Notícias
Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 04/12/2025 Ano 11 Nº 111
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de novembro de 2025, e projeções hidrológicas de dezembro de 2025 a março de 2026. Em novembro, os reservatórios do Sistema encerraram o mês com 21% do volume útil, situando-se na faixa de operação "Restrição" (entre 20% e 30%)[1]. O volume atual é 2% inferior ao registrado no final de outubro e segue abaixo do observado no mesmo período de 2024 (45%), configurando o menor patamar desde a crise hídrica de 2014/2015. Durante o mês de novembro, a precipitação acumulada foi de 74% da média, enquanto a vazão afluente ficou em torno de 53% da média para o período. Esses resultados evidenciam a persistência de um déficit hídrico, conforme indicado pelo Índice de Seca Bivariado Precipitação–Vazão (TSI), que enquadra o Sistema em condição de seca hidrológica de intensidade entre extrema e moderada nas escalas de 6 e 12 meses, respectivamente. As projeções hidrológicas (Tabela 01) indicam que o volume útil estimado nos reservatórios para o final de março é de 54%, classificando o Sistema Cantareira na faixa de operação “Atenção” (40% a 60%). Cenários com chuvas abaixo da média sugerem um agravamento da situação: com reduções de 25% e 50% na precipitação, os volumes projetados seriam de 35% e 20%, enquadrando o Sistema Cantareira nas faixas “Alerta” (30% a 40%) e “Restrição” (20% a 30%), respectivamente[2]. Adicionalmente, mesmo com chuvas dentro da média histórica, as simulações indicam que a vazão afluente média entre dezembro de 2025 e março de 2026 seria de aproximadamente 54 m³/s, ou 93% da média histórica, evidenciando um déficit contínuo nas vazões.

- Tabela 01. Projeções de vazões médias entre o período de dezembro de 2025 a março de 2026 e volume armazenado no final de março de 2026, considerando cinco cenários de precipitação: 50% e 25% abaixo da média histórica, na média histórica e 25% acima da média histórica e cenário crítico. As faixas de operação do reservatório estão de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925/2017. Nessas simulações, foram considerados aportes de 7,60 m3/s (dezembro/25) e 5,13 m3/s (janeiro a março/2026) proveniente da interligação do Sistema Paraíba do Sul para Sistema Cantareira, de acordo com a Resolução conjunta ANA 1.931/17 e demais normas legais vigentes.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017.
[2] Ressalta-se que as projeções podem ser modificadas de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia Paraíba do Sul, bem como extrações do Sistema a serem praticadas pelo Operador, nos próximos meses
Situação hidrológica atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses chuvosos de 2025, entre outubro e novembro, foi 224 mm, representando 81% da média do período (277 mm) e 20% da média histórica da estação chuvosa (outubro-março, 1119 mm). No mês de novembro, segundo mês chuvoso na região, a precipitação acumulada foi 110 mm, equivalente a 74% da média histórica para este mês (150 mm) .
A vazão média afluente aos reservatórios entre outubro e novembro, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4], foi de, aproximadamente, 15 m3/s. Esse valor corresponde a cerca de 50% da média histórica desse período (30 m³/s), evidenciando um quadro de déficit hídrico, e representa cerca de 30% da média da estação chuvosa (49 m³/s). No mês de novembro, a vazão média afluente registrada foi de 17 m3/s, o que representa cerca de 53% da média mensal histórica (32 m3/s). Neste mesmo mês, a Qesi atingiu 26 m3/s, enquanto a vazão de jusante (Qjus), que contribui com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Região do PCJ), ficou em torno de 7 m³/s. Somadas, essas duas vazões resultaram em uma extração total de 33 m³/s do Sistema Cantareira, o que representa uma redução de 5 m³/s em relação ao mês anterior.
O Sistema Cantareira encontra-se classificado em seca hidrológica com intensidade variando entre extrema e moderada, de acordo com o Índice de Seca Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses, respectivamente (Figura 1). A condição de seca hidrológica na região manteve-se estável em relação ao mês anterior, em ambas as escalas de análise. Embora a classificação tenha permanecido inalterada, o valor numérico do TSI registrou um leve decréscimo, sugerindo um discreto agravamento nas condições hidrológicas.
O Sistema operou no dia 30 de novembro de 2025 com 21% do volume útil total, na faixa de operação “Restrição” (nível de armazenamento entre 20% e 30%), de acordo com o estabelecido pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017. O volume atual representa uma queda de 2% comparativamente ao final do mês anterior, período em que o Sistema também operava na faixa de “Restrição”. Adicionalmente, o volume atual é inferior ao observado no mesmo período de 2024, quando se registrava 45% do volume útil total, enquadrando-se na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%). Ressalta-se que, desde outubro de 2025, o Sistema Cantareira atingiu seu menor patamar desde a crise hídrica de 2014/2015.

[1] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[2] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A quadra chuvosa na bacia de captação do Sistema Cantareira encontra-se virtualmente iniciada desde os primeiros dias de novembro. Para os próximos sete dias (Figura 2a), as previsões do modelo GEFS/NOAA (resolução de 50 × 50 km) indicam precipitações predominantemente em forma de pancadas no período vespertino, com volumes totais provavelmente abaixo da média histórica. Para a segunda semana (Figura 2b), espera-se a manutenção do padrão de chuvas, porém com acumulados próximos à média. Dessa forma, o mês de dezembro tende a apresentar precipitações variando de próximas ou ligeiramente abaixo da média histórica.

- Figura 2. Previsão de precipitação acumulada em milímetros (mm) nos próximos 7 (a) e 14 (b) dias para a bacia de captação do Sistema Cantareira, segundo a previsão do modelo numérico GENS/NOAA. A área da bacia de captação do Sistema Cantareira é indicada no centro da figura com linha preta espessa.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 3 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (02 a 11 de dezembro de 2025) e, a partir do dia 12 de dezembro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2024), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (dez/2013 a mar/2014). As simulações indicam que, para os meses entre dezembro de 2025 e março de 2026, no cenário de chuvas na média histórica, a vazão afluente média seria da ordem de 54 m³/s, correspondendo a 93% da média histórica. Com precipitações 25% e 50% abaixo da média, as vazões projetadas são de 33 m³/s (57%) e 18 m³/s (30%), respectivamente. No cenário crítico, o modelo aponta vazão média de 16 m³/s (28%). Em contrapartida, para um cenário otimista, com chuvas 25% acima da média, a vazão estimada é de 77 m³/s (131%). Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.

Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 4 apresenta as projeções de volume útil armazenado no Sistema Cantareira, considerando: (i) as previsões e projeções de vazão afluente; (ii) a vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q_esi), conforme as regras condicionais da Resolução Conjunta ANA/DAEE nº 925/2017 (valores médios entre faixas); (iii) aporte médio de 7,60 m³/s e 5,13 m³/s, provenientes da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, nos períodos de dezembro de 2025 e de janeiro a março de 2026, respectivamente, em conformidade com a Resolução Conjunta ANA nº 1.931/2017 e demais normas legais vigentes; (iv) vazões defluentes (Q_jusante) para os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), de 4,9 m³/s na estação chuvosa e 9,4 m³/s na seca, com base nas médias de 2023/2024.
Em um cenário de precipitação na média histórica, as projeções indicam que os reservatórios do Sistema Cantareira estarão ao final de março de 2026, na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%), com 54% do volume útil. Com reduções de 25% e 50% na precipitação, os volumes projetados seriam de 35% e 20%, enquadrando o Sistema Cantareira nas faixas “Alerta” (armazenamento entre 30% e 40%) e “Restrição” (armazenamento entre 20% e 30%), respectivamente. No cenário crítico, o volume estimado é de 21%, também na faixa de “Restrição”. Em contrapartida, em um cenário mais favorável, com chuvas 25% acima da média, os reservatórios alcançariam 74% da capacidade total, retornando para a faixa de operação “Normal” (armazenamento superior a 60%) [5].

[5] É importante destacar que, as projeções podem ser modificadas de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.