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Fundaj promove abertura da V Escola Doutoral - Políticas Educacionais e Trabalho Docente: Diálogo entre o Sul e o Norte
A Sala Derby do Cinema da Fundação recebeu, nesta segunda-feira (25), a abertura da V Escola Doutoral - Políticas Educacionais e Trabalho Docente: Diálogo entre o Sul e o Norte, realizada pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em parceria com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Política Educacional e Trabalho Docente (INCT-Gestrado), da Universidade Federal de Minas Gerais. O evento acontece até o dia 29 de agosto e deve reunir pesquisadores, estudantes de doutorado e egressos de mestrado de diversos países das Américas Latina e do Norte, Europa, África e Ásia.
Na mesa de abertura estavam presentes Márcia Ângela Aguiar, presidenta da Fundaj; Dalila Andrade Oliveira, coordenadora do INCT-Gestrado; além de representantes da Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Facepe, Capes, Sintepe e Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Após detalhar como atua a Fundaj no Estado, a presidenta falou da importância da rede de pesquisadores V Escola Doutoral para o mundo. “Esperamos que o resultado desse encontro venha fortalecer o debate sobre a democracia em nossa região, em nossos países. Toda a nossa produção científica corre risco quando se depara exatamente com determinados indivíduos que, ao invés de conduzirem o processo de consolidação da democracia, têm atitudes antirepublicanas. Neste contexto, a Fundaj reafirma a soberania nacional”, reforçou Márcia Ângela.
Em seguida, a mesa “O Plano Nacional de Educação no Brasil: desafios e perspectivas” contou com Márcia Ângela Aguiar; Luiz Dourado, da Anpae; Heleno Araújo, da CNTE; e Ivete Caetano, do Sintepe. “Não existe transformação social sem conhecimento, sem a produção de novos saberes, e isso é um diálogo muito importante. A prática social bebe na fonte do conhecimento e o conhecimento se fortalece na prática social. Grande parte dos presentes atua no campo da educação e nas Ciências Sociais, com uma perspectiva de projeto político libertador. Esse momento é importante pra compartilhar saberes produzidos nesses diversos campos de atuação”.
À tarde, a conferência inaugural trouxe reflexões sobre políticas educacionais em perspectiva global. Participaram Denise Botelho (UFRPE) e Thomas Popkewitz (University of Wisconsin, EUA), com mediação de Maurício Antunes (Fundaj). O professor Thomas Popkewitz destacou que sua abordagem parte das humanidades e da teoria social, permitindo pensar a educação sob um olhar distinto. Ele abordou o colonialismo epistêmico como forma de produção de conhecimento que obscurece diferenças políticas entre o Norte e o Sul. Ao discutir os chamados “fantasmagramas”, explicou como a ciência moderna cria projeções de sujeitos – como “o estudante” ou “o adolescente” – que resultam em mecanismos de inclusão e exclusão. Para ele, o ideal do professor profissional não corresponde a uma realidade, mas a um “ideal filosófico embutido no conhecimento que temos sobre o professor”.
Já a professora Denise Botelho apontou que, embora o Brasil seja multicultural, o currículo escolar é definido por grupos hegemônicos, o que ignora as especificidades regionais e impõe a crianças e jovens do Norte e Nordeste conteúdos que não dialogam com suas realidades. Ela defendeu as epistemologias insurgentes dos saberes da floresta e do terreiro, relacionando-as ao enfrentamento da crise ambiental e social contemporânea. Para ela, a devastação causada pela mineração, pelo agronegócio e pela poluição evidencia um modelo de humanidade adoecido. Sua defesa da reconexão entre corpo, território e espiritualidade resultou na afirmação de que “reconectar-se à espiritualidade da terra é reconectar-se a si mesmo”, destacando o princípio de Sancofa – aprender com o passado para construir o futuro – como caminho para uma educação voltada à sobrevivência planetária.