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Lançamento de documentários fortalece a memória e a luta dos Povos Madiha e Huni Kuĩ
O Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), celebra o lançamento de três documentários que reforçam o papel do audiovisual como ferramenta de preservação cultural e resistência dos povos indígenas.
Os filmes “Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha" e "Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas" integraram a programação do Festival de Cinema Ecos da Terra, realizado em conjunto com a 10ª Mostra de Cinema da Amazônia, realizada em Belém (PA), durante a COP 30, no Museu da Imagem e do Som, e trazem narrativas de autoria indígena que ressaltam a profunda conexão entre cultura, alimentação e práticas agroflorestais dos povos amazônicos.
O documentário “Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha” mostra a realização da festa tradicional Ahie, reunindo representantes do Povo Madiha de diferentes aldeias para a realização do ritual, numa demonstração da importância de manter a cultura, os plantios, a relação com a floresta e a alimentação tradicional. Já “Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas” documenta a festa ancestral Katxa nawa, um ritual do Povo Huni Kuĩ para fortalecer os plantios e a caça em seu território.
A exibição dos filmes contou com o apoio da Federação do Povo Huni Kuĩ do Estado do Acre (FEPHAC), reforçando a importância da articulação entre instituições indigenistas e organizações indígenas para o fortalecimento da produção audiovisual. A FEPHAC, em particular, representa a união e a voz política do povo Huni Kuĩ no Acre, sendo um pilar na defesa de seus direitos e territórios.
O Museu como Guardião da Memória
Além dos filmes dos povos do Acre, o Festival Ecos da Terra exibiu o documentário "A Estética da Diversidade – 70 anos do Museu Nacional dos Povos Indígenas", que conta a história da instituição. O filme relembra a trajetória do Museu, criado em 1953 por Darcy Ribeiro, com depoimentos de servidores, pesquisadores e lideranças indígenas, firmando-se como referência em estudos antropológicos e espaço de resistência.
A diretora do Museu, Juliana Tupinambá, ressaltou o papel vital do MNPI na luta indígena: "O Museu Nacional dos Povos Indígenas é um espaço fundamental para salvaguardar os patrimônios materiais e imateriais dos povos originários. Ele não é apenas um local onde se guardam artefatos indígenas; é um lugar vivo, que protege, valoriza e difunde culturas que seguem fortalecendo seus territórios. O Museu também tem um papel decisivo na retomada de técnicas ancestrais, ao permitir que pesquisadores indígenas estudem o acervo e que nossas comunidades visitem o Museu para reencontrar seus artefatos tradicionais. Esse contato fortalece a memória, revitaliza saberes e combate o apagamento que ainda enfrentamos. A diretora destacou que “ao promover educação e diálogo intercultural, o Museu também contribui para o enfrentamento ao racismo e ao preconceito, ajudando a sociedade brasileira a reconhecer e respeitar os povos indígenas”.
O diretor de "A Estética da Diversidade", o servidor da Funai Rodolpho Villanova Machado, comentou sobre a importância do registro audiovisual para a instituição: "O documentário é um recurso valioso para a memória institucional, registrando depoimentos, momentos históricos e o impacto social do museu, além de tornar o conhecimento mais acessível e inclusivo por meio do audiovisual. Isso garante que as histórias e culturas indígenas sejam preservadas, valorizadas e conhecidas por um público amplo, fortalecendo o museu como uma instituição cultural e científica."
Com a exibição desses filmes, o MNPI e a Funai reafirmam seu compromisso com a valorização da cultura e do protagonismo indígena, utilizando o cinema como uma ferramenta para a defesa dos territórios e a construção de um futuro mais justo e sustentável.