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Colóquio Internacional aprova documento final
No dia 27 de junho, representantes dos povos indígenas dos seis biomas brasileiros e de ecossistemas marinhos e costeiros, participantes do Colóquio Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI, realizado pelo Museu/ Funai e Universidade de Sorbonne Nouvelle, com apoio da Unesco, aprovaram o documento final intitulado “Beya Xarabu – Expressões Culturais Tradicionais, reparação, memória e culturas vivas”.
O documento destaca a necessidade de que os instrumentos internacionais de salvaguarda e proteção das expressões culturais tradicionais dos povos indígenas devem reconhecer que as expressões culturais tradicionais, os conhecimentos tradicionais e recursos genéticos fazem parte indissociável da identidade coletiva dos povos indígenas e são a herança das gerações futuras.
Aponta também que “os territórios indígenas abrigam sabedorias milenares, ciências e tecnologias que tem sido alvo de extrativismos material e intelectual, as línguas expostas a risco de desaparecimento, os cantos, os grafismos, os sistemas de cura, a espiritualidade, a arte, os saberes e modos próprios de organização social, econômica e política”.
No que diz respeito aos museus, os signatários do documento propõem a superação do museu do passado, destinado “a conservar coleções constituídas geralmente em contextos coloniais com a criação de novos museus oriundos de uma concepção museológica que se distancia desse modelo”. E complementa: “para a criação deste museu plural é imprescindível um diálogo profundo com a sociedade civil para assim concretizar as suas expectativas. (...) O caminho para os novos museus seria transformar curiosidade, exotismo e apreciação meramente estética por uma experiência imersiva nas manifestações culturais dos povos ali presentes”.
De acordo com o texto, os museus “devem ser reconhecidos como territórios específicos de afirmação cultural, espaços vivos de disputa simbólica e de reconexão com os nossos saberes ancestrais”.
Outro ponto destacado no documento diz respeito à importância da criação de protocolos de uso das Expressões Culturais Tradicionais dos povos indígenas, pois são “instrumentos legítimos e autônomos criados pelos próprios povos indígenas para estabelecer regras claras sobre o acesso, uso e respeito aos nossos conhecimentos, práticas e patrimônio cultural com o protagonismo das nossas lideranças tradicionais e dos profissionais indígenas e financiamento por parte do Estado e instituições multilaterais”.