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Encerramento de seminário na Fundaj debate raça e não-binariedade
Nesta quinta-feira (11), último dia do seminário "Nas trilhas da democracia: políticas e práticas para subverter o pensamento hegemônico neoliberal, ampliar os direitos e combater as discriminações", a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) promoveu um espaço para debates e apresentações culturais para refletir sobre identidade LGBTQIAPN+ e combate aos preconceitos como forma de justiça social e democracia.
O encontro, que foi realizado durante três dias no campus Ulysses Pernambucano, no Derby, foi organizado pelo Programa de Pós-graduação em Educação, Culturas e Identidades (PPGECI), associação entre a Fundaj e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Confira cobertura dos dois primeiros dias:
https://www.gov.br/fundaj/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias-1/primeiro-dia-de-seminario-na-fundaj-debate-democracia-educacao-e-discriminacoes
A programação iniciou com a roda de conversa “Movimentos Sociais nas lutas por direitos sociais e contra as discriminações”. Com mediação de Wyrá Potyra (PPGECI), foram debatidas temáticas como a não-binariedade, a importância do acolhimento na comunidade LGBTQIAPN+, que se forma enquanto rede social e política, além de ter foco nas mudanças socioeconômicas e na reparação histórica, o pertencimento e os afetos que atravessam essas pessoas.
Durante a mesa “Ações Afirmativas na Iniciação Científica e na pós-graduação: compromisso de combate ao racismo”, mediada por Carlos Augusto Sant’Anna Guimarães (PPGECI UFRPE/Fundaj), os pesquisadores José Nilton de Almeida (UFRPE) e Raab Albuquerque (PPGECI) falaram sobre desigualdade racial e o cenário da heteroidentificação em Pernambuco e no Brasil, partindo de práticas e tensões a caminhos para a qualificação do procedimento e a busca por um sistema educacional mais justo.
Na conferência de encerramento do evento, Moisés Santana (UFRPE/PPGECI) falou sobre a emergência das ações afirmativas no Brasil e a necessidade de abordagens pluriepstêmicas no ensino. Apontando a trajetória do País nas temáticas raciais, o pesquisador e professor lembrou o período em que o abolicionismo era uma narrativa que não focava na resistência negra e na construção dos quilombos, destacando também como os movimentos sociais negros lutaram para “retomar a narrativa e criar uma outra agenda que recupera a ideia da pluralidade e colocar o quilombo no centro”.
Para reafirmar que “o próximo passo das ações afirmativas é pensar na construção de universidades pluriepstêmicas” a partir da produção da diversidade pelo conhecimento, Santana celebrou acontecimentos como o tombamento da Serra da Barriga e a criação da Fundação Palmares, mas alertou que os currículos estão inadequados para lidar com a situação da pluralidade do Brasil. Para ele, “o acesso às cotas vai abrindo para uma discussão epistêmica”.
Ao longo de três dias, o seminário buscou refletir sobre a relação entre políticas de educação em tempo integral, promoção da justiça social e democracia e combate aos múltiplos tipos de preconceitos e desigualdades. O evento marcou também o fim do ano letivo e a celebração dos 11 anos do PPGECI.