RiSAF - RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR DEZ./23

SEVERIDADE DA SECA PARA AGRICULTURA

De acordo com o calendário de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para as culturas de feijão e milho, dezenove estados encontram-se com calendário de plantio vigente, conforme destacado na tabela abaixo (Figura 1).

As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias  moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período que ocorre o déficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.

Assim, referente ao mês de dezembro, a região Sudeste apresentou 101 municípios com condição de seca extrema, sendo 63 deles no estado de São Paulo e 32 em Minas Gerais; 1.074 com condição severa, 598 em Minas Gerais e 425 em São Paulo; e por fim 398 com condição de seca moderada, sendo, 180 no  estado de Minas Gerais e 143 no estado de São Paulo. 

Na região Centro-Oeste, 37 municípios apresentaram condição de seca extrema em dezembro, sendo 33 deles no estado de Goiás. Outros 204 municípios apresentaram condição de seca severa e 140 municípios em condição de seca moderada no mês de dezembro, sendo a maioria deles distribuídos nos estados do Mato Grosso e Goiás. 

Na região Norte, por sua vez, 13 municípios apresentaram condição de seca extrema, 137 municípios com condição de seca severa e outros 108 municípios com condição de seca moderada. Destes números o estado do Tocantins apresentou 10 municípios com condição de seca extrema, 77 municípios com condição de seca severa e 48 municípios com condição de seca moderada. 

Na região Nordeste, 40 municípios apresentaram condição de seca severa, distribuídos pelas estados da Bahia (22), Piauí (10) e o Maranhão (8). Os mesmo estados apresentaram, respectivamente, 164, 45 e 61 municípios com condição de seca moderada para o mês de dezembro.

Por fim, em relação a região Sul, para o mês de novembro, apresentou 1 município com condição de seca severa e 116 municípios com condição de seca moderada. 

Figura 1 – Severidade da seca (IIS1) referente ao mês de outubro considerando apenas os estados com calendário vigente.

O monitoramento da severidade da seca no contexto da agricultura familiar é realizado por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), tal índice combina informações sobre o déficit de precipitação na escala de um mês (SPI1), umidade do solo (anomalia da umidade do solo considerando um metro de profundidade) e o índice de saúde da vegetação (VHI), que combina dados de temperatura e condição do vigor vegetativo. A partir do IIS é possível inferir áreas com maior potencial de impactos em razão da seca. As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias  moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período do deficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.

RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR

O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.

As Figuras 2, 3 e 4 mostram, respectivamente, o risco de seca para o plantio realizado nos meses de dezembro/23, novembro/23 e outubro/23. Para o plantio realizado no mês de dezembro (Figura 2), 54 municípios apresentaram risco em relação a seca muito alto, 28 na região Sudeste, 10 na região Norte, 9 na região Centro-Oeste e 7 na região Nordeste.  As regiões Sudeste, Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul apresentaram respectivamente 284, 151, 82, 63 e 1 municípios com risco à seca alto para o plantio em dezembro. Por fim, outros 1.366 municípios apresentaram risco moderado, sendo 955 deles na região Sudeste.

Considerando o plantio em novembro (Figura 3), 41 municípios apresentaram risco muito alto, distribuídos entre as regiões Nordeste (3), Sudeste (23), Centro-Oeste (6) e Norte (9). Além disso, outros 448 municípios apresentaram risco alto, sendo 209 na região Sudeste, 113 deles na região Nordeste, 82 na região Norte e 44 na região Centro-Oeste. Por fim, 1.091 municípios apresentaram risco moderado para o plantio realizado no mês de novembro, todos eles distribuídos nas regiões Sudeste (708, Centro-Oeste (187), Norte (111), Nordeste (83), e Sul (1).

Para os municípios que iniciaram o plantio no mês de outubro (Figura 4), e, portanto, encerraram o seu ciclo no mês de dezembro. Apenas as regiões Nordeste (12), Sudeste (7) e Nordeste (3) apresentaram risco muito alto, um total de 22 municípios. Outros 429 municípios apresentaram risco alto, sendo eles divididos nas regiões Nordeste (154), Norte (111), Sudeste (128) e Centro-Oeste (36). Além disso, outros 485 municípios apresentaram risco moderado, sendo 152 na região Sudeste, 114 na região Norte, 113 na região Centro-Oeste e 106 na região Nordeste.

Figura 2 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Nov/23.

Figura 3 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio:Out/23.

Figura 4 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Set/23.

O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.

IMPACTO DA SECA NA AGRICULTURA

O impacto da seca na agricultura considera o boletim da CONAB e traz os destaques para o plantio de grãos no geral, possibilitando a comparação de estimativa de safra inicial e do mês corrente, panorama e as principais comodities. 

Na primeira estimativa de outubro de 2023 para a safra de grãos 2023/24 previa-se uma produção total de 317,5 milhões de toneladas. A estimativa da safra divulgada em janeiro de 2024 indica a produção de 306,4 milhões de toneladas, comparativamente à primeira estimativa, observa-se diminuição de 3,5% ou 11 milhões de toneladas.

A Tabela 1 indica os estados, as culturas impactadas e a variação da produção estadual divulgada em janeiro de 2024 comparado com a primeira estimativa (outubro 2023). Além da seca, outros fatores como a diminuição ou o aumento da área semeada, migração para culturas mais rentáveis e a infestação de pragas podem influenciar na variação na produção.

Tabela 1 - Culturas impactadas pela seca nos estados e variação total da produção divulgada em janeiro de 2024 comparado a primeira estimativa de outubro 2023. As culturas consideram a produção total (Fonte: CONAB).

A seguir são apresentados os principais destaques em relação à produção agrícola nos estados com registro de impacto:

Bahia: As restrições hídricas e altas temperaturas, especialmente nas regiões produtoras do centro-sul e centro-norte do estado, estão impedindo o cultivo do feijão-comum e caupi, levando à expectativa de redução na área destinada ao plantio.

Goiás: Os reservatórios, abastecidos por pivôs ou tabuleiros, estão atualmente cheios, mas a falta de chuva pode torná-los insuficientes para o cultivo ideal do arroz. Quanto ao milho, observou-se uma redução na área destinada à primeira safra em algumas regiões devido à desistência de plantio causada pelo atraso das chuvas.

Mato Grosso: A irregularidade das chuvas está prejudicando o desenvolvimento das lavouras de arroz, atrasando a semeadura, que alcançou apenas 73,1% da área planejada na época do levantamento. Já o feijão-caupi sofre com uma evolução vegetativa insatisfatória devido a longos períodos sem chuvas significativas e altas temperaturas.

Rondônia: A combinação de estiagem prolongada, altas temperaturas e falta de água nas regiões de plantio tem tornado inviável a implantação e o desenvolvimento da cultura do arroz no estado.

Tocantins: a cultura do arroz está sendo afetada pelo clima seco e altas temperaturas, retardando o crescimento das plantas além de complicar os manejos culturais, o que pode levar ao surgimento de ervas daninhas e doenças. Paralelamente, o feijão-caupi enfrenta condições ainda mais adversas, com estiagens prolongadas e calor intenso, impactando negativamente a produtividade dessas lavouras.

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