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Cemaden/MCTI desenvolve sistema inovador para aprimorar a qualidade da previsão de risco de deslizamento de terra
Ministra do MCTI, Luciana Santos, no lançamento do GeoRisk (Foto MRO-Ascom/Cemaden)
O GeoRisk - novo sistema desenvolvido pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)- foi lançado nesta segunda-feira (17), na sede do Cemaden, em São José dos Campos (SP), com a presença da ministra do MCTI, Luciana Santos e do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho,
O sistema tem como objetivo aprimorar a capacidade de previsão e monitoramento de deslizamentos de terra, oferecendo alertas com até 72 horas de antecedência, o que representa um avanço significativo em relação às previsões anteriores, que eram feitas com 24 horas de antecedência. O sistema também contribui como suporte à tomada de decisão de envio de alertas e na elaboração do Boletim de Previsão de Riscos Geo-Hidrológicos, disponibilizado diariamente no site do Cemaden.
"Lançar este novo sistema, que aprimora a qualidade das previsões de risco de deslizamentos, nos coloca na vanguarda da antecipação de riscos. Trata-se de uma ferramenta inovadora, com o potencial de salvar vidas e evitar perdas materiais", afirmou a ministra do MCTI, Luciana Santos, destacando a necessidade de ações integradas para mitigar os eventos climáticos extremos.
“Investir em ciência e inovação se faz necessário para a resiliência e prevenção de desastres, evitando perdas de vidas. Reconstruir é mais oneroso do que prevenir.”, afirmou o ministro das Cidades, Jader Filho.
Na abertura do evento de lançamento do GeoRisk, a diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, destacou que foi um esforço coletivo, nos últimos cinco anos, para o desenvolvimento do projeto, concebido para subsidiar os alertas de riscos de deslizamentos. “Deslizamento de terra é a tipologia de desastre que mais mata no território brasileiro”. Ressaltou, também, a satisfação de entregar o sistema GeoRisk dois anos antes do previsto, dentro do cronograma do Plano Plurianual.
O coordenador-geral de Operação e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, salientou sobre o trabalho difícil de monitoramento de um país continental como o Brasil, onde existem dezenas de milhares de áreas de risco de deslizamentos, além da quantidade de bacias e microbacias hidrográficas. “O monitoramento ininterrupto e feito com equipes de quatro pessoas, que se revezam em turnos, não é uma operação mecânica”, enfatiza Seluchi. Explica que os profissionais da Sala de Situação do Cemaden são de diversas áreas de conhecimento, 70% são doutores, outros têm Mestrado e 10% está cursando o doutorado. Elaboram, também, trabalhos de pesquisa, publicações e artigos científicos, lideram projetos de pesquisas nacional e internacional. “O sistema GeoRisk foi um modelo de esforço conjunto, de baixíssimo custo, que nos coloca em outro patamar. A previsão de risco de deslizamentos está no novo ciclo, nos esforços de salvar vidas”, ressalta Seluchi.
O vice-prefeito de São José dos Campos, cel. Wilker Lopes, representando o prefeito Anderson Farias, enfatiza que o município foca a resiliência e sustentabilidade, parabenizando os profissionais qualificados do Cemaden, que desenvolvem e aplicam a ciência e tecnologia para o benefício imediato da população.
O secretário de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Osvaldo Moraes-ex-diretor do Cemaden, onde foi gestor por oito anos- destacou a capacidade e qualificação dos recursos humanos do Cemaden: “O Cemaden tem a missão de entregar produtos diariamente à sociedade brasileira, tornando a ciência algo concreto e acessível com resultados perceptíveis no dia a dia. É uma instituição dedicada a salvar vidas, especialmente das populações mais vulneráveis do país.”
Metodologia e tecnologia inovadora do GeoRisk
Com a geração antecipada das previsões de risco de deslizamentos geradas pelo GeoRisk, é possível emitir alertas de deslizamentos de terra em até 72 horas de antecedência (sem essa ferramenta, a previsão era de 24 horas).
O GeoRisk utiliza dados de diferentes modelos meteorológicos, informações ambientais e históricos de desastres para fornecer previsões de risco em cinco níveis (muito baixo, baixo, moderado, alto, muito alto). A combinação de múltiplos modelos de previsões numéricas de tempo e o uso de "limiares críticos de precipitação" constitui uma abordagem complexa e pouco aplicada globalmente, o que determina o caráter inovador do sistema. Dados de várias fontes, incluindo pesquisas científicas conduzidas no próprio Cemaden, além de parcerias e análises estatísticas, também são considerados, visando gerar um índice de risco mais preciso e confiável.
Desde o início dos testes, foi possível detectar 90% dos principais desastres relacionados a deslizamentos de terra, com exceção daqueles que foram derivados de chuvas muito localizadas e imprevisíveis por qualquer modelo de previsão numérica de tempo.
Desenvolvido desde 2019, o sistema GeoRisk se destaca pela capacidade de fornecer previsões com até três dias de antecedência, o que aumenta a taxa de detecção de desastres e a precisão dos alertas de risco de deslizamentos.
O GeoRisk é calibrado para oferecer resultados tanto em nível regional quanto municipal. Atualmente, o Cemaden monitora 1.133 municípios, dos quais 1.083 já possuem limiares de risco específicos identificados. Para os demais municípios, o Cemaden adota um limiar padrão de 250 mm de precipitação para o limiar de risco de deslizamentos.
Capacidade de previsão
O GeoRisk é capaz de gerar previsões mais precisas e antecipadas sobre riscos de deslizamentos de terra, utilizando modelos numéricos de previsão meteorológica, dados históricos de chuva e limiares críticos de precipitação previamente definidos. Isso garante análises robustas e confiáveis, oferecendo suporte mais eficiente às autoridades na elaboração de alertas para a população.
Entre os resultados do novo sistema, destaca-se um aumento de 13% na taxa de detecção de ocorrências de deslizamentos e de 15% na taxa de acerto das análises de risco, quando comparado com os métodos tradicionais. Esses índices melhorados refletem a maior precisão e efetividade do GeoRisk na identificação de riscos e na elaboração de alertas mais confiáveis. O sistema GeoRisk consegue, de forma automática, um desempenho equivalente, ou superior, ao das previsões feitas pela equipe da Sala de Situação de maneira tradicional.
A destreza do sistema foi avaliada e aprimorada nos últimos três verões, comparando os resultados do índice de risco com ocorrências registradas, aliadas a técnicas estatísticas e de calibração, incluindo testes preliminares por machine learning. Atualmente, o sistema utiliza entre 15 e 25 previsões meteorológicas diferentes, providas por diversos modelos numéricos, as quais foram calibradas individualmente.
Perspectivas de implementação do sistema GeoRisk
“Aliado ao conhecimento, experiência e competência dos especialistas da Sala de Situação do Cemaden, espera-se que, no futuro imediato, a implementação do GeoRisk possibilite o envio de alertas ainda mais precisos e antecipados para os municípios monitorados, oferecendo uma previsão de risco de deslizamentos para todas as regiões do Brasil”, afirma Pedro Camarinha, coordenador do projeto. “Trata-se de um sistema totalmente inovador que, muito provavelmente, irá determinar um marco histórico no difícil processo de proteger as vidas humanas em situações de deslizamentos de terra.”, finaliza o pesquisador do Cemaden.
Para a ministra do MCTI, “o lançamento do GeoRisk comprova que o Cemaden é muito mais do que uma instituição de caráter operacional. O Cemaden é uma instituição de pesquisa que combina avanços no nosso desenvolvimento científico com o lado operacional. E isso é fruto do trabalho de uma equipe multidisciplinar e altamente qualificada”.
Instituições presentes no evento
O evento de lançamento do GeoRisk também contou a presença de Jeferson Cheriegate, Presidente do Parque de Inovação Tecnológica (PIT)- de São José dos Campos; de Carlos Nobre, climatologista,pesquisador da USP, ex-diretor do Cemaden e idealizador da criação do Centro; de Fábio Borges de Oliveira, diretor do LNCC/MCTI; Alberto Rodriguez Ardila, vice-diretor do LNA/MCTI; Clézio De Nardin, diretor do INPE/MCTI; Juliana Daguana, diretora do CTI Renato ArcherMCTI; Wilson Aparecido Parejo, diretor do CNEN/MCTI; Marcio Rangel, diretor do MAST/MCTI; da Major Michele César, diretora da Divisão de Resposta da Defesa Civil do Estado de SP; do professor e diretor da Unesp, César Rogério Pucci; Ivone Batista, diretora de Geociências do IBGE; Fernando Moraes Santos, presidente do Sindicato ds Servidores Públicos Federais da área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial; José Benedito da Silva, Chefe da Defesa Civil de São José dos Campos; representantes instituições públicas e privadas, Defesas Civis e representantes das prefeituras da região.
O evento de lançamento e a explicação sobre GeoRisk foi transmitido pelo Canal YouTube Reunião de Impactos do Cemaden e está disponibilizado na íntegra pelo link :
https://www.youtube.com/watch?v=3huXSEXnX_E
Fonte: Ascom/Cemaden (M.R.O.)

- Abertura do evento de lançamento do GeoRisk, feito pela diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá (Foto MRO-Ascom/Cemaden)

- Lançamento do GeoRisk- apresentação do coordenador-geral do Cemaden, Marcelo Seluchi e do coordenador do projeto, pesquisador e especialista em geodinâmica, Pedro Camarinha(Foto MRO-Ascom-Cemaden)

- Lançamento do GeoRisk -Pesquisador do Cemaden, Pedro Camarinha apresenta a metodologia e o sistema de previsão de risco de deslizamentos de terra (Foto Rodrigo Cabral- Ascom-MCTI

- GeoRisk – Pesquisador do Cemaden, Pedro Camarinha, faz a apresentação do sistema de previsão de deslizamentos de terra, mostrando as instituições parceiras que fornecem os dados e informações para o sistema GeoRisk (Foto:Rodrigo Cabral- Ascom-MCTI)

- GeoRisk - Pedro Camarinha (à direita) apresenta a equipe de pesquisadores do Cemaden que desenvolveram o sistema de previsão de risco de deslizamentos de terra (GeoRisk)(Foto Rodrigo Cabral-Ascom--MCTI)

- Lançamento do GeoRisk -Auditório do Cemaden(Foto Rodrigo Cabral-Ascom-MCTI)

- Auditório do Cemaden no lançamento do sistema de previsão de deslizamentos de terra (GeoRisk) com a presença da ministra do MCTI, Luciana Santos.(Foto Rodrigo Cabral-Ascom-MCTI)

- GeoRisk- Auditório do Cemaden no lançamento do GeoRisk- sistema de previsão de deslizamentos de terra (Foto M.Andrade-Cemaden)

- Sala de Situação do Cemaden - Da esq. para a dir.: Fabio Borges de Oliveira, diretor do LNCC; Alberto Rodriguez Ardila, vice-diretor do LNA; Clézio De Nardin, diretor do INPE; Juliana Daguana, diretora do CTI Renato Archer; Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden; Luciana Santos, ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação; Jader Barbalho Filho, ministro de Cidades; Regina Alvalá, diretora do Cemaden; Wilson Aparecido Parejo, diretor do CNEN; Marcio Rangel, diretor do MAST(Foto :Rodrigo Cabral- Ascom-MCTI)


