo um pleito da comunidade do entorno, além de realizar diversos eventos que voltaram a dinamizar a instituição enquanto se aguarda a realização das obras de modernização do casarão histórico e de outras dependências.
Fernanda destacou a realização de um seminário preparatório à Conferência Diplomática de Genebra, em 2024, que resultou em um tratado histórico, o qual reconhece os povos indígenas como sujeitos de direitos de propriedade intelectual no âmbito das Nações Unidas.
“Esse seminário tem como desdobramento agora o Colóquio de Paris (que será realizado de 24 a 27 de junho) para discutir repatriação e reparação cultural para os nossos povos, com a nossa participação”, ressaltou.
Outros marcos foram a abertura do Centro Audiovisual, em Goiânia, uma moderna de estrutura destinada à formação e divulgação da produção audiovisual indígena, e a inclusão, em 2024, da Mostra de Cinema Indígena na programação oficial do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA).
Na área de documentação de línguas e culturas, Fernanda Kaingáng lembra que as bolsas destinadas aos indígenas, no projeto em parceria com a Unesco, passaram de R$ 400,00 para R$ 1.850,00 reais. Na gestão indígena foi realizada também a primeira repatriação de uma coleção, com 585 expressões culturais tradicionais de 44 povos indígenas, provenientes do Museu de História Natural de Lille, na França.
Além disso, o Museu/Funai está pagando R$ 1,5 milhão, por meio do Prêmio Cunhambebe Tupinambá, a 50 iniciativas culturais dos seis biomas brasileiros, e elaborou seu primeiro Plano Museológico de forma participativa, envolvendo 73 indígenas de 46 povos diferentes. O plano estabelece as diretrizes que o Museu deve seguir nos próximos cinco anos.
A primeira gestão indígena do Museu tem sido pautada pela gestão compartilhada, por escuta, respeito à diversidade, transparência e compromisso com a memória e a proteção dos direitos culturais dos povos indígenas, mediante o exercício da sua livre determinação como base para a promoção de políticas públicas de cultura com o protagonismo dos povos indígenas de todos os biomas, a partir do conceito de Museus de Culturas Vivas nos territórios.