Deu na Gazeta Mercantil

O Inmetro será um instrumento ativo na nova política industrial para aumentar a competitividade da indústria nacional. O instituto começa a certificar florestas de celulose - o que aumenta a competitividade nas exportações -, a produção integrada de frutas e softwares compatíveis com os padrões de qualidade e normas internacionais. O Inmetro também está investindo em novas áreas de metrologia, como a química e biologia. Mais especificamente, em saúde, meio ambiente, alimentos e fármacos. Um remédio, por exemplo, precisa ter a precisão absoluta das quantidades de substâncias químicas. Essa garantia só existe se os medidores forem aferidos e essa função é do Inmetro.

Nos próximos dias, o instituto lançará um programa destinado à certificação de pequenas e médias empresas, em conjunto com o Sebrae. Um dos objetivos é facilitar a exportação dos produtos, através da certificação da qualidade que garantirá ao importador o cumprimento das especificações exigidas. Ainda este ano serão criados nove projetos pilotos com grupos de 10 empresas, selecionados entre os setores de software, frutas, produtos orgânicos, cachaça, gás natural veicular, reforma de pneus, componentes elétricos e embalagem de cesta básica.

Já para as operações de maior porte, o presidente do instituto, Armando Mariante, informou que o Inmetro receberá um aporte de R$ 350 milhões, além do orçamento anual de R$ 250 milhões, para investimento em tecnologia, o que inclui o desenvolvimento de dois grandes laboratórios, o de química e de materiais. À primeira vista, a relação entre os novos projetos e a política industrial não é clara, mas, conforme Mariante, são iniciativas que garantirão maior competitividade à indústria brasileira. As incertezas de medição vêm diminuindo à medida que a tecnlogia avança. @@@Há um ditado que diz que a próxima descoberta científica está na próxima casa decimal@@@, disse.

Por exemplo, uma cirurgia realizada a distância em grandes centros médicos e comandada por computadores só é possível em função do desenvolvimento da metrologia, que garante a precisão dos equipamentos. O GPS, aparelho que define, por satélite, a localização de qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta com poucos metros de incerteza é outro exemplo do avanço da metrologia, base de qualquer descoberta científica. @@@Os países menos desenvolvidos não têm essa percepção e ficam dependentes tecnologicamente do Primeiro Mundo, onde a metrologia é encarada como prioridade total@@@, disse o diretor da área de Ciência e Metrologia do Inmetro, João Herz Jornada.

Recentemente, o Inmetro, através de organismos credenciados, começou a certificar o sistema de exploração de florestas a fim de garantir que o cultivo assegurará a preservação ambiental. E isso inclui tanto aquelas plantadas quanto as florestas nativas. Até o momento, a solicitação tem partido das próprias empresas interessadas em aumentar a competitividade, mas Mariante acredita que, no curto prazo, a certificação de florestas passará a ser compulsória.

@@@Dentro em breve, o produtor de madeira, de papel, de celulose, de móveis, não vai conseguir exportar se não comprovar que seu produto advém de uma floresta sustentada@@@, disse Mariante. Hoje, 54 produtos ligados a saúde, segurança (como os preservativos), e meio ambiente têm certificação compulsória. As voluntárias abrangem 72 produtos. Atualmente, o Inmetro, em parceria com o Ministério da Agricultura, já certificou seis tipos de frutas dentro do programa de Produção Integrada de Frutas (PIF). Isto é, acompanha desde a origem da semente até a colheita da fruta a fim de garantir uma quantidade mínima de agrotóxico, exigida pelo comprador.

@@@O Europeu só come fruta se tiver certeza que não está comendo um produto cancerígeno junto@@@, disse Mariante. Até o momento, no entanto, a maior parte da produção das frutas certificadas é voltada para o mercado externo. Nas vendas domésticas ainda prevalecem as frutas produzidas com doses elevadas de agrotóxicos. Mas para o presidente do Inmetro a ampliação da produção é uma questão de tempo, porque o custo com agroquímicos com a produção de maçãs para exportação caiu até 70%.

Na área industrial, o Inmetro vai investir na compra de equipamentos para os novos laboratórios de química e de materiais capazes de depurar com absoluta precisão a propriedade das substâncias analisadas. @@@Hoje em dia a tecnologia depende de propriedades do material, que estão na base do desenvolvimento tecnológico@@@, disse João Jornada.

Exemplos não faltam. Uma geladeira pode gastar mais ou menos energia dependendo da qualidade do material utilizado na produção. O mesmo ocorre com os equipamentos das linhas de transmissão. O tipo de material usado e o desenvolvimento da tecnologia aplicada influenciará o volume de perdas de energia na transmissão. Ou seja, o comprimento, a massa, o tempo, a corrente elétrica, temperatura, quantidade de substância, intensidade de iluminação são medidos pelo Inmetro e o aprimoramento dos materiais usados garantem a eficiência do produto nacional.

O Instituto tem o reconhecimento formal de vários organismos de metrologia internacional, como o IAF ( da sigla em inglês de Fórum Internacional de Acreditação), o ILAC (Organismo Internacional de Acreditação de Laboratórios), EA (Organismo de Acreditação da União Européia) e IAAC (Cooperação Interamericana de Acreditação). Esses acordos facilitam as exportações dos produtos certificados pelo Inmetro. Por exemplo, uma autopeça vendida para uma montadora no Japão precisa de uma certificação do Inmetro garantindo que está dentro dos padrões metrológicos exigidos para os fornecedores.