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Conteúdo do arquivo
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ieieieieieieieieieieieieieieo
o
PONTINHOS o
o
Ano LI -- n.o 324 o
Maio-Agosto de 2007 o
Instituto o
Benjamin Constant o
Diretora-Geral o
do IBC o
Sr.a rica Deslandes o
Magno Oliveira o
Fundador de Pontinhos o
Prof. Renato o
M. G. Malcher o
Responsvel por o
Pontinhos o
Kate Q. Costa o
Imprensa Braille o
do IBC o
Av. Pasteur, 350-368 o
Urca, Rio de Janeiro, o
RJ -- Brasil o
22290-240 o
tel: (0xx21) 3478-4457 o
o
Brasil um Pas de Todos o
*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o
<F+>
Sumrio
Seo Infantil
<F->
A Vov Conta Histrias:
Conversa de Pluft e
Maribel ::::::::::::::: 1
O Papel e a Tinta ::: 2
A Formiga e a
Pomba ::::::::::::::::: 4
Divertimentos:
O que , o que ? ::: 5
S Rindo ::::::::::::: 8
Vamos Aprender:
A Rosa-dos-Ventos ::: 11
Para voc Recitar:
Poeta Vista :::::::: 13
Zoologando:
Dingo ::::::::::::::::: 14
Historiando:
A Iara ::::::::::::::: 16
Seo Juvenil
Narrando a Histria:
Haiti Livre :::::::::: 20
O Cientista dos
Trpicos :::::::::::::: 22
Conhecendo nossos
Escritores:
Vincius de Moraes :::: 25
Elefante, o outro
Rei ::::::::::::::::::: 25
Sobe! ::::::::::::::::::: 26
No custa Saber ::::::: 27
As Batatas ::::::::::::: 28
A Carruagem Estrela
em Museu :::::::::::::: 30
Curiosidades :::::::::::: 33
No Espere ::::::::::::: 35
Nosso Brasil:
Tiradentes :::::::::::: 36
Castelos Venda ::::::: 38
Ecoando:
O Elefantinho :::::::: 40
Conhecendo o Mundo:
vora ::::::::::::::::: 42
Os ltimos Anda-
rilhos ::::::::::::::::: 44
Ameno e Instrutivo:
Sempre gua :::::::::: 46
A Cidade mais Fria do
Mundo ::::::::::::::::: 48
til Saber:
Pontos e Traos :::::: 51
Amor e Loucura ::::::: 53
O Homem e Seu
Amigo ::::::::::::::::: 57
X, Sexta-
-Feira 13 :::::::::::: 59
A Escola ::::::::::::::: 60
O Dicionrio
Eclarece :::::::::::::: 61
Fontes de Pesquisa ::::: 62
Ao Leitor :::::::::::::: 63
<F+>
::::::::::
<T+1>
A Vov Conta Histrias
Conversa de Pluft e Maribel
Maria Clara Machado
-- Como que voc se chama? -- perguntou Maribel quase sem fala.
-- Pluft. E voc?
-- Eu sou Maribel.
-- Voc gente, no ?
-- Sou. E voc?
-- Eu sou fantasma.
-- Fantasma, mesmo?
-- , fantasma mesmo.
Nesta hora Maribel j estava se sentindo melhor e at achando aquele fantasminha muito engraadinho.
-- Engraado -- disse ela -- de voc eu no tenho medo.
-- Nem eu de voc -- disse Pluft. -- Engraado.
Os dois riram um pouquinho, meio encabulados. Depois Maribel continuou:
-- Mas sua me tambm fantasma?
Pluft a ficou um pouco ofendido.
-- Claro, ora! Voc queria que ela fosse peixe?
-- E seu pai? -- perguntou Maribel.
-- Meu pai era fantasma de pera. Trabalhava num teatro grande. Mas agora ele morreu, sabe? Virou papel celofane.
Maribel achou muito esquisito fantasma virar papel celofane, mas como no sabia mesmo de onde vinha o papel celofane, achou que talvez fossem todos feitos de fantasmas mortos.
***
O Papel e a Tinta
Leonardo Da Vinci
Certo dia, uma folha de papel que estava em cima de uma mesa, junto com outras folhas exatamente iguais a ela, viu-
-se coberta de sinais. Uma pena, molhada de tinta preta, havia escrito uma poro de palavras em toda a folha.
-- Ser que voc no podia ter-me poupado esta humilhao? disse, furiosa, a folha de papel para a tinta.
-- Espere! Respondeu a tinta. -- Eu no estraguei voc. Eu cobri voc de palavras. Agora voc no mais apenas uma folha de papel, mas sim uma mensagem. Voc a guardi do pensamento humano. Voc se transformou num documento precioso.
E realmente, pouco depois, algum foi arrumar a mesa e apanhou as folhas de papel para jog-las na lareira. Mas subitamente reparou na folha escrita com tinta, e ento jogou fora todas as outras, guardando apenas a que continha uma mensagem escrita.
***
<P>
A Formiga e a Pomba
Uma Formiga foi margem do rio para beber gua e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.
Uma Pomba que estava numa rvore sobre a gua, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A Formiga subiu na folha e flutuou em segurana at a margem.
Pouco tempo depois, um caador de pssaros veio por baixo da rvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da Pomba que repousava nos galhos, alheia ao perigo.
A Formiga, percebendo sua inteno, deu-lhe uma ferroada no p. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha, e isso deu chance para que a Pomba voasse para longe, a salvo.
Moral da Histria:
Quem grato de corao, sempre encontrar oportunidades para mostrar sua gratido.
::::::::::
Divertimentos
O que , o que ?
<R+>
1. O que um ponto amarelo bem gordo na selva?
R: *Yellowfant*.
2. Quantos tipos de animais existem no seu carro?
R: Um macaco, muitas porcas e um burro dirigindo.
3. O que destri tudo com trs letras?
R: Fim.
4. Qual o cmulo do basquete?
R: Mirar na cesta e a bola cair no sbado.
5. O que : diz-se uma vez num minuto e duas vezes num momento?
R: A letra M.
6. O que grande no Brasil e pequeno em Cuba?
R: A letra B.
7. O que o cavalo foi fazer no orelho?
R: Passar um trote.
8. Qual a cor mais barulhenta?
R: A corneta.
9. Qual o bichinho pesava 1 quilo e depois perdeu 200 gramas?
R: O ex-quilo.
10. O que um tijolo falou para o outro?
R: H um ciumento entre ns.
11. Como que se tira leite do gato?
R: Puxando o pires.
12. O que um pontinho vermelho que pula de galho em galho?
R: Morangotango.
13. Qual a punio por cometer bigamia?
R: Ter duas sogras.
14. No aqurio havia dez peixes. Cinco morreram afogados. Quantos sobraram?
R: Peixe no se afoga.
15. Por que a abelha morreu eletrocutada?
R: Porque pousou em uma rosa choque.
16. Qual a diferena entre um general e um balde de ferro furado?
R: O general j foi soldado um dia, mas o balde furado no.
17. Tem uma boca e um s dente, chama ateno de muita gente?
R: O sino.
18. Quem que casa, mas continua solteiro?
R: O padre.
19. Por que o menino estava batendo no relgio?
R: Para matar o tempo.
20. Em que orelha no se pode enfiar cotonete?
R: Na orelha do livro.
<R->
***
<P>
S Rindo
O Presente
ltimo dia de aula, os alunos resolvem presentear a professora. O filho do dono de uma doceria entrega-lhe uma caixa.
-- So bombons?
-- Acertou, professora!
A filha do dono da livraria entrega seu embrulho.
-- um livro?
-- Acertou, professora!
O filho do dono do bar entrega o seu presente. Ela nota um vazamento na embalagem, passa o dedo, apanha uma gota, experimenta e arrisca:
-- vinho branco?
-- No, professora! um cachorrinho. Gostou dele?
O Oculista
Juquinha, um garotinho de oito anos, liga para uma clnica e pergunta:
-- Tem oculista a?
-- Tem sim! -- responde a recepcionista -- Quer marcar uma consulta, nenm?
-- No! No pra mim. Eu s estou tentando ajudar o meu pai!
-- Que bonitinho... Ele est precisando de oculista?
-- Acho que sim.
-- Mas o que que ele tem? Vista embaada, coceira, dor de cabea?
-- No, no nada disso! que hoje de manh eu o vi reclamando que a lmina de barbear est ficando cega!
Rimas na Sala de Aula
No colgio, a professora fala para a turma:
-- Hoje, a aula ser sobre versos e rimas. Mariazinha, diga um verso.
E a Mariazinha:
-- Eu tenho uma coisa
que s minha:
o corao da minha mezinha.
-- Muito bem, Agora voc, Joozinho.
E o Joozinho:
-- Eu fui praia de gua funda, a mar estava baixa e molhou minha canela.
-- U, que besteira essa, menino? O seu verso no rimou.
-- No rimou porque a mar estava baixa, se a mar estivesse alta...
Natal
Final de ano, Joozinho resolve escrever uma carta para o Papai Noel:
-- Querido Papai Noel, fui um bom menino durante todo o ano. Gostaria de ganhar uma bicicleta.
O menino olha para o texto e, insatisfeito, amassa a folha e escreve novamente:
-- Papai Noel, fui um bom menino durante a ltima semana. Por favor, mande-me uma bicicleta.
Novamente Joozinho no se satisfaz. Pensa, vai at o prespio, pega o Menino Jesus, tranca-o em uma gaveta e volta a escrever:
-- Virgem Maria, seqestrei seu filho. Se quiser v-lo novamente, mande-me uma bicicleta.
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Vamos Aprender
A Rosa-dos-Ventos
<R+>
Voc sabe o que uma Rosa-dos-Ventos?
uma rosa sem cheiro
uma rosa sem espinhos
sem pistilo e sem corola
uma rosa, uma rosa,
uma rosa, uma rosa...
No uma rosa que perfuma
uma rosa que orienta;
no uma rosa
de enfeitar a sala
mas de mostrar caminhos;
no uma flor
que nasa e cresa
uma rosa tranqila.
uma rosa desenhada
parada ali no seu canto.
Parada.
Aos ps de todos os mapas
ela orienta os homens
que precisam navegar.
Ela orienta os homens.
Salta mar, salta montanha
salta morro, salta muro
l vem ele l do Leste
abrir a porta do Cu
para o Sol fazer o dia.
E, meu Deus, com que alegria
Elias faz esta festa.
Perdo, Elias o nome
da letra ali, direita
da rosa -- de seu lado
leste --
que sempre uma letra E.
<R->
::::::::::
<P>
Para voc Recitar
Poeta Vista
Carlos Queiroz
<R+>
No sei como pr para fora
essas idias malucas
que me sacodem a cabea.
coisa muito esquisita,
parece assombrao:
palavras que nascem feitas
sem nenhuma explicao.
Contar aos pais
no adianta... Vo dizer:
tudo imaginao!
Falar com a turma... no sei.
Pode virar gozao.
O jeito tentar guardar
esse caso para mim mesmo
e colocar no papel
os recados da emoo.
Uma palavra aqui,
outra palavra ali...
Parece que achei o caminho!
Epa! Mas isso tem cara de verso!
Ser que eu sou poeta?
E agora? Que vergonha!
S me faltava mais essa...
Outro segredo bem trancado
no fundo do corao.
<R->
::::::::::
Zoologando
Dingo
Sou o Dingo, o co selvagem da Austrlia e meu nome cientfico *Cannis Dingo*. Tenho o tamanho de um co pastor. Meu corpo forte, a cabea grossa e o focinho curto. Minhas orelhas, retas, so grandes na base e arredondadas na extremidade. Meu plo curto e ruivo, sendo mais claro no ventre que no dorso. s vezes aparecem dingos de outra cor, mas no so de raa pura.
Alimento-me de carneiros, bezerros, cangurus e outros animais menores. Cao sozinho ou em grupos de cinco ou seis, quase sempre formados pela me e os filhotes.
Mame-dingo tem de seis a oito filhotes em cada gestao. O ninho num buraco ou sob as razes de uma rvore. Em caso de perigo, mame-dingo carrega logo os filhotes para o abrigo.
Meus grandes inimigos so o homem e o co de caa. No gosto de brigar, mas quando acuado e sem outra opo, volto-me contra meus perseguidores e os ataco com fria.
Sou inteligente e, quando capturado jovem, posso ser domesticado. Se meu aspecto fosse mais atraente, h muito o homem teria procurado explorar minha esperteza e faro, que me tornam um animal muito adequado caa.
::::::::::
<P>
Historiando
A Iara
Monteiro Lobato
-- Vamos cachoeira onde mora a Iara -- disse o saci. -- Essa rainha das guas costuma aparecer sobre as pedras nas noites de lua. muito possvel que possamos surpreend-la a pentear os seus lindos cabelos verdes com o pente de ouro que usa.
-- Dizem que muito perigosa -- murmurou Pedrinho.
-- Perigosssima -- declarou o saci. -- Todo o cuidado pouco. A beleza da Iara di tanto na vista dos homens que os cega e os arrasta para o fundo da gua. A Iara tem a mesma beleza venenosa das sereias. Voc vai fazer tudo direitinho como eu mandar. Do contrrio, era uma vez o neto de Dona Benta...
Pedrinho prometeu obedecer-lhe cegamente.
Andaram e andaram. Chegaram a uma grande cachoeira.
-- ali -- disse o saci. ali que ela costuma vir pentear-se ao luar. Mas voc no pode v-la. Tem de ficar bem quietinho, escondido atrs desta pedra e sem licena de espiar a Iara. Se no fizer assim, poder ficar at cego.
O saci partiu, desaparecendo entre samambaias e begnias silvestres.
Vendo-se s, Pedrinho pensou que poderia espiar a Iara com um olho s. Se ficasse cego, ficaria de um s.
Pedrinho saiu, seguindo o mesmo caminho do saci. Sbito, estacou, como fulminado pelo raio. Ao saltar de uma pedra, viu uma ninfa de deslumbrante beleza em repouso numa pedra, a pentear, no espelho das guas, seus longos cabelos verdes como o mar. Em torno dela centenas de vaga-
-lumes descreviam crculos no ar, formando a coroa viva da rainha das guas. Jia assim, nenhuma rainha da terra jamais possuiu.
Esqueceu seu plano de olh-la com um olho s. Olhava com os dois arregaladssimos e, cem olhos tivesse, com todos os cem olharia.
Enquanto isso, ia o Pedrinho se aproximando da Me d'gua, cautelosamente para que ela nada percebesse. Quando chegou a poucos metros dela, deu um pulo de gato e (nhoc!) furtou-lhe um fio de cabelo.
O susto de Iara foi grande. Deu um grito e desapareceu nas guas.
O saci ouviu o grito e correu para encontrar Pedrinho, que ainda no deslumbramento da beleza, jazia de olhos arregalados, imvel, feito uma esttua.
-- Louco! -- Exclamou o saci lanando-se a ele e esfregando-lhe nos olhos um punhado de folhas. -- No fosse o acaso ter posto aqui ao meu alcance esta planta maravilhosa, e voc estaria perdido para sempre. Louco, louqussimo, que voc , Pedrinho! Por que me desobedeceu?
-- No pude resistir. Era to lindo que me considerei at feliz em perder os olhos em troca de contempl-la por segundos.
-- Pois alm de pensar em si, deveria ter pensado em sua av, Narizinho e na sua me. Apesar de ser um simples saci, tenho melhor cabea que voc, pelo que estou vendo...
Aquelas palavras fizeram com que Pedrinho visse a razo do saci.
::::::::::
<P>
Seo Juvenil
Narrando a Histria
Haiti Livre
Eles simplesmente no agentavam mais. Em 1791, meio milho de homens e mulheres negros esfalfavam-se nas plantaes de caf, anil e cana-de-acar nessa ilha colonial francesa. As massas ouviram, em agosto daquele ano, quando Boukman Dutty, um sacerdote de vodu nascido na Jamaica, mandou "jogar fora os pensamentos do Deus branco que tem sede de nossas lgrimas". Armadas de machetes e de vingana, incendiaram as plantaes e ceifaram milhares de vidas humanas na luta pela liberdade. Um ex-escravo autodidata chamado Franois-
-Dominique Toussaint-
-L'Ouverture formou um exrcito que resistiu s tentativas da Frana de retomar o controle, at 1802, quando se rendeu s tropas de Napoleo Bonaparte. A insurreio incomodou o imperador a tal ponto que ele vendeu aos Estados Unidos, no ano seguinte, o territrio da Louisiana, enclave francs no continente, encerrando o sonho de expanso territorial no hemisfrio ocidental. Toussaint no sobreviveu para ver o sonho realizado, mas no Ano Novo de 1804, os rebeldes finalmente cumpriram sua vontade: o Haiti tornou-se a primeira repblica negra livre do mundo. As ondas de liberdade propagaram-se pela Inglaterra e pelos Estados Unidos, onde as notcias da revolta deram flego novo s lutas abolicionistas.
***
<p>
O Cientista dos Trpicos
Carmen Kawano
Depois de defender sua tese em medicina no Rio de Janeiro, Oswaldo Gonalves Cruz (1872-1917) foi para Paris, onde tomou conhecimento das mais avanadas tcnicas e descobertas da microbiologia.
Ele sabia que ao voltar para seu pas, enfrentaria vrios problemas de recursos, falta de material e de ambiente para a pesquisa. Por isso mesmo, enquanto estava na Frana, se tornou at mestre na fabricao de vidros para equipamentos de laboratrio.
De volta ao Brasil, assumiu as pesquisas em microbiologia, formou uma equipe de cientistas e publicou vrios artigos importantes sobre novas espcies de mosquito, doenas causadas por microrganismos e medidas de tratamento contra doenas endmicas. O mdico e cientista se tornou tambm Diretor Geral de Sade Pblica numa poca em que o Pas era assolado por doenas endmicas, causadas pela falta de higienizao e saneamento nas cidades. Oswaldo adotou medidas drsticas como a destruio de casebres insalubres na cidade do Rio de Janeiro e a criao de inspetores de sade para examinar o interior das casas e exterminar focos de mosquitos transmissores da febre amarela.
Essas medidas foram consideradas invasivas pela populao, que passou a se revoltar contra o Dr. Cruz. Mas a maior hostilidade para o mdico surgiu quando ele determinou a vacinao obrigatria contra a varola e enfrentou uma revolta popular. As famlias, na sociedade conservadora, se indignavam pelo fato de as moas terem que mostrar seus braos aos vacinadores.
Este era o ambiente em que Oswaldo Cruz travava sua batalha contra as doenas tropicais, em um tempo em que a microbiologia era praticamente inexistente no Brasil. A populao desconhecia as causas das enfermidades e olhava as agulhas e ampolas com muita desconfiana.
Apesar dos obstculos, Cruz erradicou a peste bubnica, a malria, a varola e a febre amarela no Rio de Janeiro e inaugurou a era da medicina experimental no Pas. Ele ainda fez o trabalho de saneamento da regio da estrada de ferro Madeira-Mamor, na Amaznia, tornou-se prefeito de Petrpolis e foi eleito imortal como membro da Academia Brasileira de Letras, ttulo conquistado especialmente pela sua contri-
<P>
buio cincia e sade do Brasil.
***
Conhecendo nossos Escritores
Vincius de Moraes
Vincius de Moraes nasceu e morreu no Rio de Janeiro. Aos 11 anos, escreveu com colegas do curso secundrio o pico em dez cantos "Os Acadmicos". Comeou a compor aos 14. Entrou para a Faculdade de Direito com 17 anos, formando-se aos 20. Nessa poca publicou seu primeiro livro de poesias, "O Caminho para a Distncia".
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Elefante, o outro Rei
Embora o leo seja considerado o rei dos animais, ningum nega a majestade do elefante africano, o maior dos animais terrestres. Um macho mdio mede 3 metros de altura e pesa 6 toneladas. No entanto, o maior elefante j encontrado -- e abatido a tiros em 1974, em Angola -- media 4 metros e seu peso foi estimado em 12 toneladas.
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Sobe!
De cartola e barba bem aparada, l estava um mecnico sem grandes perspectivas, aos 42 anos, de p na plataforma. Ela estava sendo iada por uma corda enrolada num cilindro, sobre a multido de espectadores de uma feira de Nova Iorque em 1854. De repente, Elisha Graves Otis mandou que cortassem a corda. A multido engoliu em seco. A plataforma caiu alguns centmetros e estancou. Otis tirou a cartola e gritou: Tudo bem, meus senhores, tudo bem! Assim nasceu a metrpole e seus arranha-cus.
Ao desenhar a mola que engatava dentes de ferro em entalhes dos trilhos-guias quando a tenso do cabo afrouxava, Otis criou o primeiro elevador de segurana. Pena que morresse sete anos depois devendo 3 mil dlares e sem ver sua inveno mudar a cena urbana do planeta. Seu smbolo mximo o Empire State Building: 10 milhes de tijolos, 6.400 janelas e 102 andares, que se podem ver de 80 quilmetros mar adentro -- e escalar em poucos minutos.
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No custa Saber
Sob (ou sobre?) seus olhos, a criana sumiu!
A criana estava debaixo da guarda da pessoa que falou; logo, a criana estava sob a sua guarda, no mesmo? Devemos usar sob, para dizer embaixo de, em posio inferior, e sobre para indicar na parte superior de, em cima de: "O delegado exerce poder sobre o subor-
dinado. Pode indicar ainda a respeito de.
***
A palavra tem no existe;
Tem -- a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo ter;
Tm -- a terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo ter.
Observe: Ela tem juzo (singular); Elas tm juzo (plural).
O acento circunflexo que indica o plural.
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As Batatas
Certo dia, um professor pediu aos alunos: -- Na prxima aula tragam uma sacola com batatas.
Quando trouxeram, solicitou que separassem uma batata para cada pessoa que os magoara ou de alguma forma os fizera so-
frer. Ento, escrevessem o nome da pessoa na batata e a colocassem dentro da sacola.
Eles comearam a pensar, e foram lembrando uma a uma...
Algumas sacolas ficaram muito pesadas!
A tarefa seguinte era durante uma semana, carregar consigo a sacola de batatas, para onde quer que fossem.
Com o tempo as batatas foram se deteriorando.
Era um incmodo carregar a sacola o tempo todo e ainda sentir seu mau cheiro.
Alm disso, a preocupao em no esquec-la em algum lugar fazia com que deixassem de prestar ateno em outras coisas que eram importantes para eles. E foi assim que os alunos entenderam a lio de que carregar mgoas to ruim quanto carregar batatas podres.
Quando damos importncia aos problemas no resolvidos ou s promessas no cumpridas, nossos pensamentos enchem-se de mgoa, aumentando o estresse e roubando nossa alegria.
Perdoar e deixar estes sentimentos irem embora a nica forma de trazer de volta a paz e a calma; ento... jogue fora suas batatas!
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A Carruagem Estrela em Museu
Laura Antunes
O delicado trabalho de recuperao de trs carruagens do sculo XVIII, que vem sendo feito s vistas do pblico que visita o Museu Histrico Nacional, no Centro -- RJ -- reservou uma surpresa aos restauradores: ao raspar a camada de verniz que protegia a pintura preta, com desenhos de caveira em dourado, da primeira carruagem -- usada at o sculo XIX para cortejos fnebres -- a equipe descobriu um imponente braso, revelando que o veculo pertenceu famlia real portuguesa.
A retirada do verniz prosseguiu e, alm do braso, os restauradores descobriram o vermelho da tinta original da carruagem, doada ao museu na dcada de quarenta. A descoberta levou os restauradores a tomarem uma deciso: numa lateral ser preservada a pintura fnebre e, na outra, ser preservada a pintura colorida e o braso. Como as carruagens esto numa sala envidrada, a restaurao pode ser vista pelo pblico.
quase certo que a segunda carruagem tambm tenha sido da famlia real portuguesa. As peas fazem parte de um acervo de onze carruagens vindas de Portugal para o museu, entre 1945 e 1948 -- dez doadas pelo dono de uma casa funerria e a dcima primeira, por um antiqurio. A equipe do museu no sabe quando as carruagens reais viraram carros fnebres, mas acredita que possam ter sido vendidas, j que a frota de Lisboa era tida como exagerada.
Desde que chegaram ao museu, as carruagens sempre estiveram abertas visitao. Com o passar dos anos, parte do acervo passou por restaurao. Porm, trs delas precisavam de cuidados especiais. Por isso, foram separadas e ano passado os restauradores comearam o trabalho.
Das onze carruagens, oito j foram restauradas. Trs, porm, estavam muito deterioradas -- diz a museloga Lia Fernandes, coordenadora do trabalho.
O museu possui a maior coleo de carruagens do Brasil -- so 24 peas -- e a descoberta, segundo Lia, trouxe maior importncia ao acervo: -- Tnhamos apenas carruagens que foram de Dom Pedro II ou familiares.
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Curiosidades
Nas alturas, o efeito do lcool maior -- No d para dizer exatamente o quanto, mas o lcool, com certeza, embriaga mais se tomado dentro de um avio. Mesmo com a pressurizao, impossvel imitar a atmosfera que se respira na superfcie. Por isso, a quantidade de oxignio acaba sendo menor. Assim, todos os rgos funcionam mais lentamente e o lcool permanece mais tempo no organismo, o que aumenta o seu efeito. tambm por esse motivo que a comida do avio tem que ser de digesto fcil.
Ingls tem palavra que no acaba mais -- Apesar de ningum saber exatamente quantas palavras ele comporta. O nmero est entre 500 mil e 1 milho, estima o lin-
gista Flvio di Giorgio, da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. A explicao para o exagero a quantidade de pases que adotam o idioma. No total so 45, com cerca de 322 milhes de habitantes. Cada regio acaba criando um vocabulrio parte. Se todos esses dialetos fossem somados, a montoeira de palavras no caberia em nenhum dicionrio. O ingls se tornou uma espcie de esperanto, afirma o lingista Luiz Tatit, da Universidade de So Paulo. Ele se refere lngua que foi criada no final do sculo passado, com o objetivo de tornar-se compreendida por todos os povos. O papel do esperanto acabou sendo roubado pelo ingls, devido hegemonia poltica e expanso territorial da Inglaterra e dos Estados Unidos. Entretanto, a campe no a mais falada do mundo. Quem leva esse ttulo o mandarim, usado por 885 milhes de asiticos, sobretudo da China.
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No Espere
No Espere um sorriso, para ser gentil.
No Espere ficar de luto, para reconhecer quem hoje importante para voc.
No Espere ter dinheiro aos montes, para ento contribuir.
No Espere elogios, para acreditar em si mesmo.
No Espere ser amado, para amar.
No Espere o melhor emprego, para comear a trabalhar.
No Espere pela pessoa perfeita, para ento se apaixonar.
No Espere a dor, para acreditar na orao.
No Espere ficar sozinho, para reconhecer o valor de quem est ao seu lado.
No Espere a enfermidade, para perceber o quanto frgil a vida.
No Espere magoar, para pedir perdo.
No Espere a queda para lembrar do conselho.
No Espere a separao, para buscar a reconciliao.
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Nosso Brasil
Tiradentes
A cidade que nasceu no incio do ciclo do ouro, em 1702, com o nome de Arraial Velho de Santo Antnio, e foi bero de um certo Joaquim Jos da Silva Xavier, hoje tem mais a ver com o turismo do que com as intrigas polticas. De todo jeito, a liberdade ainda a cara de Tiradentes -- quem vai para l se livra dos ares poludos dos tempos modernos e mergulha em um lugar onde o mundo continua no sculo XVIII. Aqui possvel ver de perto procisses como a das Sete Dores Gloriosas de Maria Santssima, com imagens do Senhor dos Passos e da Virgem Dolorosa, que marcham lentamente em nome de uma vigorosa tradio. Ou, ainda, viajar no Maria-Fumaa que leva at So Joo Del Rey.
Comida boa, pousadas excelentes, gente quieta e clima ameno, Tiradentes, cidade de 86 quilmetros quadrados, 887 metros de altitude e pouco mais de dez mil habitantes, um achado. Pepita de ouro entre as montanhas. Esta a sensao de muito andarilho, que desistiu de ser s turista e resolveu radicalizar: mudar para a terra da galinha com ora-pro-nbis -- uma erva que tem mais protena do que a carne de boi -- do bolinho de feijo, da cachacinha, dos santeiros e das suaves serestas.
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Castelos Venda
Certa vez, um homem engraado que conheci numa festa, em Paris, convidou-me a visitar o castelo que acabara de comprar na Borgonha, regio famosa pela comida e os vinhos. Entregou um carto de visita com o nome de Conde de Montfort, explicando que no era o verdadeiro. "Sempre impressiona um ttulo de nobreza", disse. Fui l. No parque de dez hectares, em torno do castelo do sculo XIX, umas dez pessoas estavam cortando rvores, limpando carneiros com xampu, regando a grama, trabalhando feito desgraados. Outras limpando os 120 apartamentos vazios. "Que isso?", perguntei. Veio logo a resposta: "Quem vem aqui tem que prestar ajuda." Descasquei batatas e fui embora.
A Frana o pas da Europa que possui o maior nmero de castelos. So de todas as pocas: do sculo XV at o sculo XX. Fortalezas medievais, castelos gticos, palcios da Renascena. Muitos pertencem ao Estado, como no vale do Rio Loire, onde h mais de 130 com entrada paga. O mais lindo a meu ver Chenonceaux construdo para homenagear trs rainhas. Porm h 40 mil castelos, meio abandonados, que pertencem a proprietrios sem recursos para mant-los. Esto venda. De alguns anos para c, franceses mais afortunados, alemes, americanos e ingleses esto investindo nessas construes. Os mais procurados so do sculo XVIII. Os do sculo XV agradam menos: so escuros e carecem de conforto.
As duas regies mais procuradas so a Normandia, com os seus campos cobertos de macieiras, vacas gordas cujo leite produz o queijo
camembert, as colinas verdes por causa da chuva quase permanente, e a regio do Rio Loire, cuja luminosidade suave e os seus vinhedos brancos lhe deram a fama de ser a *Douce France*, cantada por Charles Trenet. Muitos castelos, por sua histria e arquitetura, foram tombados.
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Ecoando
O Elefantinho
Vincius de Moraes
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Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim to desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o p no espinho
Que sentes, pobre coitado?
-- Estou com um medo danado.
Encontrei um passarinho!
Onde foste, elefantinho?
Com essa cara assustada,
Com esse andar apressado,
Viste mais que um passarinho.
Se fosse s o pezinho
Que feriste no espinho,
Com certeza estarias
Mancando devagarinho.
Esses olhos to tristonhos,
Essa tromba to cada,
Essas orelhas de abano...
Estars de mal com a vida?
-- No reparaste em meu sorriso?
Cad minhas presas imensas
S posso ir pra bem longe
Do homem que pouco pensa.
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Conhecendo o Mundo
vora
vora, que durante a invaso dos brbaros ficou sob o poder dos visigodos, foi reconquistada pelos cristos em 1165 e reintegrada ao Reino de Portugal. Durante a dinastia de Aviz, entre 1385 e 1580, vora tornou-se a segunda cidade mais importante do pas. Em 1755, com a destruio de Lisboa por um terremoto, vora tornou-se a mais importante cidade da fase dourada de Portugal.
Restaurao requintada -- A belssima arquitetura da cidade foi muito copiada, principalmente aqui no Brasil. As casas brancas, os magnficos azulejos e as fortificaes que rodeiam a cidade, tornaram vora um grande ponto turstico. nesse paraso, que se localiza a Herdade de Azinhal, de nossos amigos portugueses. A casa lindssima. A restaurao foi perfeita e na decorao foram usados mveis seculares restaurados com estofos modernos. O resultado uma belssima decorao.
Elegncia no campo -- Em vora, a caada uma das mais animadas, pois rene grupos de caadores de vrias nacionalidades, como gregos, espanhis, americanos e brasileiros. Na primeira noite o jantar esporte, servido na Cave, com cantoras de fado e msicas regionais. Nas outras duas noites, segue o estilo clssico de todas as caadas elegantes: *black-tie* e
*placement*. No almoo, armada uma tenda no campo e servido um almoo tpico, com diferentes pratos de bacalhau e o famoso leito de leite. Na propriedade existe uma capela que fica sempre aberta. Os jardins, como na maioria das quintas, cheio de flores coloridas e perfumadas. Quem viaja para Portugal no pode deixar de conhecer a cidade de vora.
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Os ltimos Andarilhos
Em primeiro lugar, preciso embarcar num monomotor em Windhoek, capital da Nambia. O vo leva duas horas at uma pista de pouso no meio do Deserto de Namib. Depois, so mais duas ou trs horas de jipe at a regio do Rio Kunene, um dos raros da Nambia que consegue vencer o deserto e alcanar o mar.
aqui que os himbas moram, cerca de 12 mil deles. E a aventura de encontr-los traz consigo uma surpresa: eles falam portugus! como pode? Simples: eles esto acostumados a caminhar at 80 quilmetros durante vrios dias em busca de gua para o gado. No raro atravessam o Kunene e vo parar em Angola, onde aprendem portugus com a populao local.
Os himbas so um dos ltimos povos nmades da frica. Saram da Etipia no sculo XV e vieram a p at a Nambia, carregando com eles seus rebanhos de ovelhas e bois. Ao contrrio das outras etnias africanas, no se estabeleceram de forma permanente. Moram por alguns meses em aldeias provisrias e, quando um osis seca, mudam-se para outro local.
De tanto andar, acabaram escapando das armadilhas do progresso. Suas tradies so as mesmas de centenas de anos atrs, inclusive o hbito das mulheres de cobrir o corpo com leo avermelhado, mistura de banha de boi com pedra local. assim que elas se protegem do sol. As moas tambm comandam uma sociedade poligmica, na qual podem ter relaes sexuais com vrios homens.
E para onde vo, os himbas levam seu gado. Esse o item mais valioso de sua cultura, smbolo de status e poder. O roubo das reses o nico crime punvel com morte. Os bois so to importantes que, quando um homem morre, parte do rebanho sacrificado e as cabeas dos animais abatidos so empilhadas junto sepultura
para proteger o esprito do morto.
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Ameno e Instrutivo
Sempre gua
Cerca de 70 por cento do nosso corpo formado de gua. Isso quer dizer que para cada 100 partes existem 70 de gua no corpo humano. Assim, uma pessoa com 60 quilos possui 42 quilos de gua.
Os seres vivos tm gua em seu corpo.
A batata, por exemplo, tem 75 por cento; o pepino, 96 por cento e a melancia, 98 por cento de gua.
A superfcie da Terra tem apenas 30 por cento de terra firme e 70 por cento de gua, a maior parte distribuda por 5 oceanos: Pacfico, Atlntico, ndico, rtico e Antrtico. Juntos, esses oceanos contm mais de 90 por cento de toda a gua do planeta.
O Pacfico o maior dos oceanos. Cobre um tero da Terra e tem 165 milhes de quilmetros quadrados.
Sua parte mais profunda, nas Ilhas Marianas, a leste do Hava, atinge 11.500 metros, equivalente a 7 vezes a profundidade do Grand Canyon, nos Estados Unidos.
A costa do Brasil tem 7.367 quilmetros e o Estado da Bahia dono do maior trecho: 932 quilmetros de praias.
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A Cidade mais fria do Mundo
a pequena Oymyakon, na lngua do povo iacuto, "gua que no congela". Tremenda ironia: o cho deste vilarejo siberiano de 900 habitantes permanece congelado at no vero. O nome, na verdade, se refere fonte do Rio Kuidusun, cuja gua, sempre corrente, garante que a vida neste lugar seja possvel. Foi em 26 de janeiro de 1926 que se registrou a menor temperatura do planeta num lugar habitado, espantosos 71,2 graus centgrados abaixo de zero. Menos que isso, s na Antrtica, onde os termmetros chegam a 89 graus negativos numa estao russa.
E a pequena Oymyakon no est to perto do Plo Norte nem a grande altitude, como se poderia imaginar. Fica a 700 metros do nvel do mar e sua latitude de 63 graus, distante ainda 3 graus do Crculo Polar rtico. Tamanho frio acontece porque o vale onde o povoado se situa est cercado de montanhas que no deixam as massas de ar quente entrar. Os moradores de Oymyakon nem sabem o que viver acima do zero grau centgrado.
Obviamente, no h encanamento por aqui. E as casas so todas de madeira. Felizmente h escola, hospi-
tal, discoteca e at conexo com a Internet. Afinal, preciso estar preparado: o inverno, perodo em que a temperatura ronda os 40 graus negativos, dura nove meses. Isso to frio que o hlito transforma-se em pequenos cristais de gelo quando se abre a boca.
As tetas das vacas tambm congelam e, para no ficar sem leite, os habitantes locais costumam proteg-las com abrigos de pele.
Nos piores dias de inverno, o frio chega a 60 graus negativos em Oymyakon. O solo comea a rachar e o ar estala. As escolas fecham e ningum sai de casa. H relatos de passarinhos congelados em pleno vo, que se esmigalham como vidro quando caem ao cho. Diante disso, no difcil entender por que essa gente considera 30 graus negativos um clima "agradvel". Para sorte deles, os cientistas acreditam que os 71,2 graus negativos registrados h 80 anos, jamais se repetiro, por conta do aquecimento global. Ou seja, nem na cidade mais fria do mundo se fazem invernos como os de antigamente.
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til Saber
Pontos e Traos
Simples pontos e traos podem provocar uma revoluo? Pois foi o que aconteceu, no sculo XIX, nas comunicaes, quando o americano
Samuel Morse bolou um cdigo de telegrafia. As combinaes, formando letras, passaram a ser transmitidas por um aparelho eletromagntico, atravs de fios, na forma de pulsaes de corrente: uma corrente curta, um ponto; uma corrente longa, um trao. E foi assim que, em 1844, se realizou a primeira transmisso telegrfica. Aqui no Brasil, o Rio de Janeiro foi a primeira cidade a contar com um servio telegrfico, em 1862.
Mas instalar postes e fios, para as mensagens telegrficas chegarem cada vez mais longe, era um problema s vezes caro e perigoso. No Brasil -- que comemora a instalao do telgrafo dia 24 de maio, o Marechal Cndido Rondon ficou famoso por desbravar regies distantes e pacificar tribos indgenas, justamente por causa da necessidade de instalar redes telegrficas.
Foi a que entrou em cena o italiano Giuglielmo Marconi, que combinou vrios processos de transmisso de ondas e inventou o telgrafo sem fio. Com o passar do tempo, mesmo com a evoluo da tecnologia e os satlites artificiais, o velho telgrafo no deixou de prestar servio. Suas tcnicas, combinadas com outras, deram origem a vrios sistemas como o teletipo, a radiofoto e o fax.
Dia do Telgrafo -- 24 de maio
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Amor e Loucura
Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da Terra. Quando o
Aborrecimento havia reclamado pela terceira vez, a Loucura, como sempre to louca, lhes props:
-- Vamos brincar de esconde-esconde?
A Intriga levantou a so-
brancelha, intrigada, e a Curiosidade, sem poder conter-se, perguntou:
-- Esconde-esconde? Como isso?
-- um jogo, explicou a Loucura, em que eu fecho os olhos e comeo a contar de um a um milho enquanto vocs se escondem.
Quando a Loucura estava l pelos 999.999, o Amor ainda no havia encontrado um local para esconder-se, pois todos j estavam ocupados, at que encontrou uma roseira e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.
A primeira a aparecer foi a Pressa, apenas a trs passos de uma pedra.
Depois, escutou-se a F discutindo com Deus, no cu, sobre zoologia.
Sentiu-se vibrar a Paixo e o Desejo nos vulces.
Em descuido, a Loucura encontrou a Inveja e, claro, pde deduzir onde estava o Triunfo. O Egosmo, no teve nem que procur-lo: ele sozinho saiu disparado do seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a Loucura sentiu sede e, ao aproximar-se de um lago, descobriu a Beleza. A Dvida foi mais fcil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca, sem decidir de que lado esconder-se.
E assim foi encontrando a todos. O Talento entre a erva fresca, a Angstia em uma cova escura, a Mentira atrs do arco-ris -- mentira, estava no fundo do oceano -- e at o Esquecimento, que j havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o Amor no aparecia em nenhum local.
A Loucura procurou atrs de cada rvore, embaixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e comeou a mover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos.
A Loucura no sabia o que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu perdo e at prometeu ser seu guia.
Ento, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra, o Amor cego e a Loucura sempre o acompanha.
Dia dos Namorados -- 12 de junho
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O Homem e seu Amigo
Um homem e o seu co caminhavam por uma estrada. Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que tanto ele quanto o seu co haviam morrido num acidente. s vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condio... A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de gua. Numa curva do caminho avistaram um porto magnfico, todo de mrmore, que conduzia a uma praa calada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava gua cristalina. O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita guardava a entrada. Bom dia, ele disse. Bom dia, respondeu o homem. Que lugar este, to lindo? ele perguntou. Isto aqui o cu, foi a resposta... Que bom que ns chegamos ao cu, estamos com muita sede, disse o homem. O senhor pode entrar e beber gua vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte. Meu co tambm est com sede. Lamento muito disse o guarda -- Aqui no se permite a entrada de animais. O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande. Mas ele no beberia, deixando seu fiel amigo com sede. E assim, prosseguiu seu caminho...
Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansao multiplicados, ele chegou a um stio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha semi-aberta. A porteira se abria para um caminho de terra, com rvores dos dois lados que lhe faziam sombra. sombra de uma das rvores, um homem estava deitado, cabea coberta com um chapu, parecia que estava dormindo. Bom dia, disse o caminhante. Bom dia, disse o homem. Estamos com muita sede, eu e o meu co. H uma fonte naquelas pedras, disse o homem, indicando o lugar. Podem beber vontade. O homem e o seu co, correndo alegremente, foram at a fonte e... saciaram a sede. Muito obrigado, ele disse ao sair. Voltem quando quiserem, respondeu o homem. A propsito -- disse o caminhante -- qual o nome deste lugar?; Cu, respondeu o homem. Cu??? Mas o homem da guarita ao lado do porto de mrmore, disse-me que l era o cu!; Aquilo no o cu, aquilo o inferno! E o caminhante ficou perplexo. Mas ento -- disse ele -- essa informao falsa deve causar grandes confuses. De forma alguma -- respondeu o homem -- na verdade, eles nos fazem um grande favor, porque l ficam aqueles que so capazes de abandonar seus melhores amigos....
Dia do Amigo -- 20 de julho
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X, Sexta-Feira 13
A negatividade ligada ao nmero 13 antiga. Segundo um mito nrdico, o deus Odin convidou outras 12 divindades para um banquete. Enciumado por no ter sido chamado, Loki arma uma cilada e mata Baldur, o belo filho de
Odin. Da a crena de que ter 13 pessoas para jantar desgraa certa. O cristianismo confirma: na Santa Ceia estavam os 12 apstolos mais Jesus. Judas, o traidor, era o #,:o.
Dia do azar -- 13 de agosto
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A Escola
Vanessa Souza -- 14 anos
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A escola o lugar
Onde se aprende a aprender
Quer pblica ou particular
L se aprende a vencer
Pode ser grande ou pequena
Bem antiga ou mesmo nova
Vai sempre valer a pena
Estudar e fazer prova
E a professora talvez
No seja muito elegante
Se ensina bem portugus
Isso j o bastante
Nem todos podem estudar
"Estudar o que eu queria"
Pois tm de aos pais ajudar
Quem sabe podero um dia
O combate ao trabalho infantil
requer mais divulgao
Mais campanha estudantil
Pra criana ter livro na mo
<R->
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O Dicionrio Esclarece
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acervo -- conjunto das obras de uma biblioteca, um museu, etc.
acuado -- perseguido, acossado, em dificuldades
braso -- escudo de armas; emblema de pessoa ou famlia nobre
enclave -- terra ou territrio encravado noutro
endmicas -- doenas peculiares a um povo ou regio
erradicou -- arrancou pela raiz ou razes; extirpou
hegemonia -- preponderncia; supremacia; domnio
insalubres -- nocivos sade; que no so saudveis; doentios
invasivas -- agressivas; hostis; relativas a invaso
microorganismo -- organismo extremamente pequeno; micrbio
mitologia -- coisa fictcia; irreal; fbula
opo -- decidir-se por uma coisa (entre duas ou mais coisas); preferncia
perspectivas -- expectativas; probabilidades
visigodos -- indivduos da tribo dos godos do oeste da Germnia que a habitaram nos sculos III ao V
vodu -- culto parecido com a macumba praticado nas Antilhas
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Fontes de Pesquisa
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Edies Melhoramentos
Jornal do Brasil
Jornal O Dia
Jornal O Fluminense
Jornal O Globo
Jornal T Limpo
Livro A Arca de No
Livro Fbulas de Esopo
Livro Lendas Brasileiras
Revista Coquetel
Revista Manchete
Revista Planeta
Revista Superinteressante
Revista Veja
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Ao Leitor
Solicitamos aos leitores de Pontinhos abaixo mencionados, que nos enviem seus endereos completos, para evitar que suas revistas voltem.
Favor verificar se esto retidas no correio.
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Andra Cristina Ferreira Lima
Armindo Joo P. Amaral
Csar Cordeiro Beares
CAP -- CIEP -- Dona
Neusa Brizola -- RJ
Centro Municipal Integrado de Educao Especial -- PB
Elieser Tavares de Oliveira
Elizete Nair Vieira
Martins
Dircelia Faria dos Santos
Diviso de Apoio ao Deficiente Visual
Francisca Cla Almeida
Francisco Luiz de Sousa
Gilberto Borges da Silva
Heider Campos Pinheiro
Jamile Pires Ferreira
Job Jos Galdino
Jos R. Gonalves da Fonte
Lcia Bezerra Franco
Luciene dos Reis Breder
Luiz Fernando da Cunha Abreu
Luzia Guimares
Manuel Medino
Maria A. dos Santos
Paulo Alexandre Barleta
Silvia Regina Pacheco
Unidade Educacional de
Deficiente Visual -- RJ
Wilson Rodrigues Pereira
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