Inmetro desenvolve nova abordagem para tratamento de Leishmaniose e outras doenças negligenciadas

Um dos alicerces da quarta revolução industrial, a área de biotecnologia tem importantes aplicações na saúde, provendo soluções para o diagnóstico e para o tratamento de doenças. No Inmetro, foi desenvolvida, em parceria com as universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e do Rio de Janeiro (UFRJ), uma abordagem original para tratamento de doenças negligenciadas, como Leishmaniose ou Doença de Chagas. 

A busca por antibióticos mais eficazes e menos tóxicos para o tratamento dessas doenças que está sendo conduzida no Laboratório de Química Biológica da Diretoria de Metrologia Aplicada às Ciências da Vida (Dimav) passou pelo desenho e desenvolvimento de moléculas que atuam em alvos específicos – elas inibem a atuação de enzimas presentes nos parasitas, que apresentam uma diferença sutil em relação às de produção de colesterol nos mamíferos, mas um drástico efeito evolutivo. “Essa enzima só aparece em parasitas, fungos ou plantas. A molécula atua na inibição da proliferação celular do agente parasita, mas com pouco efeito citotóxico nas células de mamíferos. Dessa forma, pode-se produzir candidatos a fármacos responsáveis por atuar contra patógenos, sem afetar o hospedeiro”, explicou Gonzalo Visbal-Silva, bolsista do Inmetro que está à frente das pesquisas.

Agora, está sendo elaborado um relatório de patenteabilidade do composto produzido e de sua atividade contra a Leishmaniose, cujos testes estão bastante avançados. O relatório informa se a tecnologia cumpre os requisitos necessários para se tornar um pedido de patente do Inmetro e fornece as primeiras informações sobre o potencial interesse comercial na tecnologia, que pode impactar a saúde pública brasileira e de outros países em desenvolvimento.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas, de 149 países, são afetadas todos os anos pelas doenças negligenciadas, aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas, que prevalecem em populações de baixo e médio poder aquisitivo, de regiões subdesenvolvidas. A Leishmaniose, por exemplo, tem quase 90% dos casos concentrados no Brasil, Bolívia e Peru.