Notícias
Cemaden participa de debate no Senado sobre tecnologias para prevenir desastres climáticos
“Tecnologias para prevenir e mitigar desastres climáticos” foi o tema da 64ª Sessão de Debates Temáticos no Plenário do Senado Federal, realizada m formato híbrido (on-line e presencial), em Brasília, no último dia 16 de junho, com a participação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - entre as diversas instituições de monitoramento ambiental e de pesquisas convidadas para o debate.
Representando a diretora do Cemaden, Regina Alvalá, o coordenador-geral de Operação e Modelagem, meteorologista Marcelo Seluchi, explicou de forma objetiva sobre as causas dos extremos climáticos, entre os quais se encontram o aumento da temperatura do planeta e o aquecimento dos oceanos. Abordou, também, os impactos do fenômeno El Niño, principalmente, com as chuvas de grande intensidade no Sul do Brasil, como os ocorridos em abril e maio do ano passado, no Rio Grande do Sul.
Sobre sistema de monitoramento e emissão de alertas, Seluchi informou que a rede observacional do Cemaden é composta por cerca de cinco mil equipamentos entre pluviômetros automáticos (que registram o nível de chuvas a cada 10 minutos), estações hidrológicas e geotécnicas, além de radares, que monitoram, atualmente, 1.133 municípios brasileiros. Para esse monitoramento e emissão de alertas, a Sala de Situação do Cemaden tem uma equipe multidisciplinar de tecnologistas, nas áreas de geodinâmica, hidrologia, meteorologia e de desastres, sendo que 70% da equipe tem nível de doutorado.
Aquecimento do planeta e chuvas extremas
O coordenador-geral do Cemaden, meteorologista Marcelo Seluchi falou sobre o aquecimento do planeta e o aumento da temperatura desde o ano de 1940 até o presente. Mostrou que janeiro de 2025 foi o ano mais quente da história, com um aumento de 1,75 grau acima do nível de 1940, estando acima do previsto e superando o nível estabelecido pelo Acordo de Paris.
“O aumento da temperatura traz outros efeitos secundários, menos citados e, talvez, mais importantes para o caso de que estamos tratando. A temperatura regula a umidade que a atmosfera consegue reter, que nós meteorologistas chamamos de água precipitável”, explica Seluchi, afirmando que um aumento da temperatura traz um aumento dessa água precipitável. Nos países tropicais, como o Brasil, esse aumento é ainda maior, contribuindo assim para o aumento da frequência de eventos de chuvas extremas.
Também abordou o papel dos oceanos, o calor armazenado nos primeiros dois mil metros de profundidade e os dados da série desde 1955 até o presente. A partir do final do século XX, entre os anos de 1985 e 1990, o oceano começou a aquecer, se tornando uma fonte adicional de calor que pode contribuir para o aumento acentuado da temperatura do planeta nos últimos anos. Por outro lado, oceanos mais quentes, especialmente o Oceano Pacífico, tendem a favorecer a ocorrência dos fenômenos “El Niño”. Esse fenômeno vem ocorrendo com mais frequência e intensidade nos últimos 60 anos, favorecendo o incremento das chuvas no Rio Grande do Sul, como ocorreu no ano passado. Essa condição é coerente com as previsões dos modelos de mudanças climáticas que indicam um aumento das precipitações na porção sul do Brasil.
Previsão de aumento da rede observacional e de municípios monitorados
O meteorologista Marcelo Seluchi informou que haverá o aumento do número de municípios monitorados, passando a aproximadamente dois mil municípios monitorados pelo Cemaden, no futuro próximo. Nesse processo, será aumentado em cinco vezes o número de municípios monitorados no Rio Grande do Sul. Para isso, está em processo de instalação a ampliação da rede de monitoramento, priorizando a instalação de 400 pluviômetros, somente no estado do Rio Grande do Sul.
No sistema de monitoramento e alerta foi desenvolvido um sistema de previsão de risco de deslizamentos de terra e, em processo de finalização, um novo sistema de monitoramento hidrológico (inundações, enchentes),o que permitem um aumento da antecedência para a emissão de alerta de risco de desastres.
Gestão de desastres
Além do aprimoramento do monitoramento e emissão de alertas - com uso da tecnologia e ciência - na ampliação da rede de pluviômetros e de municípios a serem monitorados, Seluchi também abordou a importância do estabelecimento de planos específicos nos municípios para adaptação, contingência e mitigação dos impactos de desastres, incluindo aspectos de educação (na prevenção) e reequipamento das Defesas Civis.
A Sessão Temática no Senado foi presidida pelo senador astronauta Marcos Pontes, ex-ministro do MCTI, que fez as considerações sobre o projeto de lei de 2023, o qual institui a política nacional de gestão integral de riscos de desastres, complementando o existente em 2012. O objetivo é oferecer um novo modelo de governança e integração sistêmica, baseado em três pilares: antecipação, coordenação e reconstrução.
Conforme o senador, o projeto de lei citado cria o Sistema Nacional de Gestão Integral de Riscos e o Sistema de Informações para garantir a interoperacionalidade entre os órgãos de integração de dados, não só normativa, mas com respostas coordenadas entre os níveis federal, estadual e municipal.
Fonte: Ascom/Cemaden (MRO)