Notícias
V Escola Doutoral encerra debates sobre políticas educacionais e trabalho docente após cinco dias de atividades na Fundaj
A V Escola Doutoral – Políticas Educacionais e Trabalho Docente: Diálogo entre o Sul e o Norte chegou ao fim na sexta-feira (29), na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Campus Ulysses Pernambucano, no Derby. Durante cinco dias, o evento reuniu pesquisadores, docentes e estudantes em um espaço de reflexão e intercâmbio acadêmico, reafirmando sua relevância como iniciativa internacional de diálogo sobre educação e trabalho docente. A programação contou com debates, conferências, oficinas e momentos culturais realizados nos campi da Fundaj.
Confira a cobertura dos dias anteriores:
A mesa de encerramento reuniu a presidenta da Fundaj, Márcia Angela Aguiar; o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes; a vice-presidenta do Sintepe, Cíntia Sales; a professora Dalila Andrade Oliveira (UFMG/CNPq); e o professor Romuald Normand (Université de Strasbourg, França). Também participaram as pesquisadoras da Fundaj Cibele Rodrigues, Patrícia Simões e Zarah Lima, responsáveis pela organização local junto com Marília Cibele (Sintepe).
Entre os temas debatidos no encerramento estiveram o papel das elites na educação, os efeitos da política no orçamento público, a defasagem no financiamento das universidades federais e os desafios da educação diante das transformações do cenário mundial de poder. O professor Romuald Normand destacou que elites políticas e econômicas capturaram espaços de decisão e passaram a direcionar os sistemas educativos conforme seus interesses. “As elites políticas e econômicas, aliadas à lógica neoliberal, capturaram os espaços de decisão e transformaram a educação em um instrumento de reprodução das desigualdades. É nesse cenário que a escola passa a ser um território de disputa: de um lado, a tentativa de conservar privilégios; de outro, a necessidade urgente de formar cidadãos críticos capazes de enfrentar as injustiças históricas.”
O reitor Alfredo Gomes abordou a situação das universidades públicas brasileiras. Ele ressaltou que, apesar das limitações, o país ocupa a 20ª posição na produção científica mundial, resultado sustentado quase integralmente por essas instituições. “São as universidades que sustentam o lugar do país na divisão internacional da produção de conhecimento e garantem a presença brasileira no tabuleiro da geopolítica global”, afirmou. Ele também criticou o modelo de financiamento. “Quando analisamos o orçamento das universidades federais nos últimos 30 anos, o que se evidencia é um modelo de financiamento essencialmente político, centralizado e sujeito às mudanças de governo. Essa lógica fragiliza as universidades, que deveriam ser tratadas como instituições de Estado, com financiamento contínuo e previsível, e não como reféns das conjunturas políticas.”
A presidenta da Fundaj, Márcia Angela Aguiar, destacou a importância da articulação entre cultura e educação. “A cultura é estratégica porque rompe paradigmas conservadores e resistências impostas historicamente por nações hegemônicas. Investir em cultura e educação de forma articulada é condição fundamental para enfrentar essas assimetrias e afirmar uma presença ativa e soberana na cena internacional.”
Por sua vez, a professora Dalila Andrade Oliveira agradeceu à Fundaj pela acolhida e reforçou o alerta sobre o financiamento universitário. “Nós precisamos muito preservar as nossas universidades. A manutenção dessas instituições passa necessariamente pelo orçamento. Quando elas começam a sofrer cortes, são empurradas para o mercado privado, a vender consultoria e buscar parcerias. Já vimos esse filme em outros países”, afirmou.