RiSAF - RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR ABR./23

SEVERIDADE DA SECA PARA AGRICULTURA

De acordo com o calendário de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para as culturas de feijão e milho, vinte estados encontram-se com calendário de plantio vigente, conforme destacado na tabela abaixo (Figura 1).

As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias  moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período que ocorre o déficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.

Figura 1 – Severidade da seca referente ao mês de março considerando apenas os estados com calendário vigente.

O monitoramento da severidade da seca no contexto da agricultura familiar é realizado por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), tal índice combina informações sobre o déficit de precipitação na escala de um mês (SPI1), umidade do solo (anomalia da umidade do solo considerando um metro de profundidade) e o índice de saúde da vegetação (VHI), que combina dados de temperatura e condição do vigor vegetativo. A partir do IIS é possível inferir áreas com maior potencial de impactos em razão da seca. As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias  moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período do deficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.

RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR

Figura 2 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Abr/23.

Figura 3 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Mar/23.

Figura 4 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Fev/23.

IMPACTO DA SECA NA AGRICULTURA

O impacto da seca na agricultura considera o boletim da CONAB e traz os destaques para o plantio de grãos no geral, possibilitando a comparação de estimativa de safra inicial e do mês corrente, panorama geral e as principais comodities.

Na primeira estimativa de outubro de 2022 para a safra de grãos 2022/23 previa-se uma produção total de 312,4 milhões de toneladas. A estimativa atual indica a produção de 313,8 milhões de toneladas, comparativamente à primeira estimativa, observa-se aumento de 0,5%.

Apesar do aumento no volume de produção, alguns estados relataram impactos devido ao déficit hídrico. A Tabela 1 indica os estados, as culturas impactadas e a variação da produção estadual estimada em março comparado com a primeira estimativa. Além da seca, outros fatores como a diminuição ou o aumento da área semeada, migração para culturas mais rentáveis e a infestação de pragas podem influenciar na variação na produção.

Tabela 1 - Culturas impactadas pela seca nos estados e variação total da produção estimada em abril 2023 comparado a primeira estimativa de outubro 2022. As culturas consideram a produção total (Fonte: CONAB).

A seguir são apresentados os principais destaques em relação à produção agrícola nos estados com registro de impacto:

Bahia: a falta de chuvas nas últimas semanas que pode levar a restrições hídricas está afetando as lavouras de feijão-caupi . Embora essa cultura seja mais tolerante à baixa umidade do solo, se essa situação persistir durante as fases mais críticas da fenologia, o potencial produtivo pode ser afetado.

Pernambuco : os índices pluviométricos registrados abaixo do esperado em abril não forneceram as condições ideais de umidade no solo, o que resultou no atraso da semeadura do milho . Durante a avaliação, foi observado que em cerca de 80% das propriedades visitadas, os agricultores estavam aguardando melhores índices de chuva.

Rio Grande do Norte: no último mês, o plantio da cultura do feijão-caupi foi concluído no estado. No entanto, em algumas regiões, a escassez de chuvas desencorajou os agricultores a cultivarem, o que resultou em uma redução na expectativa da área total semeada.

Rio Grande do Sul: na região Central, embora tenha havido um atraso na colheita do arroz , esta está chegando ao fim, e apesar dos níveis dos reservatórios estarem baixos, a qualidade dos grãos é boa e a produtividade é um pouco melhor em relação à safra passada. A seca que afetou a região reduziu a produtividade da cultura, mas ainda é considerada satisfatória dado às circunstâncias. Já na região sul, a colheita do milho está atrasada, mas já ultrapassou a marca de 60%. No entanto, a seca afetou ainda mais a produtividade, o que é agravado pelo fato de a região já apresentar um potencial produtivo menor em comparação com as outras regiões do estado.

Tocantins: as baixas precipitações registradas nos últimos dias estão afetando as lavouras de milho que se encontram em fase de desenvolvimento vegetativo e floração. Os sinais de déficit hídrico estão se tornando evidentes, especialmente em áreas de cascalho e solos arenosos.

O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.

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