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Experiências museológicas relacionadas à descolonização debatidas no terceiro dia do seminário
Em seu terceiro dia de realização, o seminário internacional “Decolonizando Museus: Modos de Fazer” apresentou experiências de três países diferentes com seus itens históricos. Sob mediação de Moacir dos Anjos, coordenador-geral do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), Sylvestre Edjekpoto, do Museu de História de Ouidah, de Benim, Constance Rivière, diretora geral do Palais de la Porte Dorée, da França, e Josiéli Spenazzatto, coordenadora do Museu Paranaense, palestraram sobre suas experiências com acervos museais que contam sobre a colonização europeia.
Realizado na Sala Calouste Gulbenkian do campus Gilberto Freyre da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em Casa Forte, o evento segue até o dia 30 de outubro e conta com transmissão ao vivo no canal do Youtube da Fundaj, podendo ser assistido posteriormente. Representantes de museus do Brasil, da França (continental e Guadalupe), do Marrocos, Senegal e Benim participam do evento, que faz parte da Temporada França-Brasil 2025.
Confira a cobertura dos dois primeiros dias:
No seminário, estão sendo propostas reflexões sobre como os museus estão lidando com acervos que guardam testemunhos da violência da colonização europeia em diversas partes do mundo. Moacir dos Anjos, enfatizou que as instituições precisam considerar o compartilhamento de experiências entre museus de países colonizadores e colonizados em suas práticas contemporâneas.
A fala de Sylvestre Edjekpoto, concentrou-se nos desafios concretos e nas controvérsias da descolonização museológica vivenciadas na cidade de Ouidah, em Benim, particularmente no projeto de criação de um grande museu da memória da escravidão. Sylvestre descreveu Ouidah como uma cidade com rica estratificação histórica, marcada pela cultura Vodun e pelas memórias da escravidão. “A cidade possui um panteão Vodun extraordinário, resultante da mistura de divindades locais, do reino de Daomé, e dos afro-brasileiros que retornaram”. O historiador e urbanista do Benim também comentou as dificuldades e controvérsias enfrentadas na transformação de um Forte Português em Ouidah em um museu que aborda o período da escravidão.
Constance Rivière refletiu sobre os desafios da descolonização e, mais especificamente, da reparação institucional. “É o papel do museu tentar reparar os tecidos quebrados e é nosso papel tentar ser os locais mais abertos possíveis para que o visitante possa compreender o que do passado nos levou a ser o país que somos e a avançar justamente em direção a esse universalismo do qual falamos.”
No território nacional, Josiéli Spenazzatto comentou sua experiência no Museu Paranaense, um dos mais antigos do Brasil, datado de 1876. “Mais do que uma exposição ou um evento, o museu planeja uma série de ações para manter determinados temas em evidência. A ideia é que através de oficinas, debates, performances e exposições, o público possa experimentar, aprender, conhecer, ouvir e sentir aquilo que está sendo apresentado”, relatou.