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Conitec recomenda incorporação de nova opção de tratamento para pacientes com câncer de pulmão avançado no SUS
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou, na 114ª Reunião Ordinária, na última quarta-feira (9), a incorporação no SUS de uma nova opção de tratamento para pacientes com câncer de pulmão em estágio já avançado. O medicamento crizotinibe apresentou ganhos em sobrevida livre de progressão, segurança e qualidade de vida aos que têm o câncer de pulmão de Não Pequenas Células (CPNPC) ALK+, pacientes que não respondem bem a outros tratamentos porque têm um tipo de gene que provoca mutações genéticas específicas, gerando uma produção descontrolada de células doentes. Os impactos econômicos também foram considerados, após consulta pública, e mostraram-se adequados em nova avaliação do tema pelo Plenário. A recomendação inicial da Conitec havia sido de não recomendação, em razão do alto risco de viés (quando há chance de erro nos estudos apresentados), dados que foram esclarecidos pela indústria posteriormente. A tecnologia tendo passado pela Conitec, e recebido a recomendação final, o texto segue para decisão da secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS).
O crizotinibe é um medicamento de uso oral que dificulta o crescimento de tumor que apresenta alterações moleculares no ALK. A medicação foi avaliada pela Conitec para primeira linha de tratamento desses pacientes, ou seja, quando é a primeira opção para o paciente que enfrenta o câncer nas condições mencionadas.
Leia aqui o relatório de recomendação da tecnologia.
O câncer de pulmão tem a mais alta taxa de mortalidade em todo o mundo desde 1985. No Brasil, é o terceiro tipo de câncer mais comum.
Perspectiva do Paciente
A representante titular ouvida pelo Plenário da Conitec relatou que descobriu o quadro de câncer pulmonar em novembro de 2020, de maneira despretensiosa, pois não apresentava sintomas, e ele já estava em estágio avançado. Por orientação médica, não realizou quimioterapia ou radioterapia. Assim, depois de dez dias do resultado de exames, ela iniciou o tratamento com crizonitibe. Os principais efeitos colaterais durante o uso do medicamento foram: enjoo, diarreia, falta de apetite, alteração do paladar, visão turva no período noturno, inflamação no esôfago (após três meses de uso) e diminuição dos glóbulos brancos (nos últimos dias do tratamento).
Durante o tratamento, a paciente relatou ter tido uma vida normal, mantido sua rotina, seus cuidados familiares, trabalho e conseguido realizar viagens com a família. Após um mês de uso do crizotinibe, foi possível observar uma diminuição no tamanho da lesão pulmonar. Cerca de cinco meses após o diagnóstico, a paciente realizou uma cirurgia para a retirada do lobo superior direito do pulmão. Ela teve uma boa recuperação da cirurgia e após quatro dias obteve alta hospitalar. Ela segue fazendo o acompanhamento, por meio de tomografia.
Na Perspectiva do Paciente, o voluntário apresenta o seu relato na reunião da Conitec, com a finalidade de oferecer a visão do usuário do SUS ao relatar suas experiências no enfrentamento das mais diversas condições de saúde.
Saiba mais aqui.
Tratamento do SUS
O tratamento para câncer de pulmão no âmbito do SUS é definido pelas Diretrizes Diagnósticas Terapêuticas (DDT). O diagnóstico é feito pela investigação de sintomas respiratórios como dificuldade para respirar, tosse, dor no tórax, sangue ao tossir, fadiga e emagrecimento; ou pela investigação de achados radiológicos atípicos.
É importante diferenciar as mutações específicas do câncer pulmonar, como, por exemplo, o rearranjo do gene ALK. O ALK é um receptor de tirosina quinase (uma proteína) e membro da superfamília do receptor de insulina, participando do desenvolvimento do sistema nervoso. O rearranjo AKL + é o segundo agente oncogênico mais frequente nesse tipo de câncer pulmonar. Atualmente, no SUS, existe a cobertura de teste de identificação de pacientes com CPNPC ALK+.
A DDT do Ministério da Saúde para o câncer de pulmão será atualizada para contemplar a indicação do crizotinibe.