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Evento no IRD voltado a estratégias para o fortalecimento da proteção radiológica
O IRD/CNEN promoveu, de 15 a 17 de julho, o Workshop Situação de Exposição Existente - Estratégias para o Fortalecimento da Proteção Radiológica, no instituto, no Rio de Janeiro. O encontro proporcionou um debate técnico-científico sobre os principais desafios e estratégias relacionados às situações de exposição existente, frente à atualização da CNEN 3.01, principal norma do setor nuclear. Dividido em cinco eixos temáticos, contou com a presença do presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Francisco Rondinelli Júnior, e do diretor do IRD, André Quadros. O coordenador de Instalações do Ciclo do Combustível da CNEN, Paulo Marinho, representou o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da autarquia.
Sobre a interação entre as diferentes áreas técnicas institucionais envolvidas, a coordenadora do evento, Mariza Franklin, afirmou que "tratar de situações de exposição existente é um desafio complexo, que exige o olhar técnico da radioproteção, a precisão da dosimetria e o rigor da metrologia, mas acima de tudo requer articulação, sensibilidade institucional e compromisso". Acrescentou que foi muito importante reunir reguladores, pesquisadores e representantes do setor privado para fortalecer o sistema de proteção radiológica nacional.
A situação de exposição existente se configura quando não está associada por um evento súbito (situação de emergência), nem é parte de uma operação planejada, mas já existe no ambiente. Neste caso, a CNEN identifica situações relevantes do ponto de vista da proteção radiológica, atribuindo responsabilidades pela radioproteção e segurança, incluindo o estabelecimento de níveis de referência. A norma CNEN NN 3.01 enfatiza que o nível de referência deve ser considerado como um valor de referência para o processo de otimização, e não como um limite. Estabelece ainda que as ações remediadoras e protetoras devem ser justificadas e a radioproteção, otimizada.
Discussões técnicas
Dividido em cinco blocos temáticos, ao longo do evento foram realizadas discussões sobre indústrias NORM e mineração, indústrias NORM óleo e gás, radônio, radiação cósmica e commodities. Participaram especialistas internacionais, da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), autoridades e profissionais de diversas instituições. Analia Canoba e Rafael García Tenorio, ambos da AIEA, trouxeram contribuições sobre sua experiência internacional. Canoba apresentou sobre exposição ao radônio e estudos epidemiológicos, sobre exposição de tripulações aéreas à radiação cósmica e ainda sobre requisitos regulatórios para controle de commodities não alimentares. Tenorio apresentou sobre descomissionamento de indústrias NORM e gestão de resíduos da indústria de óleo e gás.
Sobre indústrias NORM e mineração, ocorreram apresentações sobre proteção radiológica aplicada mediante a Norma CNEN NN 3.01/2025, fusão e reciclagem de sucata contaminada com NORM, valorização de NORM em linha com a economia circular e valores de dispensa específicos para material de descomissionamento de indústrias NORM. Na área de NORM na indústria de óleo e gás, ocorreram apresentações sobre derivação de nível de dispensa específico para resíduos; desafios no gerenciamento de resíduos e rejeitos nessa indústria; desafios do descomissionamento; alternativas tecnológicas para tratamento e armazenamento; experiência internacional na gestão de resíduos. Como palestrantes, participaram representantes da DRS/CNEN, da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, da Mineração Taboca, da AIEA, da PUC-Rio, da Petrobrás, da Beta B Mais e AIEA.
No segundo dia do encontro, os temas foram radônio e radiação cósmica. Sobre radônio, foram debatidos tópicos a respeito de exposição do público ao radônio; projeto nacional de mapeamento do radônio; contribuição dos registros de câncer de base populacional; estudos epidemiológicos; perspectivas do setor de saúde. Também estiveram em pauta exposição de tripulações aéreas à radiação cósmica; dosimetria externa; projetos e pesquisas na FAB; simulações da exposição; mecanismos de altera baseados em doses de radiação; atuação da Agência Nacional de Aviação Civil. Os palestrantes foram da empresa Radosys; do Serviço Geológico do Brasil; do Instituto Nacional do Câncer; do Ministério da Saúde; da AIEA; do IRD; do Instituto de Estudos Avançados; da ANAC; do Instituto Tecnológico da Aeronáutica; do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais.
No terceiro dia do encontro, as apresentações foram sobre exposição devido a radionuclídeos em commodities; requisitos regulatórios para controle de commodities não alimentares; arquitetura do sistema de detecção radiológica no Brasil; experiência do IRD/CNEN com alarmes em portais; experiência da alfândega brasileira no controle de bens sensíveis. As apresentações ficaram a cargo de representantes AIEA, IRD e Receita Federal. Ao final do workshop, foi organizado um painel com os moderadores e autoridades sobre os desafios da regulação na Situação de Exposição Existente no Brasil . Serão produzidos relatórios técnicos sobre as principais discussões.
O diretor André Quadros agradeceu a todas as instituições que participaram do encontro e a presença dos mais de 160 pessoas na audiência. O workshop foi uma realização conjunta do IRD, do Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC) e da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS/CNEN), em cooperação técnica com a AIEA, no âmbito do Projeto BRA 9062.
Workshop "Situação de Exposição Existente: Estratégias para o Fortalecimento da Proteção Radiológica".