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Evento lança alerta sobre baixa vitalidade de grande parte das línguas indígenas
Lançar um alerta sobre a situação de baixa vitalidade de grande parte das línguas indígenas no Brasil e no mundo e discutir alternativas para reverter o quadro foi o principal objetivo do III Seminário Internacional Viva Língua Viva, realizado de 26 a 29 de novembro, na Universidade Estadual de Roraima, em Boa Vista. O evento contou com participação ativa de pesquisadores do Programa de Documentação de Línguas (Prodoclin), desenvolvido pelo Museu/Funai em parceria com a Unesco. Eles participaram de mesas redondas, rodas de conversa e fizeram comunicações sobre os trabalhos que vêm desenvolvendo por meio do Programa.
Isabella Coutinho, pesquisaora do ProDoclin e coordenadora do subprojeto Dicionário Multimídia da Língua Ye’kwana, atuou como presidente da Comissão Organizadora do evento.
A gestora científica do ProDoclin, Chang Whan, e Helder Perri Ferreira, pesquisador do ProDoclin e desenvolvedor da Plataforma Japiim do Museu, participaram da mesa-redonda “Dicionários Multimídia de Línguas Indígenas no Brasil: duas experiências”.
Helder Perri Ferreira também ministrou a Oficina Funcionalidades da Plataforma Japiim: construindo seu dicionário multimídia, apresentando as novas funcionalidades da plataforma e despertando grande interesse dos presentes, especialmente quanto a possibilidade de inclusão de novos dicionários na Plataforma.
Chang Whang mediou a roda de conversa “Dicionários Multimídia e o protagonismo Indígena na pesquisa linguística” que reuniu os pesquisadores indígenas do ProDoclin Artur Garcia Gonçalves, coordenador do subprojeto Baniwa Koripako, Janina Santos Forte, pesquisadora Karipuna do subprojeto Kheuol, e Daniel Alves Ferreira, pesquisador bolsista do subprojeto Taurepang. Os pesquisadores indígenas deram depoimentos, destacando crescimento profissional e pessoal obtido com a participação no projeto.
Os pesquisadores do ProDoclin Luiz Amaral, mentor do projeto Gramáticas Pedagógicas de Línguas Indígenas, Maria Luiza Freitas, pesquisadora responsável pela Gramática Pedagógica Ikpeng, e Maria Shirlene Souza Silva, pesquisadora Wapichana integrante da equipe da Gramática Pedagógica Wapichana, participaram da mesa redonda “Gramáticas pedagógicas: o que é, como se faz”. Eles apresentaram a memória dos trabalhos e os processo de construção das gramáticas pedagógicas e apresentaram aos participante as versões físicas das gramáticas Wapichana e Ikpeng.
O pesquisador Thiago Chacon, coordenador do subprojeto dicionário multimídia Arutani-Ninam e professor de linguística da UnB, apresentou a oficina Elaborando materiais didáticos a partir da plataforma Japiim, acompanhado de Albino Xiriana, colaborador e pesquisador Ninam.
Além das participações em mesas redondas, rodas de conversas e oficinas, os pesquisadores do ProDoclin também apresentaram comunicações sobre seus trabalhos. Carla Daniele Nascimento da Costa e Ana Vilacy Galúcio do subprojeto Sakurabiat apresentaram a comunicação “Gramática Pedagógica Sakurabiat: Experiência de produção de material didático para ensino de uma língua ameaçada”; Janina dos Santos Forte, representando a equipe do subprojeto Dicionário Multimídia das línguas Kheuol, apresentou a comunicação “Documentação Linguística do Kheuol do Uaçá: Reflexões sobre as Etapas I e Il do Dicionário Multimídia Karipuna e Galibi- Marworno”; Antônia Fernanda de Souza Nogueira, coordenadora do subprojeto Gramática Pedagógica da Língua Wayoro, apresentou a comunicação “Experiência de Escrita de uma gramática pedagógica para o ensino da língua Wayoro (Tupi)”.
Sobre o seminário
Com o tema “ Línguas vivas: materiais, materialidades e (materializ)ações”, o evento reuniu membros de comunidades indígenas, docentes, discentes e pesquisadores de universidades, museus e outras instituições acadêmicas e de pesquisa para discutir, intercambiar e fomentar o desenvolvimento de ações de preservação, revitalização e retomada de línguas dos povos originários e de línguas minorizadas.
Foram debatidas ações concretas, incluindo materiais didáticos adequados, para o ensino das línguas indígenas, principalmente em comunidades onde o uso é restrito a falantes mais velhos ou em locais onde a língua vem sendo (re)vitalizada.