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Discurso do Ministro Ernesto Araújo na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora) Brasil 2019
Discurso do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Araújo, na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) Brasil 2019, em São Paulo (12/10/2019)*
Muito bom dia a todos!
É uma alegria poder começar essa jornada da CPAC Brasil. Eu queria, antes de mais nada, agradecer e enaltecer o papel do Deputado Eduardo Bolsonaro em promover esse extraordinário evento junto com os organizadores. Eu queria saudar duas pessoas: Sua Alteza Dom Bertrand de Orleans e Bragança, e a minha mulher, Maria Eduarda, em nome dos quais saúdo todos os presentes aqui.
Eu gostaria de começar perguntando: o que nós queremos? O que nós queremos? O que queremos nós, que estamos aqui reunidos? E eu proponho uma resposta que eu vou tentar comentar. A resposta seria: nós queremos mudar o mundo. Nessa resposta, nós temos três termos – sujeito, verbo e predicado: “nós”; “mudar”; e “o mundo”. Então, vou tentar analisar um pouco cada um desses elementos.
Quem somos nós? Quem somos nós, conservadores? Acho que, antes de mais nada, nós somos um conjunto de pessoas que descobriram o prazer de pensar; que descobriram o logos, a palavra, como fonte da verdade, e a verdade como busca permanente da verdade.
Sei que nem todos aqui somos cristãos, mas acho que muitos de nós somos cristãos, e o cristianismo não é o enunciado categórico de uma verdade, ou não apenas; mas é uma busca da verdade, um diálogo permanente entre o ser humano e o mistério que o habita.
Todo cristão é um pouco teólogo, procurando capturar e captar, em conceitos, o sentimento que o anima, sem nunca conseguir definitivamente. E, por isso mesmo, sempre vivendo a sua fé intensamente.
O Papa emérito Bento XVI, no seu livro Introdução ao cristianismo, diz que o Credo – o Credo de Niceia – é uma espécie de salto no escuro; uma proposta que nós nos colocamos, e não uma imposição.
Nesse sentido, a verdade tem que ser construída; construída a partir da vida e do sentimento, e não simplesmente apreendida em abstrato. Quando Pôncio Pilatos pergunta a Jesus o que é a verdade (Quid est veritas?), Jesus não responde, como se ele dissesse: “Olha, se vira. Você descobre.” Em outro trecho do Evangelho, Jesus diz: “eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Ou seja, ele próprio, o logos encarnado, e não um conjunto de regras ou de preceitos.
A verdade está ali, ligada ao caminho. Ou seja, a verdade é algo que se percorre e se apreende por experiência. A verdade está na vida. É algo que brota e cresce organicamente.
A palavra “saber” vem do latim sapere, que, por sua vez, vem de uma raiz indo-europeia, sep, que significa “experimentar”, “saborear”. A nossa palavra “sabor”, que vem de sapore também deriva dessa mesma raiz. E o ser conservador tem muito a ver com isso, com essa tentativa de conhecer através da experiência; digamos assim, saborear a verdade. E talvez por essa razão, e não por coincidência, exista tanta afinidade, embora não coincidência, entre a atitude conservadora e a fé cristã.
Ser conservador tem a ver com a busca, tem a ver com respeitar a vida, com aprender com a experiência e com o sensível, com o meio de contatar o suprassensível. Tem a ver com a organicidade; tem a ver com o logos que transcende a pura lógica; com a tradição; com aquilo que cresce espontaneamente e se revela; com o natural, com o nascimento, com a nação (todos vindos da mesma raiz); com a natureza – em grego, physis –, que, segundo Heráclito, se revela escondendo-se.
Conservadorismo é respeitar e reconhecer as dádivas; é ter humildade diante do mundo e não achar que a razão humana é todo-poderosa, ilimitada e esgota a realidade. Essa humildade às vezes nos vale a pecha de irracionalistas ou antirracionalistas. E não se trata, absolutamente, disso. Não se trata de negar a razão, mas de negar que a razão seja tudo; negar que a economia seja tudo; negar que a relação de classes seja tudo; negar que o ser humano seja tudo; negar que o planeta seja tudo, e assim por diante.
“Só tudo é tudo.” Isso é o que disse, uma vez, um certo escritor conservador, há muitos anos, quando eu ainda nem sabia que era conservador, e nem sabia que um dia estaria aqui falando com os senhores. “Só tudo é tudo” poderia ser uma das definições do conservadorismo, dessa atitude de humildade intelectual diante da dádiva do mundo e da incompletude da razão. Isso tudo constitui esse apego e esse respeito do conservador pelas tradições, pela cultura, pela família, etc.
Conservador é aquele que ama o que não consegue explicar, mas aquilo que sente. Como a liberdade, por exemplo. Como dizia Cecília Meireles, liberdade é essa palavra que não há quem explique e não há quem não entenda.
Por isso tudo, o conservador é o sujeito menos preconceituoso que existe. Os nossos adversários é que gostam de pensar preconceitos por rótulos, por estereótipos, por palavras de ordem, por clichês. Para os nossos adversários, existe “o gay”, existe “a mulher”, existe “o operário” (antigamente se falava “o operário”, “o camponês”). Para nós, conservadores, existe essa ou aquela pessoa, homens e mulheres, gays e heterossexuais, trabalhadores no campo, na indústria, etc., etc., cada um com a sua personalidade, cada um com seu pedaço de verdade insubstituível.
O esquerdismo é totalitário por isso: porque quer totalizar o indivíduo a partir de uma de suas qualidades, ou de uma de suas características, seja sua posição social, seja sua orientação sexual, etc., etc. Mas nós dizemos: só tudo é tudo. Aliás, acho que nem mesmo tudo é tudo; e esse algo que falta em tudo talvez seja Deus ou, pelo menos, a abertura para Deus.
Alguns dizem que existe um totalitarismo de esquerda e um totalitarismo de direita. Isso não é verdade. O totalitarismo é o oposto do conservadorismo. Então, se nós definirmos, como temos que definir, que o conservadorismo é a direita – a verdadeira direita –, todos os totalitarismos estão do outro lado; estão na esquerda. Lembrando, inclusive, que quem primeiro se qualificou, com orgulho, de totalitarismo, foi o fascismo italiano.
O conservador é aquele para quem a realidade não está fechada, mas deixa sempre uma abertura para o outro lado, para a transcendência, para o desconhecido, ou o que quer que seja.
O conservador também odeia o nominalismo, porque sabe que as palavras são apenas a indicação de algo, são apenas um meio de contato com a realidade – uma realidade que é inesgotável e inapreensível em sua totalidade pela razão humana. As palavras são o contato com a realidade, e a própria realidade é o contato com algo que está além da realidade.
Então, o respeito à realidade e o respeito à palavra estão na essência do conservadorismo. O desrespeito à realidade e o desrespeito à palavra estão na essência do esquerdismo, e do totalitarismo. Eles agarram a palavra e a transformam em um absoluto, que não corresponde a nada e que é apenas um instrumento de poder. Isso é o nominalismo. Isso é ideologia.
Ideologia, o que é? Se a realidade desmente a teoria, tanto pior para a realidade. Por exemplo, a esquerda diz: “nossa casa está em chamas” (our house is burning). Então, o que é a realidade? Bom, em primeiro lugar, não é a sua casa! E em segundo lugar, não está em chamas! Mas isso não interessa. Eles continuam repetindo o mantra. Ou então, a esquerda diz: “Os Estados Unidos deixam de apoiar o Brasil para a OCDE.” Aí vem a realidade, e o Presidente Trump diz: “Os Estados Unidos apoiam o Brasil para a OCDE.” E apoia o Presidente Jair Bolsonaro. O Secretário Mike Pompeo diz: “Apoiamos entusiasticamente o Brasil para a OCDE.” E o quê que a ideologia faz diante desses fatos? Reconhece? Não! Reconhece o erro? Nunca! Apenas metamorfoseia a mentira.
A direita, o conservadorismo, significa humildade diante da realidade, palavras como instrumento para a busca da verdade. A esquerda, a ideologia, significa arrogância diante da realidade, utilização das palavras como escravas da ideologia e mecanismos de controle mental.
Por isso, também, não é correto falar em uma ideologia conservadora por oposição a uma ideologia esquerdista. Ser conservador é ser contra a ideologia. É procurar a verdade na própria vida. Quando dizem que somos “ideológicos” porque lutamos contra a ideologia, isso, justamente, é uma aplicação da ideologia; é uma manipulação de palavras para propagar uma mentira.
Hoje, no mundo, nós temos um embate entre a verdade, ou seja, um exercício humilde da busca da verdade, respeitoso diante da realidade, da linguagem, das tradições, das sabedorias herdadas, respeitando os indivíduos com seus sentimentos e experiências únicas – de um lado isso: a verdade –; de outro lado, a ideologia.
Então, eu acho que isso é um pouco do que somos nós.
E “o mundo”, esse que nós queremos mudar? O mundo, hoje, é fundamentalmente isso: a verdade contra a ideologia.
O mundo de hoje começou, acredito, no século XVIII, com os iluministas: Voltaire e sua turma. Voltaire começou a querer “lacrar”, não é? Ele pegou as instituições, os sentimentos milenares do seu povo, da sua civilização, de toda a humanidade, e disse: “isso não serve para nada!” Começou a destruir tudo que havia de autêntico e orgânico na vida humana e na sociedade, desrespeitando as palavras e subjugando-as; desrespeitando a realidade, desrespeitando a fé, desrespeitando a monarquia.
Em lugar da infinita complexidade e delicadeza do tecido social e da alma humana, em sua beleza inescrutável, Voltaire e seus descendentes erigiram o lema abstrato, nominalista, de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Liberdade para obedecer ao poder; fraternidade para eu te tomar o que é teu (afinal, somos irmãos, não é?); e igualdade de todos diante do medo da guilhotina.
E é curioso, porque aquela frase atribuída a Voltaire de que “posso discordar de tudo que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo”, Voltaire nunca disse isso – eu não sabia; aprendi isso com um autor extraordinário, italiano, Antonio Socci, que eu recomendo muito – jamais pronunciou isso; isso é outra invenção ideológica.
Os descendentes de Voltaire, na Revolução Francesa, entronizaram a deusa Razão, que é, justamente, o máximo da arrogância do ser humano. Para os conservadores, razão, Okay; mas ela não ensina tudo e não rege tudo. Só tudo é tudo. Mas, para os esquerdistas e seus ancestrais iluministas, essa razão – essa falsa razão, porque a razão é parcial; eles a absolutizam – a razão é soberana de um Estado totalitário e terrorista.
Até hoje, nós vivemos essa batalha. Por um momento, achávamos que a tínhamos vencido – após exatos 200 anos, entre 1789 e 1989. Mas não foi assim. Porque, em 1989, não foi o conservadorismo que venceu; ou melhor, foi o conservadorismo que venceu, mas não levou; não levou a taça. O Ocidente achou que tinha vencido por causa da superioridade econômica, do capitalismo sobre o socialismo, e que isso não tinha nada que ver com a superioridade espiritual da atitude conservadora sobre a atitude totalitária.
Assim, o Ocidente entregou-se ao vazio. Ele não deu a taça ao conservadorismo, como deveria ter dado. Não entendeu que a atitude conservadora está na base da economia de mercado, e não o contrário. Não é a economia de mercado que está na base da atitude conservadora. E muito menos a atitude conservadora se esgota na economia de mercado; ela vai muito além.
O capitalismo não é um sistema, no sentido de que ele não é desenhado pela razão, por essa razão arrogante; mas ele surge espontânea e organicamente do próprio funcionamento da realidade. No capitalismo, age a atitude de humildade, conservadora, segundo a qual a razão humana não consegue dominar, a partir de um ponto central, a complexidade da realidade – no caso, a complexidade das trocas econômicas. Ali, age o princípio de que só tudo é tudo, de que somente o conjunto dos atores econômicos, trocando informações através do mecanismo de mercado, permite à sociedade desenvolver suas capacidades produtivas, com um sentido de movimento constante e incompletude em direção ao futuro.
“Ah, mas o capitalismo não gera felicidade para a maioria; o socialismo existe para gerar essa felicidade para todos.” Isso é ideologia. Isso é ideologia, como sempre, brigando com a realidade. Porque na realidade, o capitalismo não existe para nada. E justamente por isso, por que não funciona em um circuito fechado, submetido à deusa Razão, o capitalismo acaba permitindo que mais pessoas pelo menos busquem a felicidade.
O socialismo sim é um sistema gerado pela deusa Razão, com o objetivo de concentrar poder e exercê-lo, indefinidamente, gerando pobreza, opressão e infelicidade.
Em um mundo normal, as pessoas diriam: “Bem, então está provado. O capitalismo é melhor. Então, vamos em frente!” Mas em um mundo em que a ideologia continua vicejando e secretando suas mentiras, não existe isso de “Okay, erramos, vamos corrigir.” Não, isso não existe; como não existe por parte da imprensa, ou grande parte da imprensa. Porque o erro não era um erro honesto, de quem estava preocupado em procurar a verdade e não a encontrou e, humildemente, reconhece isso. O erro era proposital.
Então, quando o erro se revela e fica impossível sustentá-lo, a esquerda não admite, simplesmente, o erro; ela substitui por um outro erro, por um erro diferente. E começa um outro processo de mentiras. Quando os erros do sistema econômico socialista ficaram evidentes, a esquerda mudou de erros. Criou a ideologia de gênero; criou todo o aparato do politicamente correto; recriou a raça como fator determinante do ser humano, o racialismo; e criou o “climatismo”.
Aqui, é importante dizer o que a gente entende por climatismo: eu diria que o climatismo está para a mudança climática assim como o globalismo está para a globalização. Globalização é um fenômeno econômico; foi capturado por uma ideologia; isso se tornou o globalismo. A mudança climática é a mesma coisa: é um fenômeno, que precisa ser estudado, e deveria ser estudado de maneira serena, racional; mas também foi capturado por uma ideologia.
Então, é preciso discutir a mudança climática. É preciso discutir o ritmo do aquecimento global. Pouca gente sabe, por exemplo, que o ritmo atual de aquecimento, desde o final dos anos 70, é de 0,13° centígrados por década, o que, somado ao aquecimento que já existe hoje, desde o começo da idade industrial projetado até o final do século, daria um aquecimento de, mais ou menos, 1,9° C em relação ao patamar dos anos 1850 até o final do século XXI. Então, isso tudo que se propala, do jeito atual, do jeito que são as emissões, do jeito que a natureza se comporta, já estamos dentro disso que é considerada a meta de aquecimento de 2° C até o final do século. Só que ninguém fala disso. Bem, é preciso falar; é preciso discutir.
Vamos controlar as emissões? Vamos, vamos controlar as emissões. Então, o Brasil é responsável por entre 2% e 3% do total de emissões de CO². A China é responsável por cerca de 25%. E, no entanto, o Brasil tem, assumiu – e vai manter – compromissos rígidos de controle de emissões; a China só começa a ter que – de acordo com o Acordo de Paris – controlar suas emissões a partir do ano de 2030. Nenhuma crítica à China; ao contrário, negociou muito bem; eu queria que os nossos negociadores tivessem negociado tão bem como os negociadores chineses.
Outro ponto: os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris e são o único país desenvolvido que tem conseguido reduzir as suas emissões de CO². Por quê? Pelos mecanismos de mercado, pela substituição de fontes de energia, pelo gás natural e outros elementos. No entanto, o Brasil e os Estados Unidos são os países mais vilipendiados nessa questão; que são aqueles que cumprem – um deles sem nem estar no acordo; e o Brasil também – os seus compromissos.
Então, quando surge uma coisa, um sistema de pensamento, que é o que eu chamo o climatismo, em que você abandona a discussão dos fatos, e começa a ser usado para intervir na economia, controlar a economia, intervir na educação e contestar a sua soberania, eu me pergunto: será que tem mutreta?
Então, existe, hoje, nesse mundo que nós queremos mudar, todo um arco ideológico, que vai desde o “socialismo do século XXI”, praticado, aqui, em alguns países da América do Sul, como a Venezuela, socialismo clássico; passando pelo politicamente correto e o racialismo nos Estados Unidos, por exemplo, e na Europa; pelo climatismo, sobretudo na Europa; e contendo também umas estranhas sobrevivências do maoísmo nos principais pensadores de esquerda hoje, como o Alain Badiou, Slavoj Žižek; esse arco todo é um contínuo, e funciona todo ele junto.
Como é que isso funciona? Por exemplo, essa moça, Greta Thunberg, no mesmo dia em que ela foi falar nas Nações Unidas, eu recebi uma foto (alguns devem ter recebido) de uma menina na Venezuela que tem 14 anos e pesa 14 kg, pela fome gerada por esse regime horroroso. E a Greta, ali, com 16 anos, quase a mesma idade, bem alimentada, bem nutrida, acolhida nas Nações Unidas; as mesmas Nações Unidas que não fazem nada por essa menina de 14 anos com 14 kg na Venezuela. Nações Unidas que não fazem nada contra Maduro, que aceitam a candidatura de Maduro ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas – onde não vai entrar!
Porque o Brasil e outros países não vão deixar, não porque a ONU não vai deixar. Então, eu é que pergunto: How dare you? How dare you? Então eu é que pergunto isso. É claro que existe um arco reunindo todos esses elementos da ideologia, e esse arco está funcionando em uníssono contra o Brasil. Por quê? Porque o Brasil é um país conservador, que está enfrentando esse arco de frente, em toda sua extensão. Nós imaginaríamos que esse novo Brasil deveria ser acolhido e elogiado nesse mundo das democracias liberais, por ser uma democracia liberal, vibrante, uma economia que se abre ao mundo e que cuida do seu povo, que cuida, inclusive, do seu meio ambiente, muito mais do que antes. Imaginaríamos que o Brasil deveria ser acolhido no mundo dos direitos humanos, porque luta pela liberdade, democracia e direitos humanos na Venezuela e em tantos outros lugares. Mas não. Nenhuma dessas cartas serve. A carta que serve é aquela que sempre é usada para nos atacar, que hoje é a carta ambiental.
Então, esse mundo, esse arco ideológico do cinismo é aquilo que nós queremos mudar. E como fazê-lo? Então, “mudar”; como? Acho que, como bons conservadores, nós não temos um programa único e rígido; mas nós precisamos de algumas coisas: precisamos, em primeiro lugar, pensar no empresariado. Repetindo, o conservadorismo é a base da livre empresa, é a base da economia de mercado, mas o problema é que a própria livre empresa tem sido penetrada pela ideologia esquerdista. A gente fala muito da penetração gramsciana nas escolas, nas igrejas, nas associações, mas existe a penetração gramsciana nas companhias privadas. O climatismo e a ideologia de gênero estão fazendo isso. Então, precisamos mostrar às empresas a verdade, quem está do lado da liberdade econômica – que somos nós.
Nós vimos isso, por exemplo, anteontem, aqui em São Paulo, no Fórum de Investimentos Brasil, com o setor privado, investidores de todo o mundo. As pessoas estão acordando, estão entendendo que somos nós que estamos do lado da liberdade econômica, assim como estamos do lado da liberdade política, por causa (e não apesar), por causa da nossa essência conservadora. Fazendo acordos de livre comércio que nunca foram feitos, abrindo oportunidades de investimento que nunca foram abertas, abrindo, pela primeira vez, a oportunidade de o Brasil ser uma economia de mercado por causa do nosso programa conservador.
Outro ponto: nós precisamos trabalhar incansavelmente, cem por cento, 24 horas por dia na liberdade da Internet. Internet é igual a democracia. E quando se deixa a democracia funcionar, ela sempre apontará no sentido da atitude conservadora.
Outra coisa: precisamos denunciar (como eu estou fazendo aqui) a ideologia de gênero e o climatismo, que são hoje o mecanismo pelo qual o programa esquerdista ocupa esse arco ideológico de que nós estamos falando.
Nesse ponto da economia, nós precisamos consolidar a aliança liberal-conservadora. Eu comecei a falar disso em janeiro, fevereiro deste ano, e cada vez mais estou convencido, e acho que, cada vez mais, as pessoas estão convencidas disso. Precisamos mostrar que isso não é acidental, que o liberalismo econômico tem a sua casa no conservadorismo.
Outra coisa: precisamos entender que o esquerdismo é e sempre foi global. E criar também as nossas redes mundiais, não globais, mas mundiais, respeitando as individualidades, as nacionalidades. Não podemos continuar lutando cada país em separado. Precisamos entender o globalismo como substituto do comunismo.
Precisamos recuperar a bandeira da economia de mercado, como eu dizia, mas não caindo no erro de achar que tudo é economia, e sim trabalhando na cultura e, a partir daí, na economia. Isso eu acho que é outra essência do conservadorismo: entender que o centro está na cultura. Na cultura lato sensu: filosofia, pensamento. Porque a sua estrutura metafísica de pensamento é o que gera a sua atitude, e a sua atitude é o que gera a sua ação na economia.
Precisamos entender essa conexão entre os vários pontos do arco ideológico globalista: o socialismo do século XXI; o politicamente correto; o climatismo; esse neomaoísmo de que eu falei. Precisamos de um sistema de comércio mundial que favoreça a democracia e a liberdade, e não um sistema cego aos valores; pois um sistema cego aos valores acabará sempre favorecendo os valores errados, contrários à liberdade.
Precisamos ter nas nossas mãos a bandeira da revolta, a bandeira da indignação, a bandeira da transformação, com toda a sua energia; a bandeira da justiça, porque a justiça é aquilo que fala ao coração humano e ao direito natural, que faz parte do sentimento conservador.
Precisamos ter nas nossas mãos, como temos, a bandeira da nação, do princípio nacional; a bandeira da soberania; a bandeira dos verdadeiros direitos humanos; a bandeira da proteção ambiental verdadeira.
Os que somos cristãos, precisamos empunhar a bandeira da fé em Jesus Cristo. Jesus Cristo que, para nós, é Deum verum de Deo vero; ΘεὸνἀληθινὸνἐκΘεοῦἀληθινοῦ; Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; 出自真天主的真天主. Os católicos, precisamos empunhar a bandeira da Virgem, hoje, dia 12 de outubro, Dia da Padroeira do Brasil.
E acho que nós estamos empunhando todas essas bandeiras. A bandeira da liberdade – que é fundamental – é nossa; talvez a mais sagrada de todas. Com essas bandeiras, nós empurraremos todo esse arco ideológico globalista de volta para onde veio.
E o Itamaraty, para finalizar, o Itamaraty está junto nessa tarefa. O Itamaraty desceu de seu pedestal onde fingia ser uma estátua para não ter que se meter com os negócios do país. O Itamaraty não é mais uma estátua em um pedestal, o Itamaraty faz parte desse trabalho nosso, aqui. O Itamaraty está junto com o povo, está junto com o Brasil, junto com o Presidente Bolsonaro, junto com a brava gente brasileira.
Muito obrigado!
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* Vídeo disponível em: https://youtube.com/watch?v=Ke68rS9AIUk