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Inmetro amplia suporte técnico no enfrentamento de casos de intoxicação por metanol
Desde setembro de 2025, o Brasil enfrenta uma série de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. Em resposta a essa emergência sanitária, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) mobilizou sua equipe técnica para garantir a confiabilidade das medições e apoiar os laboratórios responsáveis por análises toxicológicas e de bebidas em todo o país.
O metanol é uma substância altamente tóxica que pode causar cegueira e até levar à morte quando ingerida. Embora possa estar naturalmente presente em pequenas quantidades em bebidas como a cachaça, o limite máximo permitido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) — conforme a Portaria nº 539/2022 — é de 20 mg de metanol por 100 mL de álcool anidro (cerca de 0,02 %). Acima desse valor, a bebida é considerada imprópria para o consumo humano.
Para garantir resultados analíticos confiáveis, o Laboratório de Análise Orgânica da Divisão de Metrologia Química da Diretoria de Metrologia Científica, Industrial e Tecnologia, do Inmetro (Dimci), produziu e distribuiu 93 unidades de materiais de referência certificados (MRCs) a instituições estratégicas: o Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), a Polícia Federal e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que repassará os materiais aos laboratórios de perícia estaduais.
Os MRCs são padrões necessários para a realização de análises químicas.
Foram enviados aos laboratórios MRCs de cachaça com teor certificado de metanol e outras substâncias tóxicas, etanol em água e etanol de alta pureza, que serão utilizados para calibração, validação de métodos e controle de qualidade das medições.
Além disso, o Inmetro recebeu da Senasp e da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), ambas vinculadas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), uma demanda para análise de amostras de metanol de alta pureza. O Instituto realizou essas análises, permitindo que os laboratórios da Polícia Federal e das polícias científicas estaduais calibrem seus instrumentos analíticos para a determinação de metanol em amostras suspeitas.
De acordo com a Diretora de Metrologia Científica, Industrial e Tecnologia, Danielle Assafin, a participação do Inmetro nessa iniciativa reforça o compromisso do Instituto em apoiar as ações emergenciais de saúde pública com base em medições seguras e reconhecidas internacionalmente.
“O Inmetro está, adicionalmente, colocando seus laboratórios à disposição da Anvisa para a realização de ensaios toxicológicos de metanol, em resposta ao edital publicado pela Agência para identificar laboratórios com capacidade de detectar essa substância em amostras biológicas”, informou a diretora.

A atuação em torno do tema envolve diferentes ministérios e órgãos federais — o Inmetro, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); a Senasp, a Senad e a Polícia Federal, ligadas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP); e a Fiocruz e a Anvisa, vinculadas ao Ministério da Saúde —, além das polícias científicas de diversos estados do país.
“Essa atuação integrada reforça nosso esforço conjunto e nossa capacidade de garantir resultados confiáveis e proteger a sociedade. Ao unir ciência, segurança e gestão pública, o Inmetro se firma como parceiro essencial na promoção da qualidade e na defesa do interesse público”, afirmou Márcio André Brito, presidente do Instituto.