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Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 16/01/2025 ANO 07 Nº 74
- Foto: Alan Pimentel
Apresente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de dezembro, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre janeiro, fevereiro e março (JFM) de 2025.
Envio de Alertas e Registro de Ocorrências
No mês de dezembro de 2024, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 565 alertas, sendo 304 de origem hidrológica e 261 de origem geológica.
Risco Hidrológico: Situação Atual e Prevista
A situação dos níveis dos principais rios do Brasil em relação à média climatológica das estações hidrológicas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - ANA, para o dia 15 de janeiro de 2025 é apresentada na Figura 1a. Observa-se que os rios na porção noroeste do Amazonas, nas porções leste e sul da região Norte, grande parte das regiões Nordeste e Centro-Oeste e poção norte das regiões Sudeste e Sul do Brasil encontram-se com níveis acima ou muito acima da média climatológica, muitos rios nas porções oeste e central da região Norte, porção sudoeste da região Centro-Oeste e porção sul da região Sul do Brasil encontram-se abaixo da média climatológica e nas demais áreas do país os níveis dos rios encontram-se dentro da média climatológica da climatologia.
A previsão sazonal para o trimestre NDJ do modelo Global Flood Awareness System (GloFAS) na Figura 1b, indica a permanência de probabilidade para ocorrência de vazões acima ou muito acima da média climatológica para o período na porção leste da região Nordeste e porção norte da região Sudeste, probabilidade de vazões próximas da média para o período nas porções noroeste e leste da Região Norte, na porção leste da região Centro-Oeste e porção norte da região Sul do Brasil e probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica nas demais áreas do país.
Impactos da Seca na Vegetação e na Agricultura
O Índice Integrado de Seca (IIS3) de novembro de 2024 indica uma melhora no cenário nacional, com a redução do número total de municípios em seca extrema comparado a outubro. Municípios no Acre, o sudoeste do Amazonas, Rondônia e o norte do Mato Grosso continuam com condição de seca extrema. No Nordeste, a condição de seca extrema é observada em municípios do estado de Sergipe.
O IIS3 previsto para o final de dezembro de 2024 indica um aumento do número de municípios classificados com seca moderada e severa. A previsão é de que o número de municípios em seca moderada passe de 1506 para 2601, e os em seca severa de 378 para 707. De maneira geral, a previsão é de que as condições de seca piorem em todo o país.
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A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar podem ser consultados, respectivamente:
Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil
RiSAF - Boletim de Risco de Seca na Agricultura Familiar
Convidamos você a contribuir com informações sobre os impactos das secas em sua região através do Formulário para Registro e Avaliação de Impactos das Secas.
Impactos da Seca nos Recursos Hídricos
O Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), permite a caracterização e previsão das secas hidrológicas nas principais bacias hidrográficas afluentes às principais usinas hidrelétricas (UHEs) do país, bem como, as bacias associadas ao abastecimento de água e navegabilidade (Figura 3).
Na Região Sudeste, o TSI-6 indica que o Sistema Cantareira, principal sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, está classificado em seca hidrológica moderada, evidenciando uma atenuação em relação ao mês anterior, quando a condição era de seca severa.
Entre as regiões Sudeste e Sul do país, as sub-bacias da bacia hidrográfica do rio Paraná apresentaram, em dezembro, condições variando entre estabilidade e atenuação da seca hidrológica, em comparação ao mês anterior. No rio Iguaçu, por exemplo, as sub-bacias afluentes às UHEs Segredo, Salto Santiago e Salto Caxias estão classificadas em seca hidrológica moderada, refletindo uma melhoria em relação ao mês anterior, quando a condição era severa a extrema.
Na região Sul do país, as bacias afluentes às UHEs Barra Grande e Foz do Chapecó, no rio Uruguai, mantiveram-se estáveis em condição de seca hidrológica moderada. Por outro lado, no rio Jacuí, a bacia afluente à UHE Passo Real apresentou um agravamento da condição, passando de seca moderada para severa, configurando a única bacia monitorada a registrar intensificação da seca entre os meses de novembro e dezembro de 2024.
Na região Centro-Oeste do país, a bacia afluente à UHE Serra da Mesa (rio Tocantins) apresentou uma desintensificação da condição de seca hidrológica em dezembro, passando de intensidade moderada, registrada em novembro, para condição de normalidade. Ainda no Centro-Oeste, as bacias afluentes às estações de medições fluviométricas de Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional.
A região Norte do país também enfrenta uma situação crítica de seca, com impactos significativos nos níveis dos rios. Um caso alarmante é observado na bacia do rio Madeira, afluente à UHE Santo Antônio, que permanece em condição de seca excepcional, a mesma registrada no mês anterior. A sub-bacia afluente à UHE Belo Monte, no rio Xingú, manteve-se estável em relação ao mês passado, mas com uma condição menos crítica, caracterizada por seca hidrológica de intensidade severa.
Na região Nordeste, a bacia afluente à UHE Sobradinho (rio São Francisco), atualmente classificada em seca moderada, se manteve estável quando comparado ao mês anterior.
De acordo com as previsões do TSI para o mês de janeiro de 2025 (Figura 3), espera-se uma desintensificação da seca hidrológica em grande parte das bacias monitoradas, localizadas nos rios Tocantins-Araguaia, Doce, Paraíba do Sul, Jequitinhonha, Xingú, Paraná, São Francisco, Madeira e Sistema Cantareira. Nas bacias afluentes às estações fluviométricas de Ladário e Porto Murtinho, no rio Paraguai, a situação deverá se manter crítica, com seca hidrológica excepcional. Condição estável também deve ser observada nas bacias dos rios Paranaíba (afluentes das UHEs Emborcação, Itumbiara e Nova Ponte), Iguaçu (afluentes das UHEs Salto Caxias, Salto Santiago e Segredo), Uruguai (afluente da UHE Foz Chapecó), Jequitinhonha (afluente da UHE Irapé), Grande (afluente da UHE Furnas), Tocantins (afluente da UHE Serra da Mesa) e São Francisco (afluente da UHE Três Marias e estação fluviométrica de Descarreto).

- Figura 3. Índice Bivariado de Seca (Chuva-Vazão) - TSI 6 e 12 para o mês de dezembro de 2024 (observado, esquerda) e janeiro de 2025 (previsão, direita). As delimitações coloridas representam as principais bacias monitoradas ao longo do país com suas respectivas classes de seca (variando de excepcional a seca fraca) e a condição dentro da normalidade. Fonte dos dados observados entre janeiro/1981 e dezembro/2024: Precipitação (CHIRPS); e Vazão (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico -ANA/Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS). Fonte dos dados de precipitação prevista em dezembro: CFS.
Previsão Sazonal de Vazão na Região Amazônica
A previsão de vazão para o trimestre JFM de 2025, segundo o sistema global de previsão de vazão Global Flood Awareness System (GloFAS), aponta para um aumento nas vazões dos principais rios da bacia amazônica, em função da atual temporada chuvosa na região. Contudo, na porção leste da bacia, incluindo Itaituba-PA (rio Tapajós) e Altamira-PA (rio Xingu), espera-se que as vazões (representadas pela linha preta contínua) permaneçam abaixo da média climatológica (indicada pela linha preta pontilhada) ao longo dos próximos três meses. Já nas regiões que incluem os rios Negro, Solimões e Amazonas, as vazões podem atingir valores próximos ou superiores à média ao final de março de 2025 (Figura 4).
Obtenha mais Informações
Para obter informações mais detalhadas, consulte o Boletim de Impactos e baixe também a apresentação da Reunião de Impactos disponíveis para download nos links abaixo.
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Notas Importantes
1. Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden ( hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br ).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.
Equipe Responsável
Diretora Substituta: Regina Célia dos Santos Alvalá
Coordenador Responsável: José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição: José A. Marengo
Pesquisadores Colaboradores: Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Alan Pimentel, Elisângela Broedel, Larissa Silva, Lidiane Costa, Márcia Guedes, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Rafael Luiz.


